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Crédito Privado: Perspectivas para o cenário brasileiro em 2023

Publicado 17.03.2023, 17:38
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A extensão da crise bancária nos Estados Unidos ainda é incerta e segue ditando o rumo dos negócios por aqui.

Os holofotes estão virados para o mercado de crédito privado como um todo, com aumento das taxas de juros e inflação persistente.

A boa notícia é que continuamos enxergando boas oportunidades de retorno no mercado de renda fixa no momento atual.

Crise de crédito

Para citar o cenário mais recente, o “caso Americanas (BVMF:AMER3)” acendeu um alerta sobre risco de crédito corporativo.

A varejista viu sua nota de crédito ser rebaixada pelas agências de classificação de risco Fitch Ratings e S&P Global Ratings após pedido de recuperação judicial com dívidas de R$ 42,5 bilhões.

Com a baixa do valor de mercado dos bonds e debêntures da Americanas, fundos conservadores muito populares amargaram perdas, refletindo a instabilidade para o mercado de crédito no Brasil.

Na sequência, empresas como Oi (BVMF:OIBR3), Azul (BVMF:AZUL4), Light (BVMF:LIGT3), CVC (BVMF:CVCB3) e Marisa (BVMF:{{18597|AMAR3})) anunciaram recuperação judicial ou renegociação de dívidas, aumentando os temores de uma crise de crédito.

Bancos vão à falência

Além disso, recentemente, o Banco Central decretou a falência dos bancos BRK Financeira e Portocred, piorando ainda mais o cenário para os bancos.

Investidores que compraram títulos de renda fixa das financeiras terão agora que solicitar o pagamento da garantia ao FGC.

O colapso dessas instituições reforça a necessidade do investidor de saber separar o joio do trigo.

Há oportunidades?

Por conta de tudo isso, as taxas pagas pelas empresas e pelos bancos nos seus respectivos empréstimos estão subindo muito.

O bom de tudo isso é que investidores estão encontrando títulos de dívida de empresas AAA, as mais seguras da economia, a taxas como IPCA+ 8%, isento de imposto de renda.

Como escolher títulos de renda fixa?

Muitos investidores pensam que precisam escolher um título de renda fixa apenas pelo que oferece a melhor taxa.

Na verdade, ao se deparar com um título de empresa na sua corretora, como um CRI, CRA ou Debênture, a pergunta que deve ser feita é: “essa empresa vai pagar o que me foi prometido?”.

Para isso, devem ser considerados os resultados históricos da companhia, ou seja, se ela vem dando lucro, se o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) vem se mostrando consistente em patamares altos (pelo menos acima da Selic, mas cabe analisar cada caso), como os resultados da empresa se comportam em períodos de crise econômica, entre outros fatores.

Além disso, consideramos importante analisar o perfil de endividamento da companhia.

Busque entender como está o nível de alavancagem (o mais comum é dar uma olhada na relação dívida líquida/Ebitda – preferimos empresas com alavancagens abaixo de 3,0 vezes) e o seu cronograma de amortização da dívida (ou seja, o caixa atual é suficiente, pelo menos, para arcar com as dívidas de curto prazo?).

Dessa forma, o investidor terá uma maior segurança no seu questionamento sobre a chance de aquela respectiva empresa pagar o que foi acordado no momento da compra do seu crédito privado.

Como escolher títulos emitidos por bancos?

Quando estamos falando de bancos, a relação dívida líquida/Ebitda não vale para medir a alavancagem dessas instituições.

Nesse caso, é importante dar uma olhada na dinâmica do índice de Basileia, que reflete o quanto os bancos têm de capital próprio em relação aos seus ativos (ponderando os riscos desses ativos).

Os bancos devem ter uma Basileia de, pelo menos, 10,5%. Se o capital for menor que essa taxa por um determinado período, pode, inclusive, ser decretada a falência do banco, justamente como ocorreu com a BRK Financeira e a Portocred.

Além da própria análise do desempenho dos bancos, deve ser levada em consideração a dinâmica da economia para determinar a quais indexadores (pós, pré ou indexados à inflação) e prazos vale a pena comprar.

Atualmente, em relação às emissões bancárias, temos uma maior preferência por pós-fixados de liquidez diária ou, pelo menos, com prazos curtinhos (no máximo de um ano).

Com essa estratégia, conseguimos ter uma maior liquidez na carteira para futuras movimentações, além de não estarmos expostos ao famoso efeito de marcação a mercado.

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