Ainda sem novidades nos fundamentos, os futuros do café arábica oscilaram nos últimos dias acompanhando os indicadores técnicos, o movimento da moeda norte-americana e as condições de desenvolvimento da safra 2017/18 do Brasil.
No âmbito internacional, o índice do dólar foi influenciado pelas expectativas dos investidores em relação ao discurso de hoje da presidente do banco central dos Estados Unidos (FED, em inglês), Janet Yellen. No momento, há muita especulação sobre a alta dos juros da economia norte-americana.
No Brasil, o dólar comercial foi cotado ontem a R$ 3,2316, com alta de 0,8% em relação ao fechamento da semana anterior. O movimento do câmbio foi influenciado pelo cenário político interno, que se aproxima do desfecho do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, e pela percepção de aumento do risco Brasil, com as incertezas que permeiam a consecução do ajuste fiscal.
A colheita da safra 2016/17 de café do Brasil se aproxima do fim, devendo encerrar-se em meados de setembro. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), apesar dos prejuízos causados pelas chuvas do início de junho em praticamente todas as regiões, de forma geral, o balanço da safra 2016/17 indica volume e qualidade superiores aos da temporada passada. O quadro abaixo resume os resultados do levantamento realizado pela instituição de pesquisa.
Em relação às condições climáticas que afetam o desenvolvimento da safra 2017/18 do Brasil, a passagem da frente fria seguida de massa de ar polar, nessa semana, não impactou negativamente o cinturão cafeeiro de arábica. Porém, como o próximo ano será de bienalidade negativa e o nível de desfolha dos cafeeiros está acentuado, segundo a Fundação Procafé, a produção de arábica deverá ficar aquém do potencial.
Há preocupação com o pegamento das floradas do café conilon, observadas na segunda semana de agosto, devido ao clima quente e seco no Espírito Santo e em Rondônia. O Cepea relatou que, embora muitos produtores capixabas façam uso da irrigação, prefeituras vêm limitando a utilização da água durante algumas horas do dia, em função dos baixos níveis dos rios. Já em Rondônia, apenas a irrigação não é suficiente para garantir o pegamento da florada, havendo o risco do sol forte queimar as plantas.
A tendência agora é de aumento da temperatura e ocorrência de precipitações esparsas, com risco de temporais em parte das áreas produtoras. Nos próximos quinze dias, a Climatempo estima chuva acumulada entre 30 e 50 milímetros nas principais origens.
Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,4445 por libra-peso, com alta de 285 pontos em relação ao fechamento da semana passada. O vencimento novembro do contrato futuro do robusta, negociado na ICE Futures Europe, encerrou o pregão de ontem a US$ 1.797 por tonelada, com desvalorização US$ 20 em relação à última sexta-feira.
No mercado físico nacional, os negócios continuaram fracos. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 481,09/saca e a R$ 426,15/saca, respectivamente, com variação de 1,3% e 0,1% em relação ao fechamento da semana anterior.