Nas últimas semanas, não faltaram notícias relacionadas ao mercado. Porém, de todas elas, pelo menos até o momento, a que mais chama a atenção é a “quebra” das Americanas (BVMF:AMER3). Mesmo depois de alguns dias e de reportagens revelarem a presença dos sócios da 3G Capital no Brasil para a resolução da questão, o assunto segue no centro das atenções.
Durante a semana, por exemplo, diversas reportagens repercutiram falas e posicionamentos de importantes instituições financeiras do Brasil.
A Verde Asset, comandada por Luis Stuhlberger, divulgou uma carta na qual destacou ter sido vítima de fraude no caso da varejista. Nos cálculos da gestora, houve uma perda de cerca de 14 pontos base no valor das cotas por conta da exposição da carteira à companhia do trio da 3G.
O presidente do Itaú (BVMF:ITUB4), Milton Maluhy Filho, também falou sobre o problema durante uma apresentação para jornalistas sobre os resultados do banco, embora não tenha citado o nome das Americanas.
Já o presidente e fundador da BR Partners (BVMF:BRBI11), Ricardo Lacerda, foi mais enfático durante entrevista com a Folha de São Paulo. Segundo o executivo, “a empresa arquitetou uma fraude colossal, a maior da história do Brasil”.
Além disso, também tivemos uma matéria do Brazil Journal sobre a reestruturação de uma dívida da casa de R$200 milhões da Marisa (BVMF:AMAR3).
A minha intenção não é agir como juíza e declarar A ou B como culpado. O objetivo deste artigo é contextualizar os fatos e apresentar uma direção para o investidor, que de uma forma ou de outra, é o grande prejudicado nessas histórias todas.
Portanto, ao investir em ações e mesmo em fundos, algumas regras devem ser seguidas para evitar maiores problemas.
A primeira dica, portanto, é diversificar e pulverizar os recursos, seja você um investidor que executa as suas operações na tela do home broker ou faça isso via fundos.
No caso da diversificação, a ideia consiste em compor uma carteira com diferentes tipos de ativos e setores. Já a pulverização é, em outras palavras, uma distribuição dos recursos de forma mais aprofundada, sem grandes concentrações em A ou B.
Neste ponto, é importante dizer que isso deve ser feito de modo que fortes oscilações no valor das cotas ou das ações, especialmente de curto prazo, não afetem o patrimônio de forma considerável. Contudo, é preciso ter cuidado para não exagerar na dose e aumentar os custos dos investimentos de forma a prejudicar a rentabilidade.
No caso das ações, sabemos que é importante olhar para setores e companhias diferentes entre si. Observar o tamanho do passivo, o lucro e outros indicadores também deve fazer parte do processo.
A Análise Fundamentalista, por exemplo, recomenda que o processo de investimento deve seguir um estudo do balanço da empresa, olhando para indicadores como Preço Lucro, Preço/Valor Patrimonial, Dividend Yeld, Ebitda e ROI.
Ao olhar para os fundamentos, você provavelmente conseguirá identificar inconsistências financeiras, tema central deste artigo. Dívidas muito desproporcionais ao faturamento da companhia e lucros em queda não costumam ser um bom sinal.
Por outro lado, existem setores da economia que tendem a sofrer menos em tempos de crise. O varejo com certeza não é um deles visto a enorme dependência que este tipo de empresa tem de operações de crédito.
Os Barsi, por exemplo, utilizam um filtro para selecionar ações chamado BEST. Ele ajuda o investidor a olhar para negócios mais perenes, ou seja, aqueles que sofrem menos com oscilações na economia, como Bancos, Energia, Saneamento/Seguros e Telecom.
No caso dos fundos, a lógica da diversificação e da pulverização é bem parecida. Porém, em vez de olhar para setores, é preciso olhar para diferentes classes e pulverizar os recursos de modo que, como eu disse mais acima, a porcentagem investida não cause grandes impactos no patrimônio como um todo.
Exemplo disso é investir em três, quatro, cinco ou seis multimercados ao mesmo tempo em que também busca gestoras de ações e renda fixa. Ao dividir os recursos entre diferentes gestores (as), os riscos de sofrer perdas irreversíveis diminuem ainda mais.
No caso de Americanas, ouvimos casos de pessoas que perderam milhões de reais com as ações ou debêntures, seja direta ou indiretamente. Obviamente, não sabemos o tamanho do patrimônio de cada um que foi afetado, mas perder um volume grande de dinheiro não é o desejo de ninguém.
Sem dúvidas, a diversificação poderia ter ajudado neste e nos outros casos que eu mesma já compartilhei aqui com vocês.
Em última análise, é extremamente difícil descobrir uma fraude. As pessoas que vivem o dia a dia conectadas e acompanham o mundo online sabem que os golpes estão cada vez mais complexos.
E isso não é de hoje. Os exemplos de Bernie Madoff cujo golpe durou cerca de 30 anos e mesmo as Americanas nos mostram que às vezes os problemas partem de onde a gente menos espera.
A saída, sem dúvidas, é não deixar os recursos concentrados em apenas um lugar. Pense nisso!