O Ibovespa inverteu o sinal negativo da primeira semana do ano e encerrou a segunda em alta de +1,33 por cento, aos 106.927 pontos. No acumulado, a valorização foi de +4,10 por cento, enquanto as bolsas americanas e europeias acumularam perdas.
Se você acompanha o sobe e desce dos investimentos na bolsa, deve conhecer uns 10 amigos que infartaram em 2021 (risos).
Brincadeiras à parte, 2022 promete ser ainda mais conturbado politicamente no Brasil, e podemos esperar que o mercado financeiro seja afetado pelas dinâmicas eleitorais. Entenda o que está acontecendo.
Opção de Lula por Mantega
Com a chegada das eleições presidenciais, estamos sofrendo agora em grande parte porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva escalou Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de sua gestão e de Dilma Rousseff, como um porta-voz na área econômica, o que foi visto pelo mercado com grande preocupação.
Todos os presidenciáveis sabem, lá no fundo, que é necessário ter uma política fiscal crível, de contenção de gastos, para evitar novos aumentos na taxa de juros e recessões futuras. Não custa lembrar que a crise entre 2015 e 2016 culminou no impeachment da ex-presidente Dilma.
Desmonte do teto de gastos
No encerramento de 2021, a emenda constitucional do teto de gastos completou cinco anos e passou por mudanças significativas feitas pelo atual governo. A norma foi alterada para expandir gastos por meio da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios. Conforme se aproximam os debates eleitorais, crescem as pressões em relação aos gastos públicos sem a implementação de novas medidas para cortar custos e aumentar as receitas.
O mercado está precificado
O mercado já precificou um cenário bem ruim nos últimos meses, com os juros futuros em alta. Existe uma descrença muito grande em torno da política fiscal que será adotada pelo próximo presidente.
É difícil prever o que pode acontecer, mas a bolsa brasileira tem potencial para encerrar 2022 na máxima histórica, entre 130 mil e 140 mil pontos. Destacamos também que, se o próximo presidente demonstrar racionalidade, do ponto de vista econômico e sinalizar uma política fiscal crível, as expectativas tendem a se reverter.
Por fim, apesar do tom populista que algumas campanhas costumam adotar, acreditamos que o senso de sobrevivência e o pragmatismo devem prevalecer após as eleições.