A decisão do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central brasileiro, foi de elevar a taxa básica de juros, Selic, em 0,50 ponto percentual, conforme majoritariamente esperado pelo mercado, chegando a 13,75% ao ano.
Porém, a surpresa esteve no comunicado, no qual pode-se verificar pelas palavras do comitê que "avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião". A pergunta que se pode fazer é a seguinte: estaria a autarquia monetária querendo sinalizar o fim do aperto monetário mas com receio do que pode acontecer nos próximos 45 ou 90 dias?
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Penso que sim, pois dentre as justificativas estariam o cenário ainda volátil do ambiente externo e, para o interno, os impactos associados às alterações tributárias para 2022, dos quais poderão ser refletidos de maneira negativa em 2023.
Contudo, justificando a hipótese de que o Copom deveria parar o ciclo de aperto monetário, no próprio comunicado as projeções de inflação do Copom situam-se em 6,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,7% para 2024, todas abaixo das expectativas do mercado e, para os dois anos seguintes, dentro do limite máximo da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Além disso, grandes potências econômicas já anunciaram suas preocupações com uma desaceleração ainda mais acentuada da atividade econômica nos próximos trimestres, levando o peso para os riscos de baixa da inflação descritas no comunicado do Copom.
Por fim, na minha avaliação a mensagem do Copom sobre os próximos passos da política monetária foi equivocada, mostrando que o comitê antevê riscos além dos apresentados para o cenário inflacionário, dos quais, se factíveis, levariam para mais uma alta de igual magnitude e não uma possível avaliação, com mais 0,25 ponto percentual na Selic, para a próxima reunião.