Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Altas espetaculares, quedas terríveis
- Criptos carecem de identidade e perspectiva histórica
- Especuladores estão de fora
- Liquidez caiu – stablecoins não se mantiveram estáveis
- Potencial de maior volatilidade gera rompimentos falsos para cima e para baixo
O criptomercado tem apenas doze anos. Nesse período, as criptos foram ganhando popularidade, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Até o fim da semana passada, a capitalização de mercado de toda a classe de ativos girava em torno de US$1,235 trilhão. A Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), empresa de capital aberto mais valiosa do mundo, tinha um valor de mais de US$ 2,38 trilhões.
As criptos são meios de troca revolucionários, filhas da tecnologia blockchain e representantes da evolução da tecnologia financeira. Também são um movimento político, na medida em que tiram o controle da oferta monetária das mãos dos governos para devolvê-lo aos indivíduos, assumindo, portanto, ideais libertários.
Para tradicionalistas, elas são, como disse Charlie Munger recentemente, "uma ameaça à civilização". As emoções de ambos os lados estão acirradas e, em certo sentido, exacerbadas.
Além disso, a incrível valorização do Bitcoin, Ethereum e várias outras criptos criou um frenesi especulativo que atingiu seu auge em 10 de novembro de 2021, quando quebraram recordes.
A festa de alta acabou naquele dia, quando os dois líderes do mercado registraram padrões-chave de reversões baixistas nos gráficos diários e passaram a cair até as mínimas de 24 de janeiro de 2022.
Desde então, as moedas digitais estão mais próximas da mínima do que da máxima de meados de novembro. A classe de ativos está buscando uma identidade, com a liquidez secando nas últimas semanas.
A possibilidade de rompimentos falsos para cima e para baixo cresce no atual ambiente.
Altas espetaculares, quedas terríveis
Em 2021, quando o Bitcoin estava a caminho de quase US$ 70.000 por token, muitos analistas previram que a principal criptomoeda atingiria o nível de US$ 100.000 antes do final do ano passado. Eles estavam errados.
Fonte: Barchart
O gráfico de longo prazo mostra que o Bitcoin ficou sem fôlego para subir em novembro de 2021, mas não mostra a ação dos preços em 10 de novembro. Nesse dia, o Bitcoin e Ethereum alcançaram suas máximas recordes e fecharam abaixo das mínimas do dia anterior.
Os padrões-chave de reversão baixista ocasionaram vendas que fizeram as criptos com as maiores capitalizações de mercado entrarem em baixa desde o último mês de novembro. Na semana passada, o Bitcoin atingiu nova mínima em 2022 e o menor preço desde dezembro de 2020, quando alcançou US$ 25.919,52 por token.
Fonte: Barchart
O Ethereum atingiu a mínima de US$ 1.721,474 em 12 de maio, preço mais baixo para a segunda criptomoeda líder desde junho de 2021.
Criptos carecem de identidade e perspectiva histórica
Tudo levava a crer que as principais criptomoedas estavam indo para a lua no início de novembro de 2021. Em maio de 2022, estavam evaporando no abismo baixista. As projeções de US$ 100.000 no Bitcoin deram lugar a detratores como Charlie Munger e Warren Buffett.
Um dos maiores apoiadores das criptomoedas, o fundador do PayPal, Peter Thiel, chamou Warren Buffett de “inimigo número um do Bitcoin” e um “vovô sociopata de Omaha”.
Na última assembleia anual da Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa), em Omaha, Warren Buffett disse o seguinte: “Se vocês tivessem todo o Bitcoin do mundo e me oferecessem por US$ 25, eu não pegaria."
Warren Buffett não acredita que o Bitcoin ou qualquer outra criptomoeda seja um ativo produtivo. Em 2018, ele disse: “elas não vão acabar nada bem”. Seu sócio, Charlie Munger, prosseguiu, dizendo que as criptos: “são estúpidas e maléficas”. "Estúpidas" porque irão a “zero” e “maléficas” porque “minam o sistema do Federal Reserve”.
O debate é geracional, opondo o status quo do sistema financeiro à tecnologia financeira. A falta de uma longa história e de uma identidade fez com que a classe de ativos registrasse muita volatilidade, com fortes movimentos tanto na alta quanto na baixa. A capitalização do criptomercado subiu para US$ 3 trilhões no fim de 2021. Em 14 de maio, era de US$ 1,235 trilhão.
Especuladores estão de fora
Nada alimenta mais um mercado de alta como uma tendência ascendente. No mundo das criptomoedas, o movimento do Bitcoin de cinco centavos, em 2010, para quase US$ 69.000, em novembro de 2021, incentivou uma onda de compras especulativas.
A possibilidade de transformar US$ 100 em US$ 138 milhões é uma força poderosa e magnética. À medida que o preço subia, mais e mais compradores apareciam no Bitcoin, Ethereum e no número crescente de tokens, aumentando as chances de ganhar dinheiro fácil.
A reversão baixista de 10 de novembro de 2021 não deteve imediatamente o entusiasmo especulativo, e muitos participantes do mercado compraram as quedas iniciais dos preços. No entanto, a continuação de mínimas mais baixas e a falta de recuperações substanciais estouraram a bolha especulativa, pois a esperança de lucros incalculáveis se transformou em perdas significativas.
Enquanto as tendências de alta estimulam as compras especulativas, a trajetória de queda que faz com que os mercados caiam como facas afiadas, extinguindo o impulso ganancioso, transformando-o em medo e fazendo os especuladores ficarem de fora, lambendo suas feridas financeiras.
Liquidez caiu – stablecoins não se mantiveram estáveis
O recuo dos especuladores já havia causado a queda da liquidez nas criptos quando elas enfrentaram seu último desastre na semana passada. Uma stablecoin é uma criptomoeda com um preço lastreado em outro ativo, inclusive em uma moeda fiduciária ou em commodities negociadas em bolsa.
TerraUSD (UST) é uma stablecoin algorítmica descentralizada, que usa códigos complexos para criar novas moedas ou destruir moedas antigas para manter um preço estável em US$ 1. As stablecoins têm um token de governança, proporcionando estabilidade. A governança não estava funcionando bem na semana passada para a UST.
Fonte: CoinMarketCap
O gráfico destaca que, depois de manter seu valor próximo ao nível de US$ 1, de novembro de 2020 a 7 de maio de 2022, o UST se tornou uma faca em queda. No fim da semana passada, valia menos de 20 centavos. A stablecoin não era tão estável e causou um tsunami de medo em todo o criptomercado
Tether (USDT), outra stablecoin, manteve seu valor por enquanto, mas a tendência na maioria das outras mais de 19.400 criptomoedas tem sido de baixa.
Potencial de maior volatilidade gera rompimentos falsos para cima e para baixo
A falta de uma ação altista dos preços fez com que muitos especuladores deixassem o criptomercado. A menor quantidade de participantes provocou uma queda na liquidez, o que geralmente aumenta a volatilidade.
Com menos participação de mercado, as ordens de venda se evaporam durante ralis e as ofertas de compra desaparecem quando os preços caem, provocando lacunas e movimentos que violam níveis técnicos de suporte e resistência.
A queda da liquidez das criptomoedas aumentará a variação de preços nas próximas semanas e meses. A maior volatilidade aumenta o potencial de falsos rompimentos técnicos para cima e para baixo.
Quem previu que o Bitcoin alcançaria US$100.000 em 2021 estava redondamente enganado, assim como alguns que dizem que ele chegará a zero em 2022. O perfil de risco-retorno para as criptomoedas melhorou com os preços menores, mas qualquer investimento envolve a possibilidade de perda total.
O retorno vem com o risco, e a volatilidade também aumenta essa dinâmica.
Encare as criptos com extrema cautela, com a consciência de que cada centavo investido pode levar a grandes lucros, sem desconsiderar o risco de o ativo se tornar sem valor.