Internet das coisas – tradução pouco charmosa de Internet of Things – é o nome dado às redes integrando dispositivos físicos. A formação dessa rede é uma tendência tecnológica, posto que ela traria maior eficiência no uso dos dados gerados por objetos cotidianos cuja informação se perde. Eletrodomésticos, por exemplo, possuem capacidade de gerar observações integráveis a outros dispositivos e organizações – sendo um caso supermercados – e isso ainda não ocorre ainda.
A internet das coisas é uma consequência da chamada computação ubíqua. Esse conceito em engenharia de software representa a capacidade de computação em situações e dispositivos que não são computadores, ou seja, máquinas diversas gerarem e processarem informação. Usos para essas tecnologias já existem, assim como pesquisa acadêmica, e, mais importante, já existem objetos inteligentes que podem se integrar à internet das coisas. O que falta nesse ecossistema e como criptoativos podem se integrar a eles?
Uma das principais críticas aos atuais approaches para a internet das coisas é a falta de padronização e de compatibilidade entre tecnologias. Uma rede descentralizada e pública devotada para a internet das coisas pode, se de fácil implementação e integração, disciplinar algumas das arestas ainda necessárias para a verdadeira emersão de aplicações cruzando grande número de fontes ubíquas. Essa plataforma pode ser feita por meio de um criptoativo que resolva o problema de escalabilidade das atuais blockchains.
A parte interessante é que as tecnologias e ideias para tal criptoativo já são discutidas na comunidade e há tentativas de implementação. IOTA é um ativo voltado para a Internet das Coisas (IoT em inglês). Sua proposta é que, quando há um alto número de transações, transações passadas validam transações correntes. Nesse caso não haveria necessidade de taxas ou de mineração, entretanto a rede seria confiável e impediria uma série de ataques por meio do design de sua arquitetura, chamada Tangle. Uma segunda consequência da adoção de criptoativos para a solução é a capacidade de, por se tratar de uma rede pública, haver maior transparência. A segurança dos dados – e não fraude deles – seria mais facilmente garantida. Isso resolveria parcialmente outra crítica às tecnologias baseadas em internet das coisas, posto que questões de segurança seriam mais facilmente tratáveis.
Entretanto, como já discuti nessa coluna, o IOTA teve problemas de implementação e a resposta do seu time de desenvolvedores não é algo que considero satisfatória. Há outras tentativas, como a VeChain, um interessante criptoativo chinês associado a um chip e relacionado a aplicações em logística, porém ainda na forma de token ERC20. O mercado para criptoativos voltadas para a internet das coisas é, mais que outras aplicações dos criptoativos, ainda um campo aberto para disputas entre as tecnologias. Possivelmente há retornos significativos para quem se antecipar e conseguir investir em projetos com forte potencial nesse setor. Recomendo a atenção para propostas sólidas nessa direção que conseguirem capitalizar parcerias com empresas fortes, sejam existentes como a IOTA ou ainda a serem desenvolvidas.