Após uma sessão de fortes ganhos na segunda-feira, 3, os ativos brasileiros passaram por uma correção na terça-feira, 4.
Depois de subir quase +2% ao longo da sessão, o Ibovespa perdeu força e fechou em leve alta de +0,08%, aos 116.230 pontos, pressionado pela queda de blue chips como Petrobras (PETR4 (BVMF:PETR4)) e Banco do Brasil (BBAS3 (BVMF:BBAS3)).
As duas estatais foram beneficiadas pelo otimismo do mercado com o cenário político no primeiro turno.
A distância entre Lula e Bolsonaro acabou sendo bem mais estreita do que o esperado, alimentando a expectativa de que os candidatos busquem o centro para conquistar votos.
As respostas do mercado
Suponhamos que Lula ganhe. Nesse cenário, o temor do mercado é que a gestão petista intervenha nas estatais.
Em caso de vitória de Lula no 2º turno, poderíamos ter alguma alteração de política dos preços dos combustíveis. É importante notar que essa variável é de grande relevância no resultado final da empresa. No entanto, para haver uma mudança efetiva, precisaria alterar a Lei das Estatais [o que não é fácil de se fazer].
Por isso, o risco de interferência política nas empresas estatais não compensa e reitero minha preferência em Prio (BVMF:PRIO3), que negocia a menos de 6 vezes Ebitda, e BTG Pactual (BVMF:BPAC11), a 11 vezes lucros, onde estamos comprados no crescimento.
No mercado doméstico, o risco fiscal também levanta preocupações.
Em entrevista para o Estadão, Guilherme Mello, economista do PT, afirmou que, em eventual novo governo Lula, vão “revogar teto e criar um novo arcabouço fiscal”. O presidente atual, Jair Bolsonaro, também mencionou alterações no teto caso seja reeleito.
A expansão de gastos teria impacto sobre os juros, segundo Marília Fontes aqui da Nord. “Assim sendo, se aumentassem gastos, o mercado reagiria imediatamente aumentando os juros. Mas para a nova gestão, de fato, furar o teto, precisaria do aval do Congresso, o que agora ficou mais difícil”, diz.
Isso porque, com o resultado das eleições no primeiro turno, partidos de direita têm 249 votos na Câmara, enquanto para barrar qualquer mudança à Constituição precisaria de 206 votos.
Já no Senado, a direita tem 36 votos, enquanto para barrar qualquer mudança à Constituição precisaria de 33.