Se você investe há algum tempo, provavelmente já ouviu falar nos termos “Vieses Comportamentais” ou “Vieses do Investidor”. Eles nada mais são do que representações das influências psicológicas, emocionais e de comportamentos que influenciam as decisões dos investidores, o que, obviamente, pode ser algo bastante negativo.
De forma resumida, eles mostram que investir não é uma atividade intrinsecamente racional, como muitos costumam pensar.
Atualmente, por exemplo, tenho visto muitos investidores tomados por dois importantes vieses: o “Viés da Perda” e a “Heurística da Disponibilidade”, sobre os quais falarei ao longo deste conteúdo.
Por isso, ter clareza de quais são os principais e saber como evitá-los é fundamental para a construção de um patrimônio duradouro no longo prazo.
Feita esta introdução, começo a análise pelo chamado “Viés de Ancoragem”. Basicamente , ele faz com que uma informação inicial sobre determinado ativo passe a ter maior relevância na tomada de decisão. Isto porque a primeira impressão, como diz o ditado, é a que fica.
Se “ancorar” em um preço de ativo que já atingiu o teto e acreditar que isso possa se repetir é um ótimo exemplo do que digo e que pode paralisar o investidor em uma posição ao longo do tempo que, no fim das contas, o impede de surfar em outras negociações mais atraentes.
Neste ponto, é fundamental explicar que, para evitar este comportamento e qualquer outro, é preciso primeiro identificá-los. O próximo passo é seguir a sua estratégia, independentemente do momento.
O segundo viés diz respeito a chamada “Heurística da Disponibilidade”. Este nada mais é do que um processo mental que usamos para tomar decisões com base na facilidade com que exemplos relevantes vêm à mente.
Isso significa que, quando avaliamos uma situação, tendemos a confiar mais nas informações que são fáceis de lembrar do que nos dados mais difíceis de rememorar.
Isto pode levar, por exemplo, um investidor a segurar posições de prejuízo acreditando em uma virada no mercado a partir de um novo governo. E ele faz isso sem considerar os resultados das companhias em questão, uma péssima decisão, sem a menor dúvida.
Além disso, temos a chamada “Aversão a Perda”. Neste caso, trata-se de um comportamento no qual os investidores priorizam a segurança e não seguem com aplicações financeiras mais arriscadas, mas que poderiam trazer retornos mais expressivos ao longo do tempo.
Por outro lado, este viés guarda forte relação com o “Viés da Ancoragem”, explicado mais acima, pois, ao não realizar o prejuízo, o investidor ancora-se em preços passados dos ativos para justificar a manutenção da posição.
Psicólogos explicam que a dor de uma perda tem um impacto muito forte e gera mais lembranças do que o prazer obtido com os ganhos no mercado. Isto, em tese, nos ajuda a compreender melhor a questão.
Há também o “Viés de Recência”, que se caracteriza pelo apego aos fatos recentes e imediatos, sem se ater a questões mais antigas sobre o tema. Isto ocorre porque o nosso cérebro tem o hábito se apegar às informações mais “quentes”, deixando as outras “de lado”, por assim dizer.
Este ponto é de fundamental importância uma vez que a interpretação dos dados é a base de uma boa estratégia de investimentos e, uma análise mal feita pode resultar em prejuízos expressivos.
Em quinto lugar, podemos falar sobre o “Viés de Familiaridade”. Nele, o investidor é influenciado por vivências do passado ao alocar recursos em ativos já conhecidos. Tal pensamento pode prejudicar, e muito, os resultados no futuro, pois pode haver concentração em uma determinada classe em detrimento de outra sem, necessariamente, fazer sentido.
Outro comportamento bastante comum é o chamado “Excesso de Confiança”. Neste caso, investidores mais experientes e com conhecimento de mercado tendem a sentir mais confiança na hora de alocar seus recursos, o que, em algum momento, pode prejudicar a reflexão em torno das decisões de investimento.
Aqui, o principal, como nos demais, é compreender a existência desse viés, ter a clareza de que a mente humana tem suas limitações e o mercado, seus riscos. E, a partir disso, calibrar a estratégia de modo que o patrimônio fique protegido de investimentos ruins.
Em sétimo lugar, temos a chamada “Ilusão do Controle", caracterizada pela superestimação de acertos e subestimação dos erros. Aqui, é possível enxergar uma forte relação com o viés descrito acima. Em conjunto, o excesso de confiança e a ilusão de controle podem deixar a visão do investidor turva em relação a riscos.
E ao não mensurá-los, sabemos que os impactos para a carteira podem ser irreversíveis.
Há também o “Efeito de Dotação”, que diz respeito ao fato de que algo representa mais em valor para o seu proprietário do que para o mercado.
Isto ocorre por conta do valor subjetivo que damos às coisas, considerando no preço o esforço para conquistá-los ou a representatividade daquilo em nossas vidas.
Por último e não menos importante, temos também o chamado “Viés da Confirmação”, que ocorre quando a pessoa tenta buscar, interpretar e lembrar informações de modo que confirmem crenças e hipóteses já existentes, sem buscar um contraponto.
Todos os vieses descritos acima têm seus problemas particulares e podem causar danos irreversíveis. Em alguns deles, deixei caminhos que podem ajudar o investidor, porém, a mensagem principal deste artigo é ressaltar a importância da disciplina.
É preciso ter uma estratégia bem definida e segui-la, seja em momentos de calmaria ou de tempestade. Ser (BVMF:SEER3) levado por “achismos” e outras armadilhas mentais pode ser catastrófico para o seu patrimônio.
Agora que você já leu este artigo, sabe dizer se algum dos vieses acima têm afetado os seus resultados? Comente aqui e até a próxima!
Bons negócios!