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Criptomoedas: O que está acontecendo com as mineradoras?

Publicado 06.11.2022, 06:53
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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O setor de mineração de criptomoedas vem encontrando dificuldades acentuadas no atual contexto de mercado. Discorremos recentemente sobre o quanto há uma conjuntura de fatores específicos pressionando a operação das empresas do ramo. Em síntese, hashrate batendo sucessivas máximas históricas, assim como os ajustes na dificuldade de mineração, indicando um aumento no custo de produção por unidade de bitcoin minerado tendo em vista uma rede extremamente competitiva.

Com a maior demanda por poder computacional e gasto energético, o fato de vermos os preços de eletricidade na Europa e Estados Unidos disparando em razão do cenário geopolítico e macroeconômico contribuem ainda mais negativamente, e muitas vezes a manutenção operacional das empresas beira o inviável. Falta adicionar, ainda, o fato de que vivenciamos a menor recompensa da história em relação ao poder de hash empregado na rede por esses mineradores.

Em suma, a dinâmica final pode ser resumida em: custos e despesas de manutenção da operação extremamente altos em contraponto às baixíssimas receitas, gerando fortes impactos no mercado. Em 27 de outubro, vimos o primeiro grande player sentir o baque. A Core Scientific Inc (NASDAQ:CORZ) anunciou que seu Conselho decidiu não fazer os pagamentos com vencimento no final de outubro e início de novembro em relação a alguns financiamentos, reduzindo sua reserva de BTCs e aumentando a possibilidade de falência com dívidas que ultrapassam US$ 1 bilhão.

Dias depois, em 31 de outubro, a Argo Blockchain (NASDAQ:ARBK) anunciou que estava encontrando dificuldade de levantar capital de investidores estratégicos. A empresa busca angariar cerca de US$ 27 milhões por meio da subscrição de ações ordinárias e, dado o cenário, passou a explorar outras opções de financiamento, afirmando que precisaria cortar ou interromper as operações caso não conseguisse alcançar sua meta nos próximos 12 meses.

Por ora, a Argo vem tomando medidas a fim de preservar seu caixa e otimizar a liquidez, vendendo 3.843 equipamentos Bitmain S19J Pro por US$ 5,6 milhões. Antes disto, a empresa estava vendendo ativamente suas participações em bitcoin para cortar dívidas com a empresa de investimentos Galaxy Digital (TSX:GLXY).

Agora, a bola da vez é a Iris Energy (NASDAQ:IREN). Em um registro recente na SEC, a empresa disse que embora seja capaz de gerar US$ 2 milhões em lucro bruto mensal com as operações de mineração, os pagamentos mensais de sua dívida alcançam a casa de US$ 7 milhões, o que significa obviamente um déficit de US$ 5 milhões. As ações da Iris são negociadas na Nasdaq e caíram 15% após a divulgação dos dados.

Há o temor de que a Iris possa seguir o mesmo rumo da Core Scientific e da Argo. O vice-presidente de finanças corporativas da empresa, But Bom Shin, disse que a inadimplência está estruturada em três veículos de propósito específico (SPVs), que possuem um valor de mercado atual de aproximadamente US$ 65 milhões a US$ 70 milhões, ou seja, cerca de 35% abaixo do valor de seus principais empréstimos relevantes pendentes no fim de setembro, que totalizam US$ 104 milhões.

Atualmente, a empresa não espera efetuar o pagamento em 8 de novembro, o que significa que até 3.6 EH/s podem ser adicionados ao hashrate da rede Bitcoin, correspondendo a aproximadamente 1,5% da taxa global de hash. Em setembro, a Iris assinou um acordo para vender até US$ 100 milhões em ações para o banco de investimentos B. Riley nos próximos dois anos, conferindo uma participação de até 31% na mineradora. Ao final de outubro, a Iris e suas subsidiárias possuíam US$ 53 milhões em caixa. É importante frisar que as inadimplências da Iris estão ocorrendo em veículos de propósito específico, como dissemos, o que significa que não possuem garantia de uma empresa controladora. Frisa-se, também, que não há quaisquer outras dívidas detidas pela companhia.

Shin diz que a dívida está contida e que possui conversas bem encaixadas com seu credor para sustentar a operação, apesar de não explicitar publicamente quem ele seria. Disse, ainda, que está mantendo discussões em andamento também com seu fornecedor de equipamentos de mineração Bitmain.

O fato é que os sinais estavam na nossa frente, iminentes e perceptíveis de que iriam acontecer, com todos os dados apontando para a quebradeira do mercado de mineração. Batemos constantemente nesta tecla aqui no Hub do Investidor, e o contexto deve se manter até que todas as operações mal estruturadas capitulem.

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