Como Keynes ganhou dinheiro
A teoria dos castelos no ar foi popularizada por John Maynard Keynes em um dos capítulos de seu livro “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e Da Moeda”, publicado em 1936, e se concentra no aspecto psicológico dos investimentos.
Segundo Keynes, o investidor não deve dedicar suas energias à estimação do valor intrínseco dos investimentos, mas sim analisar como a manada de investidores provavelmente irá se comportar no futuro e como (principalmente em períodos de otimismo) ela tende a construir castelos no ar para justificar suas decisões.
Dessa forma, o investidor de sucesso é aquele que consegue enxergar quais ativos são mais suscetíveis à construção pública de um castelo flutuante e então os compra antes da manada.
O economista acreditava que tentar descobrir o valor intrínseco dos ativos por meio da análise fundamentalista envolve muito trabalho e culmina em um resultado duvidoso.
Keynes não ficou apenas na teoria. Mesmo sem dedicar muito tempo à análise dos ativos, ele conseguiu ganhar milhões para si e multiplicou por 10 o patrimônio do fundo endowment de sua universidade, a King’s College, em Cambridge.
Em relação às ações, o economista postula que, como ninguém consegue prever o que realmente vai influenciar os lucros futuros, a maioria das pessoas não se preocupa em desenvolver projeções de longo prazo superiores, mas sim em prever mudanças nas premissas dos valuations um pouco antes dos demais.
Em função disso, Keynes aplicava princípios psicológicos em vez de fazer análises financeiras de valor ao estudar o mercado acionário. Ele escreveu: “Não faz sentido nenhum pagar 25 em uma ação que você acredita valer 30, se você também acredita que o mercado vai estar precificando a ação em 20 daqui a 3 meses”.
O mercado financeiro é um concurso de beleza?
É como se o mercado de ações fosse um concurso de beleza no qual o objetivo é escolher as 6 faces mais bonitas dentre um conjunto de 100 fotografias, e o prêmio vai para aquela pessoa que fez as escolhas que mais se parecem com as escolhas do grupo como um todo.
O jogador inteligente reconhece que os seus critérios de beleza são irrelevantes na determinação da face mais bonita. A melhor estratégia não é escolher a face que o jogador acredita ser a mais bela, nem a que outros jogadores podem achar mais bonita, mas sim tentar prever a opinião média que os outros vão tentar prever ser a opinião média.
A analogia do concurso de beleza representa a forma máxima da teoria do castelo no ar na determinação de preços. Um investidor só aceita pagar um determinado preço por uma ação porque ele espera vendê-la para outra pessoa a um preço maior, assim como o novo comprador só vai comprar porque antecipa que os compradores futuros vão atribuir mais valor à ação.
O preço não importa?
Nesse mundo o preço não importa, a única coisa que importa é que os outros possam estar dispostos a pagar mais pelo ativo no futuro. Não existe fundamento, não existe razão, apenas psicologia de massa, e tudo o que o investidor precisa fazer é se mover antes dos demais.
Essa teoria também é conhecida como a “teoria do mais tolo”, pagar 3x mais do que um ativo vale é considerado ok se você conseguir encontrar algum inocente que tope pagar 5x o que o ativo vale.
Robert Shiller, no seu livro “Exuberância Irracional”, argumenta que movimentos como a bolha da internet (ou bolha das empresas .com), que ocorreu no final dos anos 90 nos EUA, só podem ser explicados por meio da psicologia de massa.
Oskar Morgenstern, considerado um dos fundadores da Teoria dos Jogos, argumenta que a busca pelo valor intrínseco das ações é a busca pelo inalcançável/indeterminável. Para ele, todo investidor deveria ter a seguinte máxima em latim sobre sua mesa:
Em tradução livre: “Uma coisa vale apenas o que outra pessoa está disposta a pagar por ela.”
Você já conhecia a teoria dos castelos construídos no ar?
Acha que ela faz sentido?
Acredita que ela pode ser aplicada na prática ou que é radical demais?
Um abraço