A expectativa imediata que se fortalece com a redução sistêmica da taxa SELIC é que, em tese, os recursos da renda fixa acentuem o fluxo para a Bovespa, mas isto já aconteceu e pode não se repetir e, atualmente, os investidores pessoas físicas já representam 27% dos participantes no mercado acionário, mas, embora “orquestrado” por inúmeras análises e perspectivas otimistas, o que se observa é que este segmento alternativo está perdendo tração e atração.
O desempenho da economia brasileira não sugere que as projeções de maior valorização da Bovespa venham a ocorrer este ano, como sistematicamente propagado, a recuperação tende a ser morosa e lenta, e há um relativo “mal humor” reinante quando os temas predominantes no mercado passam a ser a discussão e as elucubrações em torno de novas formas de tributações, que, em regra, sempre resultam em aumento da carga tributária, por mais que venham “travestidos” de boas intenções.
Há muitos pontos que deverão suscitar debates políticos, como o tributo similar a CPMF, a tributação dos dividendos, etc... e isto pode demandar tempo.
A questão em torno da pandemia do coronavírus está assimilada pelo cotidiano, já parece normal a convivência, mas ainda é altamente relevante para contrair silenciosamente as melhores expectativas, sendo relevante e desafiadora no país, sendo um risco efetivo que deve ser considerado para a retomada da atividade econômica.
O governo busca uma forma de alinhar a saída dos programas assistenciais à população carente, havendo alternativas em estudos, mas o fato é que a questão do déficit fiscal público é um obstáculo, além da preocupação de que há sugestões de rompimento do teto de gastos para suprir a manutenção dos programas, que poderia tornar mais critica ainda a situação.
A indústria nacional revelou dois meses de recuperação acumulando até junho alta de 17,9%, efusivamente comemorado como “retomada”, quando pode ser simplesmente uma modesta reposição de estoques. Para julho a projeção é alta de 5,4% que elevaria a recuperação para 23,8%, mas a queda de 26,6% exigirá uma recuperação de 36,24% já que a base foi fragilizada.
Mas, no setor de bens há estes sinais positivos que merecem melhor análise sobre os fundamentos, mas o que é preocupante é que o setor de serviços, que representa 70% do PIB e é o maior gerador de empregos ainda se revela incipiente em seu desempenho.
Por isso, não se descarta que a “velha e criticada” poupança seja o refúgio dos recursos remanescentes na renda fixa, como aconteceu no 1º trimestre, e até de algum refluxo da Bovespa, havendo, na margem, uma boa oportunidade para nova rodada de valorização dos fundos imobiliários, dependendo dos seus lastros imobiliários dos investimentos.
Não se espera que o corte na SELIC vá beneficiar as pequenas e médias empresas carentes de empréstimos, visto que o represamento de crédito para este segmento deverá continuar como decorrência do risco, que só se faz agravar.
Então, muito embora aconteçam programas os mais diversos no cenário global fomentando extraordinária liquidez, não se espera que o Brasil seja o destino, como acontecia no passado, destes recursos para a Bovespa e de forma alguma para a renda fixa.
Os programas de privatizações do governo estão muito mais nos discursos e intenções do que na prática e viabilização, então não se pode imaginar melhora de fluxos externos para o país.
E então, chegamos ao câmbio que pode ser discretamente pressionado face à queda da SELIC, mas sem romper o preço máximo além de R$ 5,30/5,40, mantendo a volatilidade causada pelo juro baixo, mas sem pressão de saídas e também de ingressos, revelando-se estável na faixa entre R$ 5,00 a R$ 5,50 para fins de projeções.
O segundo semestre no nosso modo de ver não tende a ser empolgante e nem sinalizando forte recuperação da atividade econômica, visto que há no radar inúmeros obstáculos internos e substantivos a serem superados que não tem sido adequadamente postos no radar.
No exterior, mais especificamente nos Estados Unidos, o impasse entre republicanos e democratas sobre a extensão dos benefícios de auxílio desemprego e um eventual novo pacote de estímulos também causa estresse ao mercado, mas o embate entre Estados Unidos e China, já contumaz, é considerado mais estratégia política do Presidente Trump em sua campanha pela reeleição, que está bastante ameaçada.