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Covid-19 Faz Governos Emitirem Dívidas Recordes no Mês de Agosto

Publicado 11.08.2020, 08:37
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Publicado originalmente em inglês em 11/08/2020

Em tempos normais, agosto costuma ser um mês tranquilo para as emissões de títulos governamentais, já que muitos investidores, e autoridades, aproveitam os feriados para curtir as praias ou fazer longas viagens.

Mas não estamos vivendo tempos normais. Neste momento, os governos estão enfrentando enormes déficits para combater os estragos causados pela covid-19. Com isso, os legisladores planejam tomar uma quantidade expressiva de empréstimos neste mês, com destaque para os títulos do tesouro americano, também chamados de treasuries, que atingiram o volume recorde de US$ 112 bilhões destinados ao refinanciamento trimestral.

Emissão recorde, maturidades mais longas

As receitas provenientes dessas emissões irão pagar títulos que estão vencendo no valor de US$ 49,5 bilhões e levantar um novo caixa de US$ 62,5 bilhões. O exercício de refinanciamento abrangerá papéis de 30 anos de US$ 26 bilhões, bem como títulos de 10 anos de US$ 38 bilhões e letras de 3 anos no valor de US$ 48 bilhões.

Essa emissão recorde marca uma mudança nos vencimentos mais longos, depois que o Departamento de Tesouro dos EUA financiou US$ 2,7 trilhões de dívidas no trimestre de abril a junho emitindo instrumentos de curto prazo que não pagam taxa de cupom.

Treasuries de 30 anos - Semanal

O tesouro americano diz que o aumento da emissão de longo prazo é uma medida prudente para gerenciar o perfil de maturidades. Os tamanhos dos leilões irão aumentar em todos os vencimentos de cupons durante o trimestre de agosto a outubro, especialmente os papéis com vencimento em 7 anos, 10 anos, 20 anos e 30 anos.

Para o período de julho a setembro, o tesouro americano prevê um total de US$ 947 bilhões de endividamento, dependendo do tamanho do programa de estímulo a ser aprovado pelo congresso.

Os rendimentos dos treasuries de longo prazo subiram levemente antes das novas emissões, com o título de 10 anos ganhando 6 pontos-base na segunda-feira a partir da mínima de 0,51% da semana passada.

O inesperado declínio na taxa de desemprego nos EUA em julho, que havia caído de 11,1% para 10,2% no mês anterior, aliviou parte das preocupações com a lenta recuperação econômica em meio às persistentes infecções pelo coronavírus, contribuindo pouco para a alta nos rendimentos. Para alguns, isso indica que o título de 10 anos não mais reflete a economia, já que a demanda induzida pela pandemia mantém um teto sobre a rentabilidade.

Europa também emite títulos em agosto; crescem as preocupações com a inflação

Os EUA não estão sozinhos no excesso de emissões em agosto. A Itália está realizando sua primeira oferta de títulos para 10 anos durante o feriado de Ferragosto, buscando levantar € 8 bilhões em diferentes maturidades. Os rendimentos os papéis do governo italiano caíram abaixo de 1%, depois que a União Europeia aprovou um auxílio de €750 bilhões para a recuperação, sendo justamente a Itália a maior beneficiária.

Os europeus em geral são mais dogmáticos na observância dos feriados de agosto, mas, neste ano, Espanha, França e Alemanha pretendem arrecadar €22 bilhões com emissões durante as próximas semanas.

Existe certo nervosismo com a inflação, na medida em que os governos acumulam dívidas. O preço do ouro, considerado um barômetro das expectativas de inflação, valorizou-se cerca de 40% até agora no ano.

Outro indicativo das expectativas de inflação, o rendimento real dos títulos americanos – calculado pela diferença entre o rendimento nominal dos treasuries de 10 anos e dos papéis protegidos pela inflação, os chamados (TIPS) – subiu para 1,65%, depois de ter caído para 0,95% em meados de abril durante a pandemia. Entretanto, ainda está abaixo da taxa de 1,8% registrada no início do ano.

O Federal Reserve continua às voltas com a meta de inflação, sugerindo agora que considerará a inflação média e permitirá que o alvo de 2% seja ultrapassado para compensar a duradoura taxa reduzida. Mas isso é praticamente o mesmo que adotar a meta simétrica sobre a qual vinha falando durante algum tempo e perece fazer tanto sentido no atual ambiente quanto discutir quantos anjos conseguem dançar sobre a cabeça de um alfinete.

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