O tombo
Começamos a semana com queda de 7,7% da Bolsa chinesa (Shanghai Composite), tombo diário mais expressivo desde a crise de 2008, diante de medidas restritivas às corretoras para conter o ímpeto do capital especulativo.
De fato, os recordes do mercado local não parecem condizer com os seguidos alertas de incerteza emitidos pela economia...
Duas questões essenciais:
1) Se os recordes da Bolsa chinesa têm lastro na realidade, por que raios os preços de commodities metálicas, como o minério de ferro, estão derretendo? E se os ativos correlacionados com a economia chinesa estão nas alturas, como explicar o marasmo das ações da Vale?
2) No caso de uma eventual ruptura das Bolsas chinesa e americana, em recordes históricos, você acredita que a Bolsa brasileira absorveria parte relevante do capital em busca de ativos de risco? Ou evitariam um mercado de moeda exótica e baixa credibilidade regulatória, focando em ativos de classe global para proteção?
Como explicar isso?
Talvez haja uma explicação prática para a farra da Bolsa chinesa...
Acesso a dinheiro fácil e barato.
Juros zerados nos EUA... Farra do crédito e da alavancagem na China.
Para se ter ideia, os empréstimos via conta-margem de corretoras saltaram de 400 bilhões de yuans em junho do ano passado para 1,1 trilhão de yuans na metade de janeiro.
Isso mesmo: 1,1 trilhão de yuans emprestado para investidores que não possuíam dinheiro em conta na corretora para operarem.
Ou seja: 定时炸弹.
E se eu te disser que o fator que compensa o tombo chinês para a relativa estabilidade da Bolsa brasileira hoje é justamente a possibilidade de extensão da farra de liquidez até a Europa, a partir da perspectiva de programa de estímulos no Velho Continente?
O primeiro alerta
Por aqui, enfrentamos uma fase de correção de rota após período de estímulos mal-sucedidos...
O ajuste fiscal não trata-se de uma reforma estrutural para devolver o País à dinâmica do crescimento.
Trata-se, sim, de uma condição sine qua non para arrumação da casa. Resposta inevitável a algo que tornou-se insustentável.
É como afirmou o grande gestor de investimentos Luis Stuhlberger, em entrevista ao Valor:
“isso não resolve o nosso problema, nem de longe. Melhora a alocação de capital, mas não é por conta disso que você vai crescer. O que o governo está fazendo agora não são reformas, mas cortar coisas grosseiramente erradas...”
Para quem não percebeu, a questão do governo é generalizada.
A virada de mão nas políticas não trata-se de algo pessoal, antes contra as elétricas, depois contra educacionais, contra Petrobras, contra Embraer, contra montadoras, agora construção civil...
Um tanto óbvio, mas essencial: muito cuidado com empresas listadas que têm o governo como parte relevante de suas receitas.
O novo Alerta
Termino com um esclarecimento/alerta. Hoje abrimos mais 100 vagas para a série Microcap Alert, que tem gerado ganhos substanciais aos leitores em curto prazo.
O último alerta, da semana passada, acumula valorização de 19,8% em três pregões e meio:
Quando do lançamento inicial da série, com 500 vagas, alguns leitores do M5M entraram em contato cobrando um aviso do M5M, dado que as vagas já haviam sido preenchidas.
Portanto, fica o aviso desta vez.