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Comprar aos 100 Mil Pontos Faz Sentido? Tese de Correção é Colocada em Xeque

Publicado 16.07.2020, 09:28
IBOV
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"Não seja um herói. Não tenha um ego. Sempre questione a si mesmo e as suas habilidades. Nunca pense que você é muito bom. O momento em que pensar. Você está morto." --- Paul Tudor Jones

No último texto fui bem enfático em não acreditar no rompimento da faixa de 100-98 mil pontos de uma vez, sendo necessário pelo menos um pullback (retorno para as médias) para encontrar uma melhor relação de risco x retorno para compra.

Um mês depois estamos na mesma briga, mas graficamente muito mais próximo de romper o topo, o que foi totalmente contra a tese. Isso não significa que o risco x retorno está melhor e que vou encher o carrinho como feito na terceira semana de março, mas se está errado o cenário é preciso revisá-lo e ir além para entender melhor todo esse otimismo do mercado.

Essa onda otimista que tomou conta do mercado, a qual intitulo como ajuste de expectativa após um pessimismo de igual proporção ou até maior em março, está baseado nas projeções de recuperação em “V” da economia. Em termos conceituais, os investidores estão colocando na conta uma recuperação mais vigorosa e rápida após uma queda brusca dos indicadores econômicos, algo como ocorreu em 2008/2009 quando o Brasil (e o mundo) afundou na crise financeira e seis meses depois iniciou uma trajetória de recuperação até chegar em 2010.

Para ter uma noção melhor da onde vem a atual recuperação em “V” basta dar uma olhada nestes indicadores econômicos que são chaves na composição do PIB:

Mas se tudo estava fadado para quebrar e o maior apocalipse econômico estava programado, como a economia se recuperou tão rápido e os mercados dispararam das mínimas? Resposta: medidas de estímulos também sem precedentes em caráter emergencial.

Assim como em 2008/2009 e outras crises da década passada, os programas fiscais e monetários orquestrados pelos bancos centrais serviram como um verdadeiro colchão para a economia global, pois evitaram uma quebradeira em massa do setor corporativo via inúmeras formas de estímulo (queda de juro, compra de títulos, empréstimos, etc.). Assim como do lado fiscal os governos abriram os cofres para segurar a poupança das famílias.

Para se ter uma ideia do tamanho dos pacotes de estímulos, vale a comparação com o montante gasto nos EUA durante a crise atual e com a crise do subprime:

Fonte: Brasil Capital - Carta 2T20

Por aqui, segundo os últimos cálculos da equipe econômica, 10% do PIB projetado para esse ano está comprometido ao combate da pandemia e esses valores podem ser ainda maiores (no Brasil e no mundo) caso uma segunda onda do Covid-19 apareça. Porém, até agora e isso não tem como ter a mínima certeza, o aumento dos casos não está sendo acompanhado pelo aumento das mortes, ou seja, as medidas fortes de restrição não devem ser impostas e o que é necessário é seguir trabalhando no controle da pandemia, sem falar da vacina que felizmente está próxima.

Pois bem, mesmo achando um pouco tarde para os investidores se ligarem do poderoso efeito das medidas de estímulos na economia, lembrando que todos esses programas foram viabilizados entre a terceira semana de março e o começo de abril, não tem como ir contra o fluxo e ele está comprador.

Não tem como contra argumentar que estamos passando por um ajuste positivo em uma verdadeira corrida de quem ficou de fora do movimento de alta + busca por rentabilidade contra uma renda fixa que não paga mais nada. Esse efeito (forte expansão monetária e fiscal mundial) está segurando o mercado e colocando em xeque a tese por uma correção mais forte para buscar um melhor risco x retorno.

Então está bom. Já sabemos o que sustentou o rali do segundo trimestre. Tendo como base que o mercado trabalha com expectativas e elas estão sendo ajustadas, para jogar fora a tese que encher o carrinho aos 100 mil pontos não é justificável pela falta de um bom risco x retorno é preciso projetar o segundo semestre e responder as seguintes questões: essa recuperação em “V” baseada em estímulos fiscais/monetários é sustentável? Somente o fluxo será capaz de sustentar o quarto mês consecutivo de alta após subir 40% desde 70K?

Sobre a questão do fluxo é impossível saber até onde vai o apetite do investidor diante de uma Selic estruturalmente baixa, em especial do estrangeiro que ficou fora de toda alta e tem uma liquidez abundante a preços ridiculamente baixos em suas mãos para especular, o que no mercado é conhecido como hot money. Sem dúvida esse ponto é o que mais me preocupa, de estar perdendo o bonde dos 100 mil pontos e sabendo do velho ditado do mercado que contra o fluxo não se brinca. Com isso, vou dizer que fico até tentado em mudar minha cabeça.

Porém, quando paro para olhar sobre essa recuperação em “V” + tudo que foi explicado no artigo passado sobre a péssima relação de risco x retorno no patamar atual + sabendo que enchemos o carrinho no final de março justamente por acreditar que houve um exagero dos investidores e agora as expectativas estão alinhadas = prefiro pagar para ver e ser aquele advogado do diabo que me atormentou por comprar na faixa de 80/70 mil pontos.

Como explicado, esse colchão de dinheiro de fato amorteceu a queda e por ser emergencial ele deve ser desinflado aos poucos. Levando em conta essa premissa, é possível imaginar que não há muito upside para capturar com o “desmame” da economia, já que novos estímulos desta magnitude dependerão de uma piora econômica significativa, o que não parece o caso nas condições de hoje.

Para ficar bem claro não estou dizendo que os estímulos serão retirados de uma hora para outra, longe disso. E crer nisso é loucura dado que acredito que a recuperação da atividade será gradual, ou seja, os principais BCs deverão permanecer com postura extremamente estimulativa, mas colocar na conta e comprar acreditando que uma nova onda de estímulos deste tamanho (corte de juros, QE e afins) será vista por agora não parece sensato.

Se levar em conta a teoria, conforme essas medidas fiscais vão vencendo, o que restará será uma economia com o setor corporativo bastante endividado, taxa de desemprego elevada e a poupança familiar em baixa, sem falar do fiscal comprometido de todas as formas possíveis como revelam as últimas projeções do Tesouro Nacional.

Vale lembrar que haverá mais um componente de risco relevante nos próximos meses que será as eleições norte-americanas e que historicamente resulta em aumento da volatilidade, mas isso fica para um outro artigo. O que importa agora é: vale encher o carrinho aos 100 mil pontos?

Minha resposta segue como NÃO por acreditar que o verdadeiro bonde da compra passou e agora estamos em meio uma euforia que a recuperação será cristalina, o que não acredito. Por enquanto a tese está sendo colocada em xeque e o rompimento de 100 mil pontos no Ibovespa está cada vez mais próximo, sendo que o fechamento desta semana será decisivo para mudar de ideia ou definitivamente reforçar a posição.

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