Começo nosso panorama semanal dando destaque para a agitada e importantíssima agenda econômica mundial e também para eventos dentro do ambiente cripto. Fatos esses que podem fazer com que nos próximos dias, tenhamos uma retomada de interesse nas negociações do mercado, com um possível direcional mais definido.
Na segunda-feira (12), esgotou-se o prazo judicial para a Binance.US e a Coinbase (NASDAQ:COIN), responderem às solicitações da SEC (sigla em inglês para a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), para uma ordem de restrição temporária e bloqueio dos ativos das exchanges, com ênfase para a Binance. A defesa da Binance criticou a moção de emergência da SEC, alegando que essa ordem traria um fechamento forçado para a BAM Trading Services INC., empresa que presta os serviços de negociação de criptoativos para a Binance.US.
Colocando assim a empresa fora da “disputa”, eliminando a possibilidade de defesa dentro da ação judicial e ainda acrescentaram que todas as alegações são controvérsias.
Já na terça-feira (13), tivemos a audiência correspondente a solicitação da SEC, a juíza que conduziu a sessão, instruiu que as instituições entrem em uma cooperação nesse sentido, para que não haja danos maiores aos investidores.
Ainda no dia 13, tivemos a divulgação dos documentos de um ex-diretor da SEC, Hinman, que em 2018, em um discurso teria declarado que os criptoativos como Bitcoin e Ethereum podem ter sido valores mobiliários nos seus estágios iniciais, mas com o avanço da descentralização, eles cada vez mais se tornaram parecidos com commodities. Após a divulgação dos documentos, houve uma especulação que uma adulteração pode ter sido feita nestes, para não colocar a SEC numa situação delicada. Obviamente esse caso também ainda terá muita repercussão e afeta diretamente o processo contra a Ripple e agora também contra a Binance.US e Coinbase.
Também na terça saíram os dados do CPI (índice de preços ao consumidor Americano), que acompanharam as expectativas dos analistas. Esse índice é um importante aliado a outras informações para medir o avanço ou recuo da inflação.
Enfim chegamos ao meio da semana e na quarta-feira, aqui no Brasil tivemos a assinatura por parte do Presidente da República, Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, decreto que sanciona a lei nº 14.478/22, que regulamenta o mercado de criptoativos no Brasil e coloca o Banco Central do Brasil como responsável regulador.
No cenário global, tivemos o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que anunciou a manutenção da taxa de juros entre 5% e 5,25%, após 10 altas consecutivas, desde março de 2022, é a primeira vez que a taxa é mantida. Ainda no discurso de Powell, foi possível notar que ainda há uma grande caminho para se percorrer até que as metas inflacionárias dos EUA cheguem a um patamar equilibrado, mas o anúncio já trouxe uma esperança e alívio para os mercados tradicionais que reagiram positivamente, porém o mercado cripto, fez um movimento inesperado, contrariando as expectativas com Bitcoin corrigindo algo na casa de 4,5% logo após o anúncio e no dia seguinte, voltando ao patamar anterior de preços, acima do suporte dos U$ 25.500,00.
Quinta-feira foi a vez de Christine Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu, fazer o seu pronunciamento a respeito da taxa de juros do bloco, que ao contrário dos EUA, subiu em 0,25%, saindo de 3,75% para 4%. Ela afirmou que as autoridades não estão satisfeitas com os dados de inflação e que o crescimento esperado para a zona do Euro no curto prazo é pequeno, mas que o empenho e a dedicação vai ser aumentada para o grande trabalho que ainda há por se fazer nessa batalha.
E na sexta-feira (16) foram divulgados os dados de IPC na Europa (índice de preços ao consumidor) e nos EUA os dados de confiança Michigan, importante índice de confiança do consumidor Americano, os dados vieram positivos em suas respectivas análises.
Mas afinal, o que todas essas informações de mercado tradicional têm a ver com o nosso os criptoativos? Pode parecer sem contexto para quem não está familiarizado com o atual momento de mercado, mas vivemos uma fase em que a presença institucional e de grandes players são cada vez mais intensas e é justamente a decisão e o racional de investimento deles, que geram as grandes movimentações de mercado. Obviamente que os fundamentos e as especulações por determinados projetos têm o seu peso, mas esse fato é determinante e de alta relevância, por isso, entender como o contexto macroeconômico está se desenrolando e quais os impactos deste no mercado cripto é tão fundamental.
Dito isso, analisando os dados que foram divulgados, podemos esperar em breve uma movimentação mais direcional, com incremento de volatilidade e aumento da capitalização de mercado. E não somente por esses drivers, mas porque por análises profundas dos dados on-chain, verifico que as baleias nesse último período de lateralização, vêm acumulando substancialmente principalmente Bitcoin e Ethereum, a medida que a volatilidade diminuiu no período. Período esse que vem sendo marcado por pequenas oscilações, bem característicos de períodos de acumulação, onde os pequenos “sustos” nas oscilações de preços, estão muito mais ligados à busca por liquidez, do que um catalisador específico e direcionado de mercado.
Estou confiante no nosso mercado, que exponencialmente cresce e não se abala com as turbulências, que mesmo em meio a tantos desafios, vem mostrando seu valor e ganhando cada vez mais espaço e adoção pelo mundo, com implementação massiva das tecnologias em diversas usabilidades, haja vista o grande movimento de CBDCs em diversos países, movimento esse que o Brasil se destaca na vanguarda e como grande celeiro para o fomento e incentivo a indústria cripto.