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Como escolher um fundo de investimento? Dez dicas!

Publicado 14.03.2024, 06:00
IBOV
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Olá, pessoal. Na minha coluna de hoje, darei dez dicas para você escolher fundos de investimento. Além disso, na última delas, abordarei um ponto que seduz muitos investidores, mas, na verdade, se trata de uma baita armadilha na hora de pinçar fundos para investir. Vamos lá?

1) LEIA O PROSPECTO DO FUNDO E CONHEÇA-O PROFUNDAMENTE

Esse é o passo mais básico de todos: conhecer o fundo por completo. Veja a classe do fundo (é de ações - FIA? É multimercado - FIM? É renda fixa? Imobiliário - FII?). Dentro de cada classe, ressalto ainda que há diversos tipos de fundos (FIA long only? FIA long biased? FIA long & short? FII de tijolos? FII de papéis? FII de desenvolvimento? Renda fixa prefixada? Renda fixa pós-fixada? Etc.). O investidor deve analisar as diretrizes de investimento do fundo, bem como os principais direcionadores de risco.

2) ANALISE A REPUTAÇÃO DA CASA GESTORA E DOS GESTORES

Procure igualmente analisar o histórico da casa gestora e dos gestores do fundo (isto é, das pessoas que gerem o fundo no dia a dia). Confirme se ambos possuem a reputação ilibada e avalie suas formações acadêmicas, bem como trajetórias profissionais.

3) ENTENDA O MERCADO NO QUAL O FUNDO ATUA

Depois de conhecer bem o fundo, entenda o nicho de mercado em que ele atua. Por exemplo, um fundo multimercado macroeconômico é bastante diferente de um fundo multimercado quantitativo. E mesmo um FIM macroeconômico pode operar juros lá fora ou ações aqui no Brasil: podem ser coisas bastante diferentes. O objetivo aqui é você ficar confortável em investir no mercado de atuação do fundo.

4) IDENTIFIQUE OS RISCOS DESSE MERCADO E DA ESTRATÉGIA DO FUNDO

Junte agora os dois passos anteriores e analise com calma todos os riscos aos quais o fundo se expõe. Por exemplo, você pode desejar exposição ao dólar ou não, a depender do seu perfil. Um FIA que segue o Ibovespa com alta correlação estará sujeito aos mesmos riscos usuais da bolsa brasileira de ações, mas um FIA long & short pode ter quedas gigantescas mesmo com a bolsa brasileira subindo. Você pode procurar um fundo de renda fixa para acompanhar a taxa DI ou para estratégias mais ousadas de aposta, por exemplo, na alta da ponta longa da curva de juros em relação à ponta curta da mesma curva: serão dois fundos de renda fixa com estruturas de risco totalmente diferentes. Para investidores mais sofisticados, uma análise multifatorial pode ajudar muito na identificação dos principais fatores de risco da estratégia do fundo.

5) ANALISE RETORNOS PASSADOS EM DIFERENTES JANELAS TEMPORAIS

Analise o retorno acumulado do fundo, líquido de taxa de administração e despesas, em janelas de um mês, seis meses, um, três e cinco anos. Além disso, analise o gráfico do valor da cota líquida desde seu início. Os melhores fundos mantêm consistência histórica. E sempre compare os valores acima, bem como o gráfico, com o benchmark do fundo e com fundos similares. Em momentos de queda brusca, procure explicar o porquê de cada queda e se ela foi em linha com a queda de fundos similares. Caso você não encontre motivos para a queda ou se esta tenha sido muito acima das quedas de fundos similares, é um mau sinal. Isso indica que o fundo possui riscos que você não está sabendo identificar, como, por exemplo e inclusive, a discricionariedade do gestor.

6) ANALISE MÉTRICAS DE RISCO E PERFORMANCE (RENTABILIDADE AJUSTADA A RISCO)

Faça a mesma análise do item anterior para a volatilidade e para drawdowns do fundo, bem como para métricas de performance tais como o índice Sharpe (ou melhor, use o índice Campani, uma evolução que desenvolvi deste mais famoso índice). Utilize as mesmas janelas temporais prescritas acima. Compare com outros fundos similares e com o próprio benchmark do fundo.

7) ENTENDA SE HÁ ALGUM TIPO DE ILIQUIDEZ NA ENTRADA OU NA SAÍDA

Alguns investimentos possuem carências, ou seja, você só poderá retirar o seu dinheiro depois de algum tempo. Já carências na saída são mais usuais em fundos de investimento e isso significa que se você solicitar o resgate do seu investimento hoje, pode só receber o dinheiro em conta depois de um certo tempo. Fundos com saída D + 0 são os melhores porque permitem o dinheiro na sua conta no mesmo dia de solicitação. Mas fundos D + 30 ou mesmo D + 60 existem no mercado e só depositarão o dinheiro na sua conta 30 ou 60 dias (que podem ser úteis ou corridos) após sua solicitação. Quanto maior a liquidez do fundo (isto é, ausência de carências), mais pontos ele ganha para ser escolhido.

8) COMPARE A TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DO FUNDO COM OUTROS SIMILARES

Note que as análises 4 e 5 acima devem ser realizadas com base na cota líquida da taxa de administração (e demais despesas). Com isso, este item da análise se torna, de certa forma, secundário: afinal, se um determinado fundo cobra uma taxa mais alta e entrega ótima performance líquida histórica, vale a pena de todo jeito. Não obstante, não é fácil encontrar fundos tão melhores do que os outros e quando houver empate técnico, a preferência deverá se dar pelos de menor taxa de administração, pois esta acaba funcionando como um sobrepeso ao rendimento futuro do fundo.

9) DIVERSIFIQUE SEMPRE

Há muitos gestores extremamente competentes no mercado e você não precisa e nem deve escolher um único fundo de investimento. Escolha diferentes gestores, em diferentes mercados e expostos a diferentes fatores de risco, desde que você se sinta confortável com todos eles, claro. Diversificar ainda é uma excelente estratégia para proteger o seu patrimônio sem abrir mão de uma potencial subida do mercado, seja lá qual for este mercado (juros, dólar, bolsa etc.).

10) ACHTUNG BABY* – NÃO CAIA NESTA ARMADILHA: ESCOLHER INVESTIMENTOS PELO CRITÉRIO DA RENTABILIDADE DO PASSADO RECENTE É, POSSIVELMENTE, A MAIS PERIGOSA DAS ESTRATÉGIAS

“Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura”. Todo investidor, mesmo iniciante, já deve ter lido esta frase ao analisar investimentos. A afirmação é absolutamente verdadeira, mas infelizmente minha impressão é que causa pouco ou nenhum efeito. Infelizmente, nosso cérebro é constantemente treinado para correlacionar boas performances passadas com boas performances futuras. Fazer isso na escolha de investimentos não é de todo errado, muito pelo contrário, o problema é utilizar apenas a rentabilidade para medir performance. Em geral, o fundo que alcançou a mais alta rentabilidade dentre todos de sua classe no período passado estará fadado a receber rios de dinheiro para o próximo período. É muito comum observarmos isso de fato no mercado.

Para muitos investidores principiantes (e outros nem tão iniciantes assim), a rentabilidade passada acaba por ser o indicador mais relevante para a tomada de decisão de investimento. Confesso que já vi muitos investidores experientes usando esse indicador. Afinal, ele é tentador demais! Mas, como tudo altamente sedutor, é igualmente perigoso!

Percebam que não estou dizendo que o fundo de maior rentabilidade em sua classe é um fundo ruim ou mesmo mal gerido – aliás, muito longe disso. Estou apenas chamando a atenção de que o fundo que mais rendeu no período passado não necessariamente adotou uma estratégia alinhada ao seu perfil e pode esconder fatores de risco que você simplesmente não deseja para seus investimentos.

Quando existem muitos competidores em um mercado absolutamente competitivo, eficiente e equilibrado como o de fundos de investimento, ser o fundo com maior rentabilidade não é tarefa fácil e dependerá de diversos fatores de risco e da forma como o fundo lida com eles. Se o objetivo de curto prazo for este, a exposição a risco precisará ser muito alta. Permita-me dar aqui um belo exemplo ilustrativo e didático.

Suponha que você participe de uma competição na qual o objetivo é levar 50 ovos por uma ponte que balança muito. Estudos indicam que a chance de se conseguir chegar ao outro lado da ponte sem deixar os ovos caírem é cerca de 80%. Você pode decidir fazer várias viagens, levando qualquer número de ovos por vez, ou mesmo fazer apenas uma viagem com todos os 50 ovos. Se o objetivo do jogo for levar TODOS os ovos ao outro lado da ponte, qual seria a sua estratégia? Não tenha nenhuma dúvida: sua estratégia seria fazer apenas uma viagem com todos os ovos e ter 80% de chances de ganhar. Se você fizer em duas viagens, a probabilidade de nenhum ovo se perder passa a ser 80% ao quadrado, ou seja, 64%. Se fizer em 3 viagens, 80% ao cubo (51,2%), e por aí em diante. Entretanto, se o objetivo é chegar ao outro lado com ovos para comer (e não necessariamente com todos os ovos), você vai fazer mais viagens para não arriscar todos os ovos em uma única viagem. Em resumo, a chance de se chegar com 50 ovos ao outro lado é maximizada com uma única viagem, mas ao mesmo tempo essa estratégia maximiza a chance de se perder todos os 50 ovos. Em outras palavras, a melhor chance de você ser aquele que consegue transportar mais ovos para o outro lado é a estratégia que assume o maior risco de não ter nenhum ovo do outro lado!

O que eu quero dizer com tudo isso é que o retorno passado não deve jamais ser analisado sob perspectiva única, pois pode esconder uma estratégia de risco muito diferente (e superior) daquela que você deseja para seus investimentos. Assim como os fatores de risco no passado recente podem ter sorrido para determinado fundo, eles podem virar a cara no futuro e você se lascar.

Reafirmo, para deixar muito claro: então estou dizendo que ser o fundo com maior rentabilidade no período passado é algo ruim? Não, claro que não. Mas também não quer dizer que foi um fundo bom, por mais paradoxal que isso possa parecer! Esta informação, por si só, não é suficiente para tomar a decisão se investirei ou não naquele fundo. Se o gestor fez tudo certo, controlou a exposição a risco de acordo com o que se espera daquele fundo e foi o de mais alta rentabilidade em sua classe, ele está de parabéns e fez seu trabalho excepcionalmente. Mas, eventualmente, um fundo pode figurar nas cabeças como o mais rentável devido a alguma posição de altíssimo risco que deu certo, mas que no próximo período pode dar bastante errado. Esta é a mensagem!

* Quem reconheceu esta expressão como o título de um dos maiores álbuns da história do rock? Quem aí gosta? Comente! E acompanhe todo o meu trabalho no Instagram, no LinkedIn e no Youtube - @carlosheitorcampani.

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* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Certificado pelo CNPI e Pesquisador da ENS – Escola de Negócios e Seguros. Além disso, ele é Diretor Acadêmico da iluminus – Academia de Finanças e Sócio-Fundador da CHC Treinamento e Consultoria. Campani pode ser encontrado em www.carlosheitorcampani.com e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na quinta-feira.

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