A partir da realização de controles, é possível gerenciar através de indicadores, que podem ser técnicos ou econômicos.
Na pecuária, é comum a constatação empírica de que o controle e o gerenciamento técnico são realizados mais frequentemente em relação aos de ordem econômica.
O gerenciamento de ordem econômica envolve, por exemplo, a contabilização do custo fixo, custo variável, custo total (por @ e ha), custo de oportunidade, rateio de custos, capital médio, levantamento de ativos, balanço patrimonial, fluxo de caixa livre, lucro (por @ e ha) e rentabilidade.
Para tanto, é preciso ter um conhecimento gerencial completo da propriedade, envolvendo a quantificação e valoração de seus ativos e o monitoramento de entradas e saídas financeiras. Além disso, há as dificuldades relacionadas à conceituação de cada uma dessas métricas e de como operacionaliza-las.
Para contribuir com a discussão sobre o nível de controles e indicadores gerenciais na pecuária de corte, apresentamos alguns números publicados pela Embrapa Gado de Corte sobre o assunto.
Ressalta-se que o estudo não teve como objetivo tirar conclusões aplicáveis a toda população de pecuaristas, em razão da amostragem não possuir representatividade estatística e pelo fato de que a pesquisa foi feita junto a produtores de uma associação de criadores (pressupõe melhor nível gerencial e capacidade de associativismo) e ouvintes em curso gerencial (pressupõe interesse sobre o tema).
A pesquisa e resultados
A pesquisa foi conduzida em 2012 e foram entrevistados pecuaristas de Goiás, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Dentre os resultados obtidos, apresentamos os referentes ao grau de controle de informações e cálculos de indicadores, em termos técnicos e econômicos.
Nas figuras 1 e 2 estão os resultados para os dados e indicadores técnicos e financeiro-econômicos, respectivamente.
Note que as frequências de realização do controle de informações são maiores do que as de cálculos de indicadores.
Em média, para os controles citados no questionário, a frequência de realização foi de 63%. Já para o cálculo de indicadores, a frequência cai para 50%.
Quando o assunto são os controles e indicadores financeiro-econômicos, a tendência é a mesma da avaliação técnica.
Os controles são feitos mais frequentemente do que os cálculos dos indicadores. As médias das frequências dentre os pecuaristas entrevistados foram de 50% para os controles e de 33% para o cálculo dos indicadores.
Quanto à comparação dos indicadores técnicos e econômicos, fica clara a maior atenção despendida às questões eminentemente zootécnicas, com maiores frequências de controle e cálculos relativos a este assunto.
Considerações finais
O estudo foi feito considerando uma população teoricamente mais tecnificada. Sendo assim, as frequências médias de realização de controles e apuração de indicadores da atividade tendem a ser mais baixas.
Apesar dos controles serem fundamentais, outra importante lição que podemos tirar destes números é que de nada adianta mensurar ou gerar informações sem a realização posterior de cálculos e a construção de indicadores que fortaleçam as decisões.
Por fim, uma eficiente gestão econômica permite uma melhor avaliação, planejamento e a mensuração do retorno econômico do sistema e da aplicação de tecnologias.
Adaptado da publicação:
“Práticas e ferramentas gerenciais adotadas por pecuaristas de corte em Estados selecionados: reflexões para gestores de P&D e consultores rurais”
Mariana de Aragão Pereira¹
Juliana da Silva Vieira²
¹Embrapa Gado de Corte
²Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e bolsista da Embrapa Gado de Corte
Gustavo Aguiar
zootecnista - Scot Consultoria