Em meados de 2019, quando eu fundei o Ella’s , o número de mulheres que investiam era bastante baixo. Felizmente, alguns anos depois, este cenário melhorou. Saímos de 388 mil para 1,2 milhão de investidoras na B3 (SA:B3SA3) em 2022, apesar de ainda representarmos pouco mais de 20% do total. Uma vitória, sim, mas com o reconhecimento de que ainda há muito a ser feito. Sobretudo, quando olhamos para modalidades alternativas como os criptoativos, uma modalidade que sem dúvidas tem ganhado cada vez mais espaço no mercado.
Nos últimos artigos, discorri um pouco sobre o que são e como funcionam os ativos no universo digital. Isto porque o tema - uma novidade para muitas pessoas - ainda gera muitas dúvidas.
Não poderia ser diferente. Um relatório elaborado pela Crypto Market Sizing revelou que no início de 2021, existiam pouco mais de 100 milhões de pessoas investindo em criptos, mas que ao fim do mesmo ano, em dezembro, a quantidade passava de 290 milhões no mundo todo.
Ou seja, trata-se de um mercado com um ritmo de crescimento muito grande e, naturalmente, é comum que as pessoas tenham dúvidas e dificuldades.
Contudo, quando olhamos para a participação de gênero, especialmente das mulheres, no mercado cripto, notamos que elas também ficam muito atrás dos homens. Uma pesquisa realizada pela gestora Hashdex mostra um pouco do que quero dizer.
Segundo o levantamento, ao olharmos todas as modalidades de investimentos, as mulheres representam cerca de 23% do total, mas quando olhamos o recorte das criptos, esta quantidade cai para aproximadamente 12%.
Ainda que a quantidade seja pequena, a média das brasileiras é maior que a do mundo, em torno de 5% segundo um levantamento da Mercado Bitcoin. Isto não exclui, porém, o fato de que elas precisam participar cada vez mais do mercado.
A explicação para isso é uma maior cautela por parte das investidoras em relação aos homens, que costumam ser mais agressivos nos investimentos.
Por outro lado, por serem mais conservadoras, elas acabam avaliando e estudando mais o ativo antes de tomar uma decisão, algo interessante de ser feito uma vez que o mercado de criptos é muito volátil e requer conhecimento por parte de quem investe.
Mas, acredito que não só por isso. Na pandemia, muitas mulheres precisaram abandonar seus empregos e carreiras para focar nos cuidados com a família.
Este, que sempre foi um problema quando o assunto é investimento, contribuiu para um cenário no qual as garotas simplesmente deixaram de ter dinheiro para guardar.
Sabemos que ainda há muito a ser feito. A questão é que não podemos parar! O “Relatório Global sobre Mulheres e Criptomoedas” nos ajuda a ter esperança.
Após ouvir 60 investidoras de criptomoedas em 31 países que passaram por algum tipo de dificuldade econômica, os pesquisadores constataram que muitas delas melhoraram suas condições de vida após começarem a se preocupar com a educação financeira e a investir na modalidade.
Sem dúvidas, formar patrimônio e organizar o próprio dinheiro é transformador. E, como venho dizendo desde 2019, nós também precisamos nos empoderar financeiramente! Pensem nisso!