As Conferences of the Parties (COPs) são conferências anuais organizadas pela ONU sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Desde 1995, estes encontros têm sido realizados anualmente em diferentes países e, neste ano, a COP 29 (29ª Conferência das Partes) ocorrerá em Baku, no Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro. O principal objetivo das COPs é fomentar entre diferentes países a discussão e a negociação de medidas para combate às mudanças climáticas, redução de emissões de gases do efeito estufa, adaptação ao aquecimento global e financiamento climático.
As decisões e acordos firmados durante os eventos influenciam diretamente as regulamentações ambientais e sociais que afetam as empresas e promovem o desenvolvimento de novas políticas. A colaboração global é vital para enfrentarmos os desafios climáticos. As diretrizes estabelecidas nas COPs muitas vezes são adotadas pelas autoridades dos países e servem como referência para as práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) das corporações, podendo afetar diretamente a forma como as empresas operam e promover maior transparência e responsabilidade ambiental. Exemplo disso é que a ONU incentiva as corporações a adotarem práticas que atendam aos padrões globais de sustentabilidade e estimula a publicação de relatórios ESG.
A prioridade da COP29 será estabelecer novas metas de financiamento climático, com um foco especial em definir um valor de referência de 100 bilhões de dólares anuais até 2025. A meta principal será investir na cooperação internacional e garantir que os compromissos climáticos globais avancem, com atenção especial ao financiamento acessível e transparente para ações climáticas. Já a COP30, a ser sediada em Belém, estará com foco em soluções baseadas na natureza, com destaque para a preservação das florestas e a promoção de uma economia positiva em termos ambientais. Buscando a garantia do financiamento necessário para apoiar a recuperação ambiental e combater a perda da biodiversidade.
Os financiamentos são cruciais para apoiar projetos promotores de energias renováveis, eficiência energética e tecnologias de baixa emissão de carbono. Sem um fluxo de capital adequado, muitos países, especialmente os em desenvolvimento, terão dificuldades para implementar as mudanças, uma vez que a transição energética envolve grandes investimentos em infraestruturas, como energia solar, eólica, redes inteligentes e eletrificação de transportes.
Outro desafio está no fato de algumas empresas financiarem a indústria de combustíveis fósseis, contribuindo para a exploração de áreas ambientalmente sensíveis, como a Amazônia e o Ártico. O uso contínuo desse tipo de combustíveis ocorre, dentre outros motivos, pois muitos países ainda carecem muito de petróleo, gás e carvão para suas economias e para geração de energia.
Nesta ótica, destravar acordos para reduzir o uso de combustíveis fósseis é um dos maiores desafios em conferências do clima, já que envolve não apenas substituições por fontes renováveis, mas também o impacto econômico e social da transição para regiões dependentes dessa indústria. Desta forma, se não houver um direcionamento claro sobre como lidar com o uso de combustíveis fósseis, as emissões tendem a continuar altas, pois enquanto o uso de fósseis continua sem restrições ou penalizações claras, o mercado estará menos incentivado a investir em soluções renováveis. Além disso, aumenta o risco de lock-in de carbono.
Se a COP29 (ou outras conferências do clima) não conseguirem destravar acordos claros sobre como financiar essas iniciativas, a transição energética pode ser freada devido à falta de direcionamento para governos, investidores e empresas. Sem financiamento robusto e sem diretrizes claras sobre como e quando eliminar os combustíveis fósseis, a transição pode se tornar desigual e demorada. Além disso, haverá impacto na confiança e no planejamento de longo prazo, tanto para o setor privado quanto para o público, prolongando a dependência de tecnologias e práticas que são insustentáveis do ponto de vista climático
Em resumo, a COP oferece uma plataforma estratégica para que as empresas alinhem suas operações aos objetivos globais de sustentabilidade, enfrentando os desafios ambientais de forma proativa. Este alinhamento fortalece a posição competitiva das empresas e contribui para um futuro mais sustentável e resiliente, destacando a importância da colaboração mundial nesse processo. Entretanto, ainda é necessário explorar e endereçar outras temáticas relevantes, como o financiamento e uso de combustíveis fósseis.