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Consumo de Energia na Índia Será Fundamental para o Futuro do Petróleo

Publicado 12.02.2021, 08:36
Atualizado 09.07.2023, 07:31
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Publicado originalmente em inglÊs em 11/02/2021

Ao analisar os fundamentos do petróleo, os investidores devem considerar a demanda de uma perspectiva regional. Nos últimos anos, é comum ouvir rumores de que a Índia não será um grande player no futuro da demanda, pois até agora não esclareceu seus planos de energia. Não dê ouvidos a isso.

A Índia, atualmente, é um grande consumidor de petróleo e produtos derivados e continuará sendo um mercado significativo nos próximos anos. Apesar de a atenção da mídia estar voltada ao crescimento da energia limpa, os investidores têm todas as razões para acreditar que a demanda petrolífera da Índia crescerá muito mais do que a de qualquer outro país consumidor de óleo na próxima década. É por essa razão que todos os investidores precisam acompanhar de perto a Índia e sua demanda.

Existem e continuarão existindo muitos rumores sobre a transição indiana para a energia limpa. Um artigo recente na Bloomberg sobre o relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) sobre a perspectiva energética da Índia destacou que o país “precisa gastar mais US$ 1,4 trilhão para mudar para a energia limpa”. Ainda que esse valor seja parcelado em 20 anos, representaria US$ 70 bilhões ao ano. É um número exagerado, já que representa mais de 70% da atual política levada a cabo pelo país. Tais planos e metas são absolutamente irrealistas.

Em 2019, a Índia era o terceiro maior consumidor de petróleo e produtos petrolíferos, atrás dos Estados Unidos e China. A demanda do país naquele ano alcançou 4,9 milhões de barris por dia (mbpd), mas muitos acreditam que teria sido muito maior se a desaceleração econômica e a intensa estação das monções não tivessem impedido o crescimento do consumo.

Consumo de Petróleo da Índia 2000-2019

É difícil fazer previsões para o futuro da economia pós-coronavírus, mas até mesmo a AIE reconhece que a Índia é um “vetor-chave” no crescimento da demanda petrolífera. A agência prevê que o consumo de petróleo no país atingirá 6 mbpd até 2024. Em suma, a demanda petrolífera da Índia não vai sumir.

Em vez de acreditar em metas de investimento irrealistas em energia limpa, os investidores devem se concentrar nos seguintes pontos para compreender como o crescimento da demanda indiana impactará os fundamentos do mercado nos próximos anos:

  1. A Índia é atualmente uma exportadora líquida de produtos refinados, mas, devido às mudanças nos padrões de consumo, o país pode em breve se tornar um importador líquido se não aumentar significativamente sua própria capacidade de refino. A Índia afirma que pretende elevar sua capacidade de refino de 5 para 8 mbpd até 2025, mas a AIE não acredita que tal crescimento seja factível, indicando que atingirá 5m7 mpbd até 2024. Se a AIE estiver correta, a Índia precisará importar mais gasolina, óleo diesel e petróleo bruto para fazer frente ao seu consumo doméstico. Entretanto, não para de crescer o interesse de petrolíferas internacionais em construir novas refinarias na Índia. O processo está andando devagar, em parte por causa do ambiente de negócios no país. Para os investidores, a distinção entre petróleo e produtos refinados é fundamental. Se a Índia não expandir sua capacidade de refino, sua demanda petrolífera ficará estagnada, mas passará a importar cada vez mais produtos refinados.

Petróleo Semanal

  1. É importante ficar atento à origem do petróleo consumido pela Índia. As reservas domésticas e a capacidade de produção do país são menores do que na China. Por isso, as importações de petróleo da Índia devem subir bastante à medida que cresce a demanda da sua população. Atualmente, 65% das importações da Índia vêm do Oriente Médio. Isso faz com que o país fique vulnerável às tensões geopolíticas naquela região. Neste momento, o Iraque é o maior fornecedor de petróleo da Índia no Oriente Médio, mas o Irã pode aumentar suas vendas ao país asiático caso suas sanções sejam removidas. A Índia está sob pressão para diversificar suas fontes petrolíferas e evitar riscos estratégicos, o que pode fazê-la recorrer a países como Brasil, Canadá e Estados Unidos em busca de mais petróleo no futuro.
  1. Que opera no mercado de gás natural deve ficar de olho na Índia. Embora grandes organizações dentro e fora da Índia estejam aumentando seus investimentos em energia solar e eólica, o país pode avançar na questão das emissões simplesmente mudando para o gás natural. Até 2019, o carvão respondia por 45% do consumo energético na Índia. O petróleo e outros combustíveis líquidos respondiam por 25%, e os outros 20% eram gerados por biomassa e resíduos orgânicos. O gás natural só abastecia 6% das necessidades da Índia. A expansão do uso do gás natural em substituição ao carvão e biomassa reduziria as emissões na Índia. De fato, o país asiático deve aumentar seu uso de gás natural após a entrada de três empresas indianas em um consórcio com o Irã em 2008 para desenvolver campos de gás natural offshore no Golfo Pérsico. Essa relação, no entanto, fracassou, supostamente porque a Índia teria atrasado os trabalhos após as ações norte-americanas ao país persa. Se tais sanções forem levantadas pelo governo do presidente Biden, é possível que as empresas indianas retomem os trabalhos com o Irã, fornecendo mais gás natural para seu mercado doméstico.
  1. A maior parte desses planos de energia limpa para a Índia é impraticável. A começar pela proposta de US$ 1,4 trilhão da AIE. O orçamento total da Índia para 2020-2021 é de cerca de US$ 420 bilhões. Em 2020, seu PIB ficou um pouco abaixo de US$ 2,6 trilhões. Em outras palavras, a Índia não pode se dar ao luxo de investir US$ 70 bilhões por ano para causas ambientalistas. E se o país decidisse investir em enormes mudanças de infraestrutura, sua população se beneficiaria mais com o atendimento de suas necessidades imediatas, como a universalização do saneamento básico. Em 2017, o ministro de energia indiano afirmou que, até 2030, não seriam mais vendidos carros movidos a gasolina e diesel no país. Essa é uma ideia absurda em vista das necessidades de transporte na Índia, do estado atual de desenvolvimento da tecnologia de veículos elétricos (VEs) e do nível de renda média das famílias indianas. Os VEs levam muito tempo para recarregar e têm autonomia limitada, por isso não são ideais para longas distâncias. Também gastam mais bateria no calor, e sabemos como o clima na Índia é quente. Os VEs seriam inúteis e até perigosos nas florestas da Índia Central ou nas estradas do Himalaia. Além disso, ninguém ainda é capaz de construir VEs acessíveis para competir no mercado indiano contra os motores de combustão interna vendidos pala Tata (NS:TAMO) e outros players locais. Por isso, os investidores devem considerar que o petróleo ainda será usado na Índia por muito tempo para abastecer seu sistema de transporte.
  2. Entretanto, não devem esperar um crescimento astronômico na demanda indiana, como ocorreu na China nos últimos seis anos. Uma das razões para esse crescimento tão significativo da demanda chinesa foi que o país aproveitou os preços baixos do petróleo no início de 2015 para expandir sua reserva petrolífera estratégica. Além disso, empresas privadas no país também ampliaram seus estoques (provavelmente sob a supervisão das autoridades centrais). A Índia também possui uma reserva estratégica de petróleo, mas não seguiu os passos chineses. Daí porque os investidores não devem esperar um enorme salto no consumo petrolífero da Índia, que muito provavelmente não gastará tanto para expandir seus estoques. Em vez disso, a demanda indiana deve ficar mais alinhada à sua capacidade de refino.

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