Nome: Formula One Group
Ticker: FWONA
Fundada em: 1974, por Bernie Ecclestone
Preço: US$54,58
Valor de mercado: US$13,76 bilhões
Veículos velozes, alto risco de acidentes e grande destreza exigida dos pilotos: desde a antiguidade clássica as corridas são uma das principais formas de entretenimento popular. Porém se os gregos e romanos competiam em brigas puxadas por cavalos, hoje tanto os carros quanto a tecnologia evoluíram, com veículos atingindo mais de 350 km/h e contando com mais de 1.000 cavalos de potência.
A velocidade dos carros de Fórmula 1 hoje atrai uma legião de mais de 500 milhões de fãs no mundo todo. Com 23 corridas acontecendo nos cinco continentes, o campeonato é transmitido em mais de 170 países, com uma média de 90 milhões de público por evento. Como é de se imaginar, há muito dinheiro envolvido nos campeonatos. E quem ganha com isso é o Formula One Group.
O Formula One Group é a empresa responsável pela organização e promoção de todos os circuitos da categoria no mundo todo. Como recompensa, a companhia é remunerada por todos os direitos de imagem e de transmissão do campeonato. Isso, é claro, não ocorre sem contrapartidas. Para fomentar o crescimento do esporte e do modelo de negócios no mundo todo, a empresa também realiza investimentos parciais na construção de novas pistas e equipes.
Unidos venceremos
Apesar de todo o trabalho desenvolvido pelas montadoras e pela equipe do pit stop, a Fórmula 1 é vista por muitos como um esporte individualista, focado na figura do piloto, muitas vezes sem camaradagem entre pilotos de uma mesma equipe. Entre diferentes times, a rivalidade é ainda maior. Porém com a fundação do Formula One Group, montadoras rivais passariam a cooperar umas com as outras: até a década de 70, elas negociavam individualmente a divisão da receita da corrida com cada um dos circuitos do campeonato. Bernie Ecclestone acreditava que unidas, as montadoras teriam maior poder de barganha para negociar.
É verdade que a Fórmula 1 existe desde 1950, mas se hoje o campeonato é gigantesco, muito se deve a esse feito de Ecclestone. Com isso, as montadoras passaram a receber a receita dos anúncios que ficam em volta das pistas e conseguiriam mais recursos para financiar ainda mais desenvolvimento para seus veículos, além da expansão do esporte. Hoje os gastos com a elaboração e manutenção dos veículos de uma única montadora chegam a mais de US$300 milhões por ano.
Após estruturar a companhia de forma que os recursos provenientes das corridas fossem distribuídos mais igualitariamente, Ecclestone chefiou a empresa até 2005, quando realizou a venda da empresa para a CVC (SA:CVCB3) Capital Partners, após uma série de escândalos em que foi acusado de corrupção e práticas restritivas à concorrência. A companhia trocaria de mãos mais uma vez em 2016, quando foi adquirida pela Liberty Media, que detém o controle do Formula One Group até hoje.
Olho no velocímetro
À exceção do ano de 2020, em que cerca de metade de todas as corridas do campeonato foram canceladas, a receita da empresa vem crescendo em média 6,52% ao ano. Para o ano de 2022 é esperado que ela atinja uma receita bruta de US$2,44 bi. Considerando que o Formula One Group tem uma margem de lucro bruta de 30,8%, seria de se esperar que a companhia fosse extremamente rentável.
Contudo, desde 2017, quando a companhia registrou um lucro líquido de US$255 milhões, o Formula One Group em si não registra nenhum. O motivo para isso é principalmente o seu alto endividamento de longo prazo, com um custo de capital mais elevado que acaba pesando sobre o balanço da empresa. É verdade, porém, que o quadro do endividamento vem melhorando e que o prejuízo líquido da empresa já é menor do que o registrado em 2019.
Para o ano fiscal de 2021, a empresa tem um EBITDA projetado de número recorde, somando US$437 milhões, depois de um ano negativo em 2020. Além disso, a companhia deve apresentar lucro operacional pela primeira vez nos últimos cinco anos no fechamento deste ano fiscal, esperando atingir a marca de US$40 milhões.
Talvez a maior dificuldade para avaliar o Formula One Group seja a ausência de pares diretos. Da mesma forma como não há outra NBA ou outra NFL, é difícil realizar a comparação com outros players do setor de entretenimento. Dessa maneira, pode ser um tanto quanto complexo para o investidor avaliar se está pagando caro demais pelas ações da empresa. Por isso, ao avaliar negócios únicos como o Formula One Group, é sempre recomendado cautela: do contrário o investidor pode sair da pole position e acabar se tornando um retardatário.