A atuação do BC neste momento me parece razoável no curto prazo, à espera que o cenário político e económico mude, e a cotação em torno dos R$3,75 mais ou menos R$ 0,25 (como já sugeri em outros artigos) será para manter pelo menos no curto prazo. Já relativamente a taxa Selic penso que haverá subidas no próximo ano, e não de redução como está previsto por causa da inflação.
Como é sabido as contas públicas estão um caos, e o orçamento de 2016 pode não ser suficiente para a inversão da trajetória de degradação das mesmas.
A possibilidade de downgrade está a tornar-se um fator mais provável de acontecer e com isso a possibilidade de saída de divisas em elevado grau, retirando força ao BC que ainda dispõe.
O que hoje é razoável, em termos de cotação do Dólar amanhã já não poderá ser, não porque o valor esteja desajustado, ainda é cedo para avaliar se a cotação é a mais indicada no controle da inflação e qual o impacto nas exportações e importações e em que grau, mas sim pela falta de confiança atual.
A manter-se esta indefinição em relação a medidas urgentes de consolidação orçamental fruto da demagogia, populismo e instabilidade política, esta cotação do Dólar está com prazo de validade a expirar.
É fato que a economia está em recessão, e tão cedo não haverá crescimento. A inflação continua alta, a taxa de juros tenderá a subir ou a manter-se por longo tempo alta, o rendimento disponível a decrescer, a produção industrial em baixa, o valor das commodities em valores historicamente baixos. Esses fatos contribuem para uma falta de confiança enorme, o receio é grande por parte do mercado, mas o maior problema a meu ver está na CONSOLIDAÇÃO ORÇAMENTAL COM META A REDUÇÃO DO DÉFICIT, DA DIVIDA PUBLICA E SUPERÁVIT PRIMÁRIO, de qual pode vir um maior grau de confiança e assim evitar o tão propalado downgrade.
Não consigo relacionar e projetar a cotação do dólar atual com os fundamentos económicos atuais, só se for na parte da falta de consolidação orçamental e comprometimento com redução do déficit e superávit primário, fator de instabilidade e de credibilidade, que pode levar a classificação de LIXO por parte das agências de notação, rating.
O prazo de validade desta atuação do BC, a meu ver, no curto prazo, está dentro do que eu esperava e é razoável sem mais indicadores fiáveis, mas pode estar a expirar se o restante não for feito e com isso o aumento exacerbado da cotação do sólar será inevitável.
Deveria haver por parte dos agentes políticos um comprometimento assumido com as metas e medidas necessárias a correção da trajetória das contas públicas, O NOSSO MAIOR INIMIGO É INTERNO E NÃO EXTERNO.
Todo este esforço do BC pode ter o “PRAZO DE VALIDADE A EXPIRAR”, com os recentes eventos (a prisão do líder do PT no senado) e outros eventos inesperados que podem acontecer a somar a falta de coragem (ou populismo) orçamental, esse esforço que compreendo neste momento ultrapassara o seu prazo de validade e a cotação Dólar subirá.
Mas deixo esta nota, se o cenário se modificar em termos de orçamento e metas, o que acho difícil, mas não impossível, o seu prazo de validade poderá ser aumentado. Vamos ver….