Na última semana, as ações da Alphabet (NASDAQ:GOOGL) subiram 9%, após a companhia superar amplamente as expectativas do mercado. O lucro por ação (LPA) ficou em US$2,81, acima da projeção de US$2,02, enquanto a receita do primeiro trimestre atingiu US$90,2 bilhões, alta de 12% em relação ao ano anterior e acima da estimativa de US$89,2 bilhões.
Embora a divisão Google Services tenha registrado crescimento modesto de 10%, alcançando US$77,3 bilhões, a unidade Google Cloud apresentou avanço anual de 28%, para US$12,3 bilhões, indicando que os investimentos em inteligência artificial estão se refletindo na expansão do Google Cloud Platform (GCP).
O Google também relatou que o recurso AI Overviews, integrado aos resultados de busca, já alcança 1,5 bilhão de usuários mensais, reforçando sua liderança em buscas online. Esses resumos gerados por IA são apenas parte de um ecossistema de inteligência artificial em rápida formação. A dúvida é se as funcionalidades de IA já estão plenamente precificadas nas ações da Alphabet.
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A estratégia da Alphabet: amarrar o usuário ao ecossistema
Diferentemente da Microsoft (NASDAQ:MSFT), que domina o mercado de sistemas operacionais para desktops, o Google consolidou sua presença oferecendo serviços em nuvem com versões gratuitas atrativas. Iniciativas como Gmail, Google Drive e a suíte de produtividade Workspace (antigo G Suite) consolidaram essa estratégia.
Segundo a Statista, em fevereiro de 2025, o Google Workspace detinha 45% do mercado de produtividade e colaboração, enquanto o Office 365 da Microsoft tinha cerca de 29%.
Além disso, o Android mantém 72% de participação no mercado global de sistemas operacionais móveis, fortalecendo ainda mais a integração entre os serviços da Alphabet.
Somado ao domínio do Android, ferramentas como a Play Store, Search, Maps, YouTube (com mais de 2,5 bilhões de usuários) e o navegador Chrome ajudam a mitigar a influência do Windows no ecossistema digital.
No mercado de infraestrutura de nuvem, o Amazon (NASDAQ:AMZN) Web Services lidera com 33%, seguido pela Azure (20%) e pelo Google Cloud (10%). Apesar disso, com a penetração do Chrome e do Workspace no Windows, a Alphabet tornou-se uma rival direta da Microsoft.
Enquanto a Microsoft aposta na integração do Windows, Office e Azure para fidelizar clientes, o Google promove seus serviços independentemente do sistema operacional. Ambas as empresas estão investindo pesado em IA como forma de consolidar uma vantagem competitiva duradoura.
Como o Google planeja superar a Microsoft Azure?
A Alphabet fortaleceu sua infraestrutura para a era da IA. No Google Cloud Next 2025, a empresa apresentou o Cloud WAN, prometendo desempenho até 40% superior ao de soluções tradicionais de redes WAN.
Com a crescente demanda por alta capacidade e baixa latência para aplicações de IA, o Google Cloud agora permite interconexão cruzada entre GCP, AWS, Azure e Oracle (NYSE:ORCL) Cloud Infrastructure (OCI).
Para sustentar esses avanços, a Alphabet destinou US$75 bilhões em investimentos para 2025, com foco na expansão da infraestrutura de nuvem.
A empresa também lançará a 7ª geração do seu processador de IA, o TPU Ironwood, no final de 2025. Segundo a companhia, o Ironwood será 24 vezes mais eficiente que o supercomputador El Capitan, que utiliza processadores AMD (NASDAQ:AMD) EPYC e chips Instinct MI300A.
Além disso, novos recursos como o GKE Inference, Pathways e suporte ao vLLM prometem aumentar em 40% o processamento de cargas de trabalho em IA, reduzir custos de servidores em até 30% e diminuir a latência em 60%.
Após críticas iniciais sobre o Bard (precursor do Gemini), a Alphabet evoluiu seu modelo. O Gemini 2.5 Pro, por exemplo, já supera muitos concorrentes em performance por dólar e capacidade de trabalhar com contextos longos e saídas multimodais.
O Gemini também busca competir com a OpenAI na área de geração de vídeos. Seu novo modelo, Veo 2, consegue criar vídeos de 8 segundos em 720p com realismo cinematográfico.
Apesar dos avanços, o problema de confabulação — criação de informações falsas pela IA — ainda persiste, impactando aplicações práticas.
Gemini 2.5 Pro: a grande aposta da Alphabet
Dois dias antes da divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025, o ‘The Tokenist’ destacou a oportunidade em GOOGL, quando as ações estavam em US$150,59. No momento da publicação, os papéis eram negociados a US$162,03.
Este nível de preço ainda se alinha à estimativa mínima de US$160 segundo o Wall Street Journal, mas o preço-alvo médio é de US$204,26, com potencial de atingir US$250, impulsionado por novos avanços do Gemini.