O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 35% em outubro, fechando a R$ 73,46/saca de 50 kg no dia 30. A média mensal foi de R$ 64,98/saca de 50 kg, 27,3% superior à de setembro (R$ 51,06/saca de 50 kg) e 36,43% acima da média de outubro14 (R$ 47,63/saca de 50 kg), em termos nominais. O Indicador de Açúcar Cristal ESALQ/BVMF – Santos acumulou alta de 30,45% em outubro, fechando a R$ 74,12/saca de 50 kg no dia 30. A média mensal das cotações para a liquidação financeira deste contrato foi de R$ 66,52/saca de 50 kg, 24,92% superior à de setembro (R$ 53,25/saca de 50 kg) e 35,44% acima da média de outubro/14 (R$ 49,11/saca de 50 kg), em termos nominais.
O forte aumento de 35% dos preços do açúcar no mercado spot paulista ao longo de outubro foi acompanhado pela intensificação dos negócios. Conforme dados coletados pelo Cepea, o volume de vendas no mês foi o maior desde abril, início oficial da safra 2015/16. O movimento de alta segue desde o final de agosto de 2015, quando a exportação passou a remunerar mais que a venda doméstica, conforme apontam cálculos do Cepea.
Os aumentos mais acentuados ocorreram a partir do reajuste da gasolina (autorizado no final de setembro) que, por sua vez, elevou a demanda pelo etanol e resultou em maior direcionamento da cana-de-açúcar para produção do biocombustível em detrimento do açúcar. Além disso, nas últimas semanas do mês, a perspectiva de déficit na oferta de açúcar na temporada 2015/16 também deu suporte à commodity. Com o fortalecimento dos preços domésticos, as exportações perderam vantagem sobre o spot paulista na segunda quinzena de outubro.
Segundo dados da Unica (União das Indústrias de Cana-de-açúcar), na primeira quinzena de outubro, o volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil alcançou 36,13 milhões de toneladas, 8,31% abaixo do resultado observado na mesma quinzena de 2014 (39,41 milhões de toneladas) e queda de 10,7% em relação ao valor verificado na última metade de setembro de 2015 (40,46 milhões de toneladas). Esse recuo na moagem quinzenal se deve às chuvas que atingiram tradicionais áreas canavieiras em todo o Centro-Sul.
No caso do açúcar, a produção no Centro-Sul somou 2,09 milhões de toneladas na primeira metade de outubro, abaixo das 2,36 milhões de toneladas fabricadas no mesmo período de 2014. No acumulado desde o início da atual safra até 16 de outubro, a produção de açúcar totalizou 25,35 milhões de toneladas, recuo de 7,65% em relação a igual período do ano passado.
No mercado nordestino de açúcar, em outubro, a demanda esteve aquecida e os preços no spot, em forte alta. O preço médio do açúcar, para os negócios interestaduais, passou de R$ 60,00/sc 50 kg no início do mês para acima dos R$ 70,00/sc na segunda quinzena de outubro. Neste período de nova safra, algumas unidades têm se concentrado na produção de etanol e/ou de açúcar para exportação, cenário que impulsionou as cotações na região.
Em Alagoas, o Indicador Mensal do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 71,11/sc de 50 kg em outubro, alta de 19,12% em relação a setembro/15 e de 37% frente a outubro/14. Em Pernambuco, o Indicador Mensal foi de R$ 70,48/sc, aumento de 18,74% frente a setembro/15 e de 44% em relação a outubro/14. Na Paraíba, o Indicador Mensal de Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 68,45/sc, 18,32% superior a setembro/15 e 38,42% acima do de outubro/14.
No mercado externo, as cotações do açúcar atingiram em outubro a maior alta entre as principais commodities agrícolas negociadas em bolsas internacionais. A consultoria Green Pool Commodity aumentou a estimativa de déficit global de açúcar na temporada 2015/16, para 5,6 milhões de toneladas – em agosto, a consultoria havia previsto déficit de 4,6 milhões de açúcar. A produção de açúcar na Índia, Tailândia, Ásia Meridional e América Central, segundo a Green Pool,tem sido afetada pelo fenômeno climático El Niño.
Além disso, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou que a China deve aumentar as importações de açúcar para a temporada 2015/16, podendo chegar a 5,5 milhões de toneladas, acima do previsto para temporada 2014/15 – 4,6 milhões de toneladas. Esse cenário pode favorecer as vendas brasileiras àquele país.
Cálculos do Cepea indicaram que, em média, as vendas externas do açúcar remuneraram 1,84% mais que as internas em outubro. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Março/16 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 56,61/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 50,99/tonelada.
Quanto às exportações de açúcar bruto (VHP), dados da Secex indicaram que essas totalizaram 2,07 milhões de toneladas em outubro/15, volume 46,6% maior que o de setembro/15 (1,41 milhão de toneladas) e 1,7% inferior ao de outubro/14 (2,1 milhões de toneladas). Em relação ao açúcar branco, foram exportadas 487 mil toneladas, volume 38,8% superior ao de setembro/15 (350,8 mil toneladas) e 22,5% menor que o de outubro/14 (628,2 mil toneladas).
O preço médio do açúcar bruto exportado foi de R$ 1.109,70/tonelada em outubro/15, queda de 3,7% em relação a setembro/15 (R$ 1.152,0/t) e 16,7% superior frente a outubro/14 (R$ 951,10/t), em termos nominais. Em relação ao açúcar branco, o preço médio foi de R$ 1.263,8/t, queda de 5,2% em relação a setembro/15 (R$ 1.333,50/t), mas 29,2% superior ao de outubro/14 (R$ 977,90/t), em termos nominais. A receita com a exportação de açúcar foi de R$ 2,91 bilhões em outubro/15, alta de 39,1% em relação a setembro/15 (R$ 2,09 bilhões) e 11,3 % frente a outubro/14 (R$ 2,6 bilhões), em termos nominais.
Equipe: Dra. Heloisa Lee Burnquist, Maria Cristina Afonso, Silvia C. Michelin (PA:MICP), Victória Cambraia Sartori e Augusto Barbosa Maielli.
Relações de preços – mercados interno e internacional (paridade de exportação)
Relações de preços (mercado interno) entre produtos do setor sucroalcooleiro