No universo da alta renda, existem serviços e produtos desenvolvidos para atender desde os investidores mais experientes até os iniciantes. Depois de discutir o papel do Wealth Management em meu último artigo, hoje gostaria de explorar como funcionam os Family Offices, um tipo de serviço desenvolvido bastante personalizado para a gestão de grandes patrimônios.
Antes de mais nada, é importante explicar como esse ecossistema funciona.
Os Family Offices nada mais são do que estruturas dedicadas ao gerenciamento do patrimônio de famílias e grupos com volume financeiro elevado, englobando desde a administração de carteiras de investimentos até o planejamento sucessório. Tudo, como eu disse, de forma bastante personalizada e completa.
Essas estruturas contam com profissionais de diversas áreas, como direito, economia, investimentos e contabilidade, que fazem um trabalho minucioso de análise patrimonial, dimensionamento do padrão de vida, produtos de proteção (seguros e previdência),gestão de investimentos e Wealth Management como um todo.
Em geral, esses escritórios produzem relatórios detalhados e realizam reuniões periódicas com os clientes para apresentar um panorama completo das ações realizadas e do mercado.
Além disso, algumas estruturas dispõem de serviços de concierge, que podem incluir assistência em viagens, gestão de propriedades e serviços de filantropia.
Uma pesquisa realizada pelo banco suíço UBS ajuda a exemplificar um pouco do trabalho de um Family Office.
Segundo o estudo, as principais preocupações desses escritórios atualmente incluem riscos geopolíticos, mudanças climáticas e a possibilidade de crises de dívida, especialmente em países ocidentais com alto endividamento público.
O panorama traçado pela instituição deriva de entrevistas com mais de 300 family offices espalhados em mais de 30 mercados. Juntos, esses escritórios gerenciam um patrimônio de mais de US$600 bilhões.
Ainda segundo o relatório, os portfólios dessas casas voltaram a ter maior equilíbrio entre investimentos em ações e títulos de dívida, em reflexo ao aumento das taxas de juros ao redor do mundo.
Por conta de cenários assim, o papel de um Family Office se torna ainda mais crucial uma vez que a tomada de decisão, a cada ano que passa, fica mais complexa.
Quando o volume financeiro de um grupo é muito elevado, o cuidado é ainda maior diante do potencial de estragos que um erro pode causar.
Imagine, por exemplo, pertencer a uma família cujo patrimônio ultrapassa R$ 100 milhões, em um país com histórico de instabilidade econômica e política como o Brasil.
Nossa história recente, marcada por hiperinflação, impeachments e escândalos de corrupção, impactou significativamente a economia e a estabilidade da moeda.
Mesmo o Real, que alguns consideram a melhor moeda que o Brasil já teve, enfrentou desvalorizações importantes nos últimos 20 anos. Somado a isso, temos um estado inchado e uma carga tributária crescente, sem um plano econômico claro para o país.
Diante disso, torna-se evidente a necessidade de um planejamento patrimonial meticuloso, mesmo para quem não tem um patrimônio muito elevado. Este plano deve ser personalizado, considerando as particularidades de cada família ou indivíduo, como eu disse anteriormente.
Portanto, os Family Offices são uma solução integrada e completa, não apenas para preservar o patrimônio, mas também para garantir o crescimento sustentável dos recursos ao longo das gerações, levando em conta os riscos inerentes e outras variáveis específicas.
Eles são, sem dúvida, fundamentais para a manutenção e expansão de legados construídos, muitas vezes, ao longo de gerações.
Pense nisso e até o próximo artigo!