Publicado originalmente em inglês em 27/07/2021
O frio que caiu sobre os cafezais brasileiros fez com que redes de café premium, como Starbucks (NASDAQ:SBUX) (SA:SBUB34) e Tim Hortons, temessem a disponibilidade de oferta.
O café arábica negociado em Nova York, grão preferido por essas varejistas, já se valorizou mais de 30% na última semana, acima de US$2,15 por libra-peso. Segundo Judy Ganes, consultora veterana do mercado, em entrevista à Bloomberg, é inevitável que o café supere a marca recorde de US$3, devido à previsão de mais tempo frio no país.
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Mas os gráficos técnicos rastreados pelo Investing.com indicam que pode haver uma correção primeiro, antes de o mercado fazer outra pernada de alta, ou seja, tudo indica que será uma boa oportunidade para aproveitar a queda e comprar.
Gráficos: cortesia de SK Dixit Charting
Na avaliação do analista técnico Sunil Kumar Dixit:
“O ritmo galopante do café, sem dúvida, deixa alguns gaps a serem preenchidos, o que pode atrair os preços para baixo”.
A leitura de Dixit mostra que, após a máxima de 7 anos tocada na segunda-feira um pouco acima de US$2,15 por libra-peso, o contrato futuro mais negociado do café arábica na ICE Futures americana tem maiores chances de recuar até a média móvel exponencial de cinco anos a US$1,89 e o suporte horizontal estático de US$1,69.
Ressaltando o potencial de queda do arábica, o IFR estocástico sobrecomprado a 95/97 é uma indicação de correção e consolidação, segundo Dixit.
“Portanto, no curtíssimo prazo, o café está mais propenso a sofrer uma natural correção de preços antes de seguir para US$2,25, nível alcançado em 2014”, complementou.
Mas os gráficos também indicam rompimento de máximas depois disso.
“No canal superior, o café sem dúvida pode fazer uma extensão até a máxima recorde de US$3,06 tocada em maio de 2011”, explicou Dixit.
As máximas de sete anos do arábica ocorreram depois que os cafezais foram afetados pela estiagem e atingidos por duas geadas em menos de um mês. As temperaturas frias na semana passada prejudicaram os cafeeiros mais jovens, que precisarão ser podados ou replantados.
Jack Scoville, analista-chefe de agricultura do Price Futures Group, de Chicago, disse o seguinte em uma publicação no Investing.com:
“Foram registradas temperaturas baixas em grande parte de Minas Gerais, Paraná e São Paulo”.
“Ainda não se sabe a extensão dos danos, mas há indicativos de que partes significativas da safra foram afetadas. Estamos em época de floração da próxima safra, e as flores foram congeladas e cairão dos cafeeiros”.
Esse fenômeno pode afetar a produção nos próximos anos, diminuindo a próxima safra em até 5,2 milhões de sacas, de acordo com um relatório da Ecom Research citado pela Bloomberg. Uma saca pesa 60 kg.
Não se pode ignorar o efeito da queda de produção de café no Brasil, já que o país responde por 40% da oferta mundial, segundo a consultora Judy Ganes. Em suas palavras: “De onde virá o café?”
O rali do arábica também teve suporte no fato de que a ICE dobrou as exigências de margem para negociar o café futuro, obrigando os operadores a cobrir suas vendas a descoberto.
Outros grandes países produtores irão colher menos café neste ano, como a Indonésia, que deve registrar uma safra menor.
A previsão é de mais tempo frio no Brasil nos próximos dias, com uma chance maior de geada em São Paulo e sul de Minas Gerais durante o período de frio esperado até 29 de julho, de acordo com um relatório da Somar Meteorologia.
“As temperaturas frias continuarão no período de 6-10 dias, portanto, existem maiores possibilidade de geadas nas mesmas áreas no próximo fim de semana”, afirmou Donald Keeney, meteorologista da Maxar, em entrevista à Bloomberg.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.