No último domingo, 28, tivemos o primeiro debate na TV com os seis candidatos à Presidência da República na eleição de 2022.
O que esperar destas eleições?
Com relação às políticas a serem implementadas pelos dois líderes das pesquisas, o "consenso de mercado" é:
O atual presidente Jair Bolsonaro (PL) faria um governo de continuidade: teríamos algumas privatizações pontuais, leilões de infraestrutura e concessões, mas ainda com pressão por mais gastos.
O consenso é que Bolsonaro seria bom para as estatais (podendo ser privatizadas), para o Agro e a Infraestrutura. Ou seja, exatamente o que foi seu primeiro mandato.
Caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhe: estatais fortes e sendo utilizadas como ferramentas de política pública, incentivos ao consumo e pressão por mais gastos.
O consenso diz que Lula seria ruim para as estatais e bom para as varejistas e empresas de consumo interno. Um governo mais parecido com seu segundo mandato.
Ambos pressionariam por mais gastos e mudanças nas regras do teto de gastos.
"Gasto é vida"
Está estampado em nosso DNA a ideia de que o Estado brasileiro é o indutor do desenvolvimento e cabe ao Estado resolver nossos problemas.
Esse é o maior problema do Brasil desde Pedro Álvares Cabral.
O grande problema do Brasil é um Estado grande e ineficiente.
Um Estado que cobra impostos demais e impede que empresas sejam criadas.
Que tira dinheiro do bolso do trabalhador e desperdiça em obras mal feitas e superfaturadas.
Um Estado que gasta demais, puxa os juros para cima e destrói a economia.
É o mesmo problema que vemos na Argentina.
Como agravante, nossa dívida já está bastante elevada.
Por isso, a expectativa de gastos públicos define as expectativas de mercado.
Ano de eleição: batalha de expectativas
Os mercados sempre antecipam. Acertam ou erram, mas antecipam.
É claro, tudo depende de como estão as expectativas do mercado antes das eleições.
Em 2002, o mercado despencou e bateu a mínima em outubro, morrendo de medo da política econômica de Lula.
Mas Lula surpreendeu em seu primeiro mandato e fez um governo bom para a bolsa (ajudado pelo superciclo de commodities).
Em 2006, a reeleição de Lula foi de continuidade e o mercado manteve sua tendência de alta.
Em 2010, as políticas econômicas já começavam a mudar, alguns analistas já chamavam a atenção para o aumento substancial de gastos.
A restrição de gastos de Lula 1 já dava lugar à gastança maior de Lula 2 e Dilma vinha para acelerar a participação do Estado na economia.
Mas ainda nos recuperávamos da crise gringa de 2008 e nosso mercado apenas seguia o SPX.
Em 2014, já estava claro que a gastança desenfreada de Dilma estaria levando o Brasil para o buraco (com alçapão).
Em uma eleição bastante disputada, a bolsa manteve o otimismo até setembro, mas despencou até o impeachment (em março de 2015).
Já em 2018, após as reformas e recuperação do governo Temer, o mercado se animou, começando um rally em junho acreditando na vitória de Bolsonaro.
E em 2022?
2022: antecipando a antecipação
O mercado foi "mais esperto" em 2022.
Com a alta dos juros de 2021, o mercado brasileiro aproveitou para precificar as eleições antecipadamente.
Despencamos em 2021 e, mesmo com mercado americano caindo em 2022, seguramos as altas (beneficiados pelas commodities).
O mercado se antecipou à antecipação que normalmente acontece em eleições e caiu antes.
O segundo semestre de 2021 foi péssimo para a bolsa.
Mesmo com perspectivas de maiores gastos pelos dois principais candidatos (e SPX caindo), 2022 está sendo bom para o Ibovespa.
P/L e EV/Ebitda baixos: bolsa barata
Os analistas estão otimistas com a bolsa, pois estamos em um patamar bastante barato para as ações brasileiras.
Com commodities valorizadas, dólar em patamar elevado (commodities) e PIB melhor que o esperado, os resultados das empresas brasileiras estão vindo muito melhores que o esperado.
Como vemos acima, pagamos pouco pelos lucros (Preço/Lucro baixo a 6,5x) e pelo Ebitda (EV/Ebitda reduzido de 4,5x) das empresas do Ibovespa.
Ao mesmo tempo, os EUA estão subindo juros e suas empresas ainda negociam a múltiplos historicamente elevados.
Nossa bolsa está barata.
Os analistas entendem que já precificamos uma grande crise (estamos com P/L e EV/Ebitda menores que na crise de 2014/2015) sem termos uma crise.
Mas os traders ainda veem muitos riscos com as eleições.
Chegou a hora de comprar?
Não tente antecipar o futuro
Concordo. É bastante difícil controlar a ânsia de tentar prever o futuro.
Tentar comprar quando achamos que vai subir e tentar vender quando achamos que vai cair.
No entanto, os grandes investidores mundiais nos recomendam o exato contrário.
Pare de tentar gastar tempo e dinheiro tentando prever movimentos de mercado de curto prazo.
Faça como Peter Lynch: vença seus vieses, escolha ganhar dinheiro.
Como a nossa bolsa está negociando a patamares de crise sem crise, é hora de comprar.
É claro que existem riscos, mas sempre existem riscos. A probabilidade está ao nosso lado.
É hora de comprar boas empresas a bons preços.
Como ganhar dinheiro em ano de eleições?
O grande problema dos investidores é não compreender as expectativas antes de tomar sua decisão.
O mercado é um jogo de poker.
Você não precisa apenas entender as cartas em sua mão, precisa entender também as expectativas de seus adversários.
Apesar do consenso de mercado fazer completo sentido, as coisas podem mudar. As coisas sempre mudam.
É dificílimo ter a velocidade e o "cheiro de mercado" para acertar os movimentos.
É muito mais fácil e lucrativo estar do lado das ótimas empresas.
Empresas que ganham com Bolsonaro. Empresas que também ganham com Lula.
Empresas que crescem com Bolsonaro. Empresas que crescem com Lula.
Negócios ótimos que possuem uma dinâmica de crescimento de resultados que depende muito mais delas que de quem senta no Palácio do Planalto.
A longo prazo, os resultados de nossas empresas continuam fortíssimos.
A longo prazo, as cotações seguem resultados.
Junte-se a nós.