Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Subindo de escada e descendo de elevador
- Tendência do petróleo continua sendo de alta - mínimas mais altas no horizonte
- Política energética dos EUA dá suporte a preços mais elevados do petróleo – Sazonalidade está pesando sobre os preços
- Estoques e produção nos EUA têm fundamentos altistas – Opep+ determinará o preço do petróleo
- Correções são oportunidade de compra nas próximas semanas
Levaremos décadas para solucionar o problema da mudança climática. O mundo continua dependendo dos combustíveis fósseis para gerar energia. Nos últimos meses, os preços dos hidrocarbonetos atingiram máximas plurianuais. O carvão explodiu, superando a máxima de 2008. O gás natural vem galgando patamares mais elevados desde fevereiro de 2014. O contrato futuro do gás natural negociado na NYMEX registrou pico de US$6,667 por MMBtu, nível que não era visto desde 2008. O petróleo alcançou seu nível mais alto desde 2014, última vez em que o barril foi negociado acima de US$100.
A tendência é que o petróleo continue em alta, atinja um nível insustentável e depois sofra um forte declínio. Depois que seu contrato futuro na NYMEX alcançou US$85,41 em 25 de outubro, entrou em correção e caiu até a mínima de US$64,43 por barril em 30 de novembro. O declínio de 24,6% ocorre num momento sazonalmente fraco do ano. O gás natural se saiu ainda pior, caindo para US$4.22 em 1 de dezembro, uma desvalorização de 36,7%.
Ainda que essa correção possa fazer com que seus preços caiam ainda mais, tudo leva a crer que veremos preços mais altos em 2022. Comprar petróleo durante correções de preço nas próximas semanas pode ser uma ótima estratégia para os próximos anos.
Subindo de escada e descendo de elevador
O mercado futuro do petróleo teve um dia horrível na sexta-feira, 26 de novembro. As vendas continuaram pressionando os preços nesta semana. Era necessário que houvesse uma correção, depois que o preço futuro do barril perdeu fôlego a US$85,41 no fim de outubro. O petróleo negociado na NYMEX atingiu seu preço mais alto desde 2014, última vez em que o barril foi negociado acima da marca de US$100.
Fonte: CQG
O gráfico diário mostra que o petróleo futuro despencou na sessão posterior ao feriado de Ação de Graças nos EUA. As vendas foram desencadeadas por notícias sobre uma nova variante da Covid-19, provocando um declínio de quase 25% no produto, sua queda mais acentuada desde abril de 2020, quando ficou brevemente abaixo de zero.
O preço do barril com entrega em janeiro tocou a mínima de US$64,54 e continuava sob pressão na quarta-feira, 1 de dezembro. De fato, o petróleo pegou o elevador para descer.
Tendência do petróleo continua sendo de alta - mínimas mais altas no horizonte
Por mais impressionante que tenha sido o declínio iniciado em 26 de novembro, ainda é necessário negar a tendência altista dos preços desde o fundo de abril de 2020.
Fonte: CQG
Como ressalta o gráfico semanal, a carnificina de preços no fim da semana passada não nega a tendência de alta. O primeiro nível de suporte técnico está em US$61,74,a mínima de agosto de 2021. Um movimento abaixo do fundo de agosto de 2021 afetaria o viés de alta do petróleo, mas são grandes as chances de que esse nível seja mantido. Pode ser que já tenhamos visto a mínima em 30 de novembro.
Política energética dos EUA dá suporte a preços mais elevados do petróleo – Sazonalidade está pesando sobre os preços
Em seu primeiro dia de mandato, o presidente americano Joseph Biden cancelou o projeto do oleoduto Keystone XL. Em maio, seu governo proibiu atividades de fraturamento e perfuração para exploração de combustíveis fósseis em território federal no Alasca. O principal foco do atual governo é enfrentar o problema da mudança climática, razão pela qual vem tentando substituir os combustíveis fósseis por fontes alternativas de energia renovável.
Mesmo assim, o petróleo continua movendo o mundo. Nas últimas semanas, o governo pediu duas vezes que a Opep+ aumentasse sua produção. O cartel e a Rússia recusaram-se a fazê-lo. O presidente Biden assinou um decreto executivo liberando 50 milhões de barris da reserva petrolífera estratégica dos EUA para conter os preços.
A demanda de gasolina, derivado mais consumido do petróleo, declina durante os meses de inverno, já que os motoristas andam menos com seus veículos. O inverno pode ser um período sazonalmente fraco para o petróleo. A última liquidação ocorreu por causa de temores com mais uma mutação do vírus, capaz de gerar mais restrições de viagens e menos demanda pela commodity energética. A sazonalidade apenas exacerbou a venda.
Estoques e produção nos EUA têm fundamentos altistas – Opep+ determinará o preço do petróleo
Nos últimos meses, a robusta demanda por energia alçou os preços do petróleo e o fez alcançar a máxima de sete anos, antes de corrigir. Mas os fundamentos continuam dando suporte à commodity energética. Em março de 2020, a produção diária de petróleo nos EUA alcançou a máxima histórica de 13,1 milhões de barris por dia (mbpd). A EIA, agência de informações energéticas dos EUA, divulgou uma produção diária de 11,6 mbpd, em 26 de novembro, 11,5% abaixo da máxima.
As petrolíferas não estão investindo em novos poços nos EUA, já que o atual governo está colocando obstáculos para a produção de combustíveis fósseis, a fim de incentivar a geração de energia renovável. Levaremos décadas para substituir o petróleo e o gás por fontes alternativas de energia, como a eólica e solar. Cerca de um por cento dos carros nos EUA são elétricos, ou seja, a demanda por gasolina continuará alta, principalmente com a melhora da economia. Além disso, a alta da inflação só exacerbou os aumentos de preços nos últimos meses.
Muito embora o governo esteja liberando petróleo das suas reservas estratégicas, dados do Instituto Americano do Petróleo mostram que houve um declínio nos estoques do produto até agora em 2021.
A queda na produção dos EUA sob o governo Biden transferiu o poder de precificação do mercado de volta para as mãos da Opep+. Depois de anos sofrendo com preços baixos por causa da produção de shale oil nos EUA, as decisões de preços em Moscou e Riad não determinarão a cotação da commodity energética para os consumidores de todo o planeta. É lógico que o cartel prefere vender um barril a US$100 do que dois a US$40.
O volume de barris liberados da reserva estratégica dos EUA corresponde a apenas três dias de consumo no país. Vendas similares no passado não tiveram impacto nas tendências de preço do petróleo.
Correções são oportunidade de compra nas próximas semanas
Os mercados costumam subir ou cair além dos níveis previstos por analistas quando o movimento se inicia. É praticamente impossível acertar topos e fundos em qualquer ativo e com o petróleo não é diferente. Em abril de 2020, diversos fatores fizeram com que os preços do petróleo atingissem níveis que desafiavam a lógica, a razão e qualquer análise racional dos fundamentos.
É possível que o barril de petróleo caia abaixo de US$60 até o fim do ano, mas isso só geraria uma atraente oportunidade de compra de olho em 2022.
O fato é que os EUA exercem agora muito menos influência no mercado petrolífero do que nos últimos anos. Além disso, o aumento da demanda fará com que os EUA se tornem muito mais dependentes de petróleo estrangeiro em 2022. A política energética americana, o controle da oferta pela Opep+, a escalada da inflação e o crescimento econômico criam um explosivo coquetel altista para o mercado de petróleo.
Não acredito que as máximas no petróleo já foram tocadas e minha expectativa é que o barril ultrapasse a marca de US$100 em 2022. A atual liquidação pode ser a oportunidade perfeita para montar uma posição no petróleo, com compras bastante compassadas, já que, no curto prazo, as vendas podem ser agressivas, como vimos em 26 de novembro.
A Opep+ já deixou claro que não tem qualquer intenção de ajudar os EUA o outros países consumidores. O cartel aproveitará qualquer oportunidade para fazer os preços voltarem para cima de US$80 por barril e até mais nos próximos meses. Em vista do cenário de oferta e demanda, talvez não precisem fazer tanto esforço assim.