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Câmbio – Downgrade, Fed, Politica, O Que Falta Dizer Seriamente?

Publicado 18.12.2015, 12:22

Sobre o cenário Politico não resta para já mais nada a dizer, senão que contínua caótico.

O ajuste fiscal parece que começa a ter alguma definição, 0,5% ou 0,7% de superavit primário, apesar de achar que deveria ser maior (pelo menos 1,2%) para ter alguma margem de manobra, tenho alguma dificuldade de analisar qualquer meta nas casas das décimas, apesar que se tratando de grandes números uma décima representa um valor significativo, mas também se torna mais difícil a obtenção da meta.

Quem já teve a oportunidade de gerir um orçamento anual, sabe bem como é difícil de se atingir metas nas casas das décimas e ainda por cima se forem valores grandes.

A probabilidade de erro é muito mais elevada quando não há grande margem de manobra ou nenhuma. Espero que a fixação da meta não vá abaixo dos 0,5% e que seja para cumprir, de preferência por excesso, podendo no decorrer do ano e na execução orçamental possa ficar acima dos 0,5%. Acho difícil que isso vá acontecer, não pela sua impossibilidade mas por falta de vontade politica. o mais verossímil é que seja abaixo dos 0,5%.

A economia está em receção forte que vai continuar em 2016 e muito provavelmente só começará a recuperar em 2017. Apesar da diminuição pontual da taxa de desemprego, não pode ser considerado como tendência, a tendência ainda é de alta, a que ritmo é que não consigo projetar.

A inflação vai manter-se alta assim como a taxa de juros com viés não definido de alta. O rendimento disponível e o investimento em queda, situação normal para uma economia com alta taxa de inflação, juros altos e economia em receção conjugado com a falta de confiança num governo descredibilizado e fragilizado.

O mais que previsto Downgrade da Fitch já aconteceu e o da Moody´s pode ser a qualquer momento, mas vai acontecer, afetando os fundos investidos no Brasil que exigem duas ou pelo menos uma notação de bom pagador por parte das três principais agências de rating.

Aqui gostaria de poder estimar os fundos e os montantes que estão sujeitos a essas regras para poder ter uma estimativa da saída obrigatória desses fundos mas não consigo.

Pelo que tenho lido até agora por profissionais da área, só aponta os riscos e as consequências, mas não contabilizam ou projetam os seus montantes. Devo dizer que me custa fazer qualquer avaliação sem números e acho difícil fazer estas observações com credibilidade sem valorar seu impacto ou pelo menos ter a coragem de tentar.

O FED subiu as taxas, e daí, já estava mais que previsto essa subida de 0,25 pp, com viés de subida não implícito, mas deverá ser muito gradual se houver margem para isso, a economia americana não está tão consolidada como parece, vejam os números macroeconómicos.

Alguns dos principais eventos já aconteceram ou estão para acontecer, o Downgrade pela S&P e Fitch já é um fato e Moody´s ainda não o fez, mas pode ser assumido já como efetivo.
Pelo menos esses fundos já devem tomar como facto consumado, a subida da taxa de juro americana de 0,25 pp também já é um fato, o ajuste fiscal deve ficar nos 0,5% conforme LDO, a economia em 2016 já não restam dúvidas quanto ao desempenho, falta saber o quanto irá cair, não consigo projetar qualquer valor, penso que será menor que 2015, a inflação deve aliviar de forma lenta, mas depende também da taxa Selic e o quanto a retração da economia irá sofrer, no entanto não podemos esquecer a influencia do cambio nesta equação.

Sobre a inflação é importante dizer, que entre a adoção de medidas de combate a inflação e o seu alívio existe um espaço de tempo para que isso aconteça (pass-through e inflação de arrasto). Pelo fato da demora da redução da inflação é de prever que a taxa Selic suba 0,25 pp ou até mesmo 0,50 pp com tendência de subida.

Em relação ao câmbio, custa-me associar o seu valor aos fundamentos económicos, que a maioria dos profissionais alude mas não justificam cabalmente, associo isto sim a necessidade de controlo da inflação e concebo a sua desvalorização moderada e gradual por força da redução do esforço do BC, estabelecendo bandas cambiais de R4,00 mais ou menos 5 pp, no início de 2016 podendo atingir R$4,50 mais ou menos 5 pp no final do ano. Esta projeção não contabiliza como é óbvio eventos não previsíveis e outros de difícil contabilização.

É uma mera projeção que deve ser dado o seu valor relativo e não mais do que isso, e muito menos para qualquer tipo de planeamento de investimento.

O dólar pode até chegar a R5,00, mas não vejo qualquer fundamento, a não ser meramente especulativo ou com interesses próprios embutidos, pois neste momento o que está em causa principalmente é o controlo da inflação e capacidade do BC nesse esforço.

Resta-nos agora acompanhar a reação do mercado a estes fatos e ver como se vão comportar, visto que já começa a ser claro e efetivo algumas das “incertezas” se é que realmente o eram. Acompanhar especialmente o cambio e a bolsa e claro os dados macroeconómicos de 2016.

Deixo desde já os meus votos de Feliz Natal e Feliz ano novo e bons negócios para 2016.

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