A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta terça-feira, 20, o ajuste na previsão da safra de café na safra 2022. Segundo o 3º Levantamento do grão para a atual temporada os produtores brasileiros de café deverão colher 50,38 milhões de sacas. A colheita já está no final e atinge 99% da área destinada para a cultura. O volume estimado representa um aumento de 5,6% em comparação ao ciclo de 2021.
Para o café arábica, a Conab espera uma produção de 32,41 milhões de sacas, acréscimo de 3,1% em comparação com a safra anterior. No caso do conilon, a Companhia projeta um novo recorde de produção, estimado em um volume próximo a 18 milhões de sacas beneficiadas do produto, acréscimo de 10,3% em relação à safra anterior.
Para o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, o ajuste realizado pela Companhia foi importante para mostrar a realidade da safra que está sendo colhida. “O CNC trabalhou desde o início apontando de forma técnica que não teríamos uma super safra, visto os eventos climáticos de seca prolongada e geada. Agora, julgamos que os números da Conab se aproximam da realidade”.
Investimentos na metodologia
O CNC defende de longa data mais investimentos na Conab e parcerias público-privadas para a melhoria da metodologia de previsão de safra. “Somos favoráveis que a Conab receba mais investimento público, mas que também haja parceria com a iniciativa privada. A tecnologia evoluiu substancialmente nos últimos anos, principalmente com relação a qualidade dos satélites e dos equipamentos de sobrevoo, como os drones. Temos discutido sempre nos Comitês de Estatística e de Pesquisa & Tecnologia do CNC a possibilidade de novas metodologias serem aplicadas no levantamento da safra corrente. Assim, de forma estratégica, as cooperativas e os produtores poderão comercializar seu café no momento mais oportuno, sem sofrerem tanto com a especulação mercadológica”, defende Silas Brasileiro.
Números apresentados
De acordo com o levantamento da Conab, a área destinada à cafeicultura nacional em 2022 é de 2,24 milhões hectares, sendo 1,84 milhão de hectares para lavouras em produção e 402 mil hectares de área em formação, o que representa leve aumento de área total cultivada em comparação à safra passada. A produtividade média nacional de café também deve crescer e é projetada em 27,4 sacas por hectare, 3,7% maior em relação ao ano anterior. No entanto, apesar da recuperação registrada, o aumento é inferior ao esperado para 2022 por ser um ano de bienalidade positiva.
“O clima adverso influenciou de maneira negativa as produtividades nos dois últimos ciclos. Em 2020 o desempenho da planta foi influenciado pela falta de chuvas e no ano passado, além da estiagem, foram registradas fortes geadas em importantes regiões produtoras”, explica o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas, Sergio De Zen.
“O crescimento é limitado pela falta de chuvas na fase reprodutiva da cultura, ainda em 2021, e pelas geadas ocorridas em junho e julho do ano passado, principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais”, avalia a superintendente de Informações da Agropecuária da Companhia, Candice Romero Santos.
Fortemente impactado pelo clima adverso, o estado mineiro, principal produtor de café no país, tem produção estimada em 22 milhões de sacas, volume próximo da estabilidade com leve recuo de 0,5% em comparação com a colheita de 2021. A maior redução ocorreu no sul do estado, com uma queda na produtividade em torno de 17,8%.
Principal produtor de conilon no Brasil, o Espírito Santo tem produção projetada em 12,23 milhões de sacas, incremento de 9% em relação à safra anterior. Neste ano, Rondônia se coloca como o segundo maior produtor dessa variedade do grão, com colheita estimada em 2,8 milhões de sacas do produto beneficiado, seguido da Bahia com colheita esperada em 2,33 milhões de sacas.
“É fundamental dizer que os produtores de café do Brasil recebem atenção muito especial da equipe da Conab. O presidente Guilherme Ribeiro, o diretor Sérgio De Zen e toda a equipe estão em contato permanente com o CNC, na busca da viabilidade de parcerias para que os levantamentos de safra sejam os mais realistas possíveis, sendo também publicados nos momentos corretos e estratégicos”, finaliza Silas Brasileiro, presidente do CNC.