Nos últimos meses tem sido mostrado na mídia diversas notícias relatando sobre assessores de investimentos que deram recomendações desalinhadas com o cliente e que causaram prejuízos (milionários em alguns casos).
Bom, como em qualquer profissão, vão existir profissionais sérios e comprometidos em fazer um bom trabalho e profissionais que só olham para os próprios interesses. E aí, a ideia desse artigo é dar algumas dicas de como você pode se blindar dessas recomendações ruins.
Sim, aqui quem fala é um assessor de investimentos e estou prestes a dar dicas de como você pode se proteger de um assessor ruim.
Dica número 1: Avalie se o seu assessor usa muita palavra técnica para falar sobre algum produto. Se o discurso está muito técnico e você não consegue entender, pode ser um indício de que aquela alocação talvez não seja tão interessante assim.
Se você ficou com dúvida, se o discurso está carregado de economês, não hesite em pedir mais esclarecimentos sobre os riscos envolvidos, sobre o prazo da operação e sobre a liquidez e tudo aquilo que você achar pertinente.
Lembre-se: a conta é sua, a palavra final é SUA.
Dica número 2: Avalie a liquidez da sua carteira. Tome cuidado com operações de prazo muito longo. É sempre muito importante verificar como estão os prazos de vencimento da sua carteira. Se tem muito ativo de prazo alongado, não vai fazer sentido colocar mais produtos de longo prazo.
Sim, nós sempre falamos que os investimentos são para longo prazo, mas é importante ter ativos com vencimento mais curto para reduzir o risco total da carteira.
E cuidado: nem sempre os ativos possuem liquidez no mercado secundário, tal como alguns assessores sinalizam. Aquele COE de taxa mais alta pode ser um caso desses, tome cuidado para não ficar com o dinheiro preso.
Dica número 3: Você tem total direito de saber qual a remuneração que o assessor terá em cima de uma recomendação feita.
Convido você, leitor, a conhecer a resolução CVM 179/2023. Nela está explicitado que o nós, assessores precisamos evidenciar possíveis conflitos de interesse em alguma recomendação e que é DEVER nosso informar sobre as comissões recebidas pelos investimentos feitos pelo cliente em caso de questionamento.
Você pode perguntar sobre o ROA da operação, a CVM te empodera para isso. É do ROA que vem a nossa comissão enquanto assessor.
No geral, investimentos de maior risco, de maior prazo ou de maior complexidade tendem a ter ROA mais alto, que podem chegar a mais de 5% sobre o capital alocado.
Imagine um COE com um ROA de 2% e que um assessor aloque R$ 100.000 nesse produto. Só essa alocação irá gerar R$ 2.000 de receita (que será dividida com o escritório e daí repartida com o assessor).
Dica número 4: Essa é um pouco mais filosófica, mas acho uma estratégia válida. Você pode perguntar se o assessor recomendaria o produto que ele está te oferecendo para a mãe dele. Envolver mãe no negócio é algo mais sério e se você perceber que o assessor deu uma enrolada na resposta, provavelmente ele não acredita que o produto seja tão bom assim.
Gosto de partir do seguinte princípio: se eu não vendo o produto para mim, não vendo para outras pessoas. A recomendação precisa ser de produtos que eu verdadeiramente acredito no potencial.
Dica número 5: Avalie o seu assessor fica te pressionando para fazer tudo na velocidade de luz, para ontem. Bom, é claro que tem pessoas que acabam deixando os investimentos para segundo plano e só postergam o começo da estratégia. Considero válido também relembrar o cliente de tempos em tempos sobre a importância de colocar a estratégia em prática, mas não há necessidade de se ter pressa.
Tem cliente que realmente deixa os investimentos de lado, mas tem outros com uma correria sem fim em diversas áreas. Ele só precisa que você seja paciente. De nada vai adiantar pressionar a pessoa, ela pode acabar se sentindo coagida e acuada. Desse jeito, uma boa relação de troca e com potencial de crescimento já se perdeu.
Bom, era isso que eu tinha pra hoje e tudo que eu trouxe aqui foi baseado na forma como conduzo o meu trabalho e nos princípios que eu defendo desde quando comecei no Mercado em 2020. O jogo é de longo prazo e não faz sentido algum querer aquela receita a mais agora empurrando algum produto ruim.
O cliente perde, o assessor perde e o Mercado também perde. É um retrocesso em tudo que foi construído até aqui.