Os confinadores estão fazendo as contas e certamente o rebanho confinado este ano sofrerá redução, principalmente em função da cotação do boi magro e dos alimentos.
Em relação aos alimentos, o milho preocupa, principalmente em função da disponibilidade interna.
Para a entrega imediata há pouco milho disponível e, se considerarmos a colheita de segunda safra (safrinha), que começou, grande parte foi comercializada para entrega futura, ou seja, está nas mãos das tradings.
A produção de segunda safra está estimada em 52,9 milhões de toneladas (IBGE), queda de 3,0% em relação à safra 2014/2015. Como este ano as chuvas cessaram precocemente em importantes regiões produtoras, a produtividade caiu e a frustração de safra esperada é de 10%. Estes números ainda deverão ser revisados para cima.
A oferta será menor, o que limitará as quedas do preço, que geralmente ocorrem com o avanço da colheita.
MERCADO FUTURO
Analisando o pregão na BM&FBovespa (SA:BVMF3), os contratos de milho com vencimento em julho tem sido negociados ao redor de R$46,00 por saca de 60kg (27/5/16), o que representa um recuo de 13,2% frente às cotações no mercado físico em 25/5/16, cujo valor médio era de R$53,00/saca de 60kg, considerando a região de Campinas-SP. Esse patamar de preços está bem acima do vigente em 2015, cujo preço médio era de R$25,00 por saca de 60kg, no mesmo período.
Paralelamente, os preços do boi gordo no mercado futuro estão subindo. Para outubro, as cotações projetadas são de R$167,00/@ (27/5/16), o que equivale a uma alta de 7,8% frente aos preços vigentes no mercado físico em 25 de maio, (R$154,00/@, à vista), em São Paulo.
Nos últimos 10 anos, entre maio e outubro a alta média foi de 7,6%, e considerando um passado de quatro anos, a média foi de 5,6%.
RELAÇÕES DE TROCA COM O MILHO E COM O BOI MAGRO
Considerando a praça de São Paulo, é possível comprar 2,9 sacas de 60kg de milho com o valor de uma arroba de boi gordo.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando a cotação média da arroba do boi gordo era de R$147,00, compra-se 50,0% menos milho. É a pior relação de troca desde maio de 2015.
Entretanto, com a melhora puxada pela alta nos preços do boi gordo e o alívio esperado nas cotações do milho devido ao avanço da colheita de segunda safra, a relação de troca prevista para julho está estimada em 3,5 sacas de milho por arroba. Esta relação de troca está 20,1% melhor que a vigente. Se voltarmos ao mesmo período de 2015, ela estava em 5,5 sacas, ou seja, duas sacas a menos adquiridas por arroba (figura 1.).
Considerando a relação de troca com a reposição, a valorização nesses cinco meses foi de 0,5% para o boi magro (12@) e de 3,7% para o boi gordo, o que melhorou o poder de compra do invernista (figura 2).
Em maio, na média até o dia 24/5, 13,11 arrobas de boi gordo compravam um boi magro, 1,8% menos, frente a dezembro de 2015, quando eram necessárias 13,35 arrobas de boi gordo.
Se, por um lado temos uma demanda melhor devido à temporada de confinamento, por outro, devido à situação ruim das pastagens ocorre uma diminuição na procura pela reposição, o que, em curto prazo, deverá manter o mercado calmo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora o cenário seja incerto, o segundo giro do confinamento poderá ser maior que o primeiro, frente à essas projeções.
Desta maneira, a oferta de bovinos terminados a partir de outubro, mesmo que restrita, tende a ser um pouco maior, o que pode alterar as cotações futuramente.
Paralelamente, com o avanço da colheita da segunda safra, as cotações do milho tendem a ceder, gerando oportunidade de compra a preços menores. Sempre a depender da magnitude da quebra da safrinha que está chegando.