SOJA: Colheita, dólar e derivados pressionam valor do grão
Os preços da soja em grão caíram com força no mercado interno na última semana. Segundo pesquisadores do Cepea, a pressão veio do avanço da colheita em muitas regiões brasileiras, da desvalorização do dólar – que reduz a paridade de exportação – e também das quedas nos preços dos derivados, que têm reduzido as margens de esmagadoras.
Nesse contexto, vendedores estão cautelosos em realizar novos negócios e seguem com as atenções voltadas à colheita e ao cumprindo contratos, enquanto muitos compradores têm recebido o grão de negociações antecipadas, o que torna a liquidez interna baixa.
No campo, chuvas interromperam as atividades em várias regiões, exceto no Norte e no Nordeste, mas a colheita desta temporada está mais adiantada que há um ano. O avanço da colheita e o bom volume de contratos antecipados, por sua vez, têm feito com que as exportações comecem a ganhar ritmo.
MILHO: Indicador atinge R$ 45/sc
As chuvas no Sul e Sudeste do País no início de março prejudicam a colheita do milho e demais trabalhos de campo nessas regiões. Com isso, a oferta imediata do cereal esteve ainda mais limitada. Ainda há receios quanto à disponibilidade nos próximos meses, e compradores intensificaram a demanda na semana passada.
Esse cenário fez com que o Indicador ESALQ/BM&FBovespa atingisse R$ 45,01/saca de 60 kg na quinta-feira, 3, maior patamar desde fevereiro de 2008 (série mensal deflacionada pelo IGP-DI jan/16). Quanto às exportações de milho, surpreenderam agentes em fevereiro, somando 5,37 milhões de toneladas, o terceiro maior volume da série histórica da Secex, ficando atrás apenas dos embarques de outubro e dezembro passados. Frente a fevereiro do ano passado, o aumento foi de quase cinco vezes.
Nas próximas semanas, no entanto, a exportação deve ser bem menor. No porto de Santos (SP), não há navio registrado para ser carregado com milho e, no porto de Paranaguá (PR), o line up aponta 486 mil toneladas em março.
MANDIOCA: Preços reais são os maiores desde novembro/14
Os preços de raiz de mandioca seguem em alta no mercado interno, impulsionados pela disponibilidade restrita e pela maior demanda de empresas processadoras. Na semana passada, o valor médio a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 282,78 (R$ 0,4918 por grama de amido na balança hidrostática de 5 kg), alta de 12,6% frente ao anterior. Em termos nominais, a média é a maior desde maio/14 e, em termos reais, desde novembro/14 (valores deflacionados pelo IGP-DI de fev/16).
Na semana passada, chuvas nas regiões acompanhadas pelo Cepea novamente atrapalharam os trabalhos de campo. Porém, agentes relatam que produtores seguem retraídos, apostando em novas valorizações. Com isso, nem mesmo se o clima estivesse favorável haveria crescimento expressivo da oferta de matéria-prima para indústrias.