“Sou muito bom a prever o passado, bom a prever o presente e muito ruim a prever o futuro”
Em primeiro lugar gostaria de dizer que respeito todas as opiniões e publicações, ao qual tenho acesso.
É certo que a instabilidade política e o cenário macroeconómico não dos melhores, mas no passado o Brasil já passou por diversas crises tendo conseguido supera-las. Em algumas com cenários muito mais complicados e adversos que o atual.
Encontra-se na Câmara diversos assuntos pendentes que afetam fortemente o cenário económico para 2016 e não só. Do desfecho destes assuntos, como por exemplo os vetos, podemos começar a vislumbrar qual será a estratégia econômica possível que vai ser seguida, se é do equilíbrio das contas públicas, do ajuste fiscal, tão necessário neste momento.
Volta a ter nesta equação a possível volta da CPMF e de outros aumentos de impostos, não tenho defendido o ajuste fiscal pelo lado do aumento de impostos e sim pelo corte da despesa, mas quer seja pelo lado da receita ou quer pelo lado despesa, o ajuste tem de ser feito.
Perante tantas incertezas neste momento, não me atrevo a fazer qualquer projeção, porque se por um lado o cenário político e económico está tão nebuloso, por outro lado não me sinto com capacidade para tal.
O que posso afirmar é que o ano de 2016 será potencialmente um ano difícil, muitas incertezas ainda estão por dirimir, especialmente a nível político e económico, determinante para a definição a política econômica a ser seguida.
O que posso constatar é o obvio, descontrole das contas públicas, retração da economia (PIB), taxa de juros elevada, inflação alta, desemprego alto, enfim um conjunto de indicadores que mostram um cenário econômico ruim, mas não é o caos. Caos seria estarmos na bancarrota, o que falta muito, mas muito para isso acontecer e nem acredito que haja margem para tal.
O Fed já de há muito tempo que vem acenando com o possível aumento das taxas de juros dos EUA, em relação a esta situação não sei em que grau nos irá afetar e se o mercado já terá incorporado esta possibilidade de aumento. O que me parece é que o Fed está fazendo joguete, tentando prever qual será o impacto na sua economia e na economia mundial o aumento das taxas de juros, pois tenhamos atenção que UE não deve subir as suas taxas tão cedo, pois o cenário da Europa também não está bom, bem pelo contrário, está ruim e também os dados económicos dos EUA também não são dos melhores.
Este joguete do Fed, está a pôr o mundo inteiro na expectativa, e isso está a ter impactos nos mercados financeiros e por consequência no mercado cambial. Essa demora intencional está já a ser demasiadamente perturbadora, que já começo a pensar que esta situação é pior do que a efetivação do aumento das taxas de juros dos EUA, sempre tive aversão as indefinições, com factos consigo lidar, mas com incertezas é um tremendo inferno.
O propalado e famoso downgrade, poderá ser uma realidade ou será só uma mera possibilidade se não houver ajuste fiscal dentre outras medidas? Até ouso a dizer que gostaria que o Brasil fosse logo rebaixado só para ver o que aconteceria, mas como não estamos em tempo de experiencialismos, vamos ver é se o Brasil consegue pelo menos manter o selo de bom pagador.
Perante este cenário não consigo projetar e nem me atrevo a tal, pois acho que são demasiadas incertezas para fazer qualquer tipo de projeção, que ache séria e com fundamentos sólidos, desprovida de qualquer “tendência” pessoal.
Tenhamos calma e paciência, analisemos os eventos e suas consequências no presente, e tenhamos muita prudência em reação ao futuro, há demasiadas incertezas e condicionantes, para que se nos deixemos levar por análises por mais bem-intencionadas que sejam e tão desprovidas de fundamentos firmes em que a probabilidade de acerto pode ser muito reduzida.