Você, que tem dinheiro parado na conta ou acabou de receber recursos e quer investir em CDBs (Certificado de Depósito Bancário), eu trouxe tudo o que você precisa saber para investir bem o seu dinheiro.
Primeiro, é importante reforçar que, ao investir em CDBs, você está emprestando dinheiro para um banco.
É importante ressaltar também que o banco é uma empresa que opera alavancada. Ou seja, ele empresta mais dinheiro do que ele tem em disponibilidade. Por conta disso, se todo mundo decidir sacar o dinheiro que tem no banco, a instituição não conseguiria honrar seus compromissos.
O que analisar?
A coisa mais importante a saber quando se investe em CDBs é ter a consciência de que o banco tem que ser seguro, com baixa alavancagem, retorno consistente e inadimplência controlada. Além disso, é preciso fazer uma boa análise de crédito.
Ah, mas e o Fundo Garantidor de Créditos (FGC)?
O FGC é uma seguradora privada que trabalha como uma seguradora de carros. A seguradora terá em caixa aproximadamente o percentual da taxa de sinistro. Se 10 por cento dos clientes batem com o carro, ela vai deixar cerca de 10 por cento do que ela garante em caixa. Caso a taxa de sinistralidade suba para 20 por cento por algum motivo, a seguradora quebra.
O FGC tem cerca de 2,3 por cento do que ele garante em disponibilidade. Se a taxa de sinistralidade ficar abaixo disso, ele garante tranquilamente. Caso suba acima disso, com uma crise no sistema financeiro, por exemplo, ele não teria como garantir. Por isso é importante a análise de crédito.
Tipos de CDB e como escolher
Feito isso, passamos a analisar que tipo de CDBs queremos fazer: pós-fixados, prefixados ou indexados à inflação. Essa decisão é tomada com base no cenário macroeconômico.
Se você acredita que as taxas de juros podem subir mais do que o mercado espera, os pós-fixados são os mais indicados.
Se você acredita que as taxas de juros podem ser menores do que o mercado espera, os prefixados são mais indicados.
E se você acredita que as taxas serão menores, mas a inflação será maior, o mais indicado são os indexados à inflação.
Tomadas essas decisões, é hora de ir para a corretora ver o que temos disponível, dentro daqueles emissores e indexadores que queremos.
Nem toda corretora é boa de opções de CDBs. Tem corretoras boas em oferecer CDBs de bancos menos conhecidos com taxas maiores, como a XP (BVMF:XPBR31). Tem corretora que é boa em oferecer CDBs de bancos seguros com taxas competitivas, como o BTG (BVMF:BPAC11). E tem bancos que são bons em oferecer títulos isentos (como LCI e LCA), além de títulos com liquidez diária, como Daycoval.
Não existe uma corretora que é boa em tudo. Por isso, eu costumo ter conta em mais de uma. Muitas vezes as oportunidades variam ao longo do tempo. Em um certo mês, você encontra mais oportunidades em uma e depois em outra. Então, apesar de dar um certo trabalho a mais, eu prefiro ter conta em mais de uma corretora.
Outro detalhe importante é que o mercado bancário funciona das 10h às 15h. Não adianta querer comprar seu CDB às oito da noite. Não terá nenhuma boa oportunidade.
Mercado secundário
Algumas corretoras oferecem também o “mercado secundário” de CDBs. Ele não é de fato um mercado secundário com títulos padronizados, mas a corretora “compra” CDBs de clientes que não aguentaram levar o título até o vencimento e “vende” para clientes interessados naqueles títulos.
Para tornar essa operação interessante para o novo comprador, a corretora cobra uma taxa do vendedor.
Por exemplo, digamos que você comprou um CDB de 3 anos a 120 por cento do CDI. Mas, depois de 1 ano, você precisa de liquidez e quer vender o título.
A corretora vai comprar esse título de você como se ele tivesse rendido apenas 110 por cento do CDI, pagando um valor menor por ele. Por outro lado, ela vai repassar essa taxa a mais para o novo comprador, que vai render 130 por cento do CDI a partir de agora.
O novo comprador vai ficar muito feliz, pois conseguiu um retorno bem acima do que o mercado estava oferecendo para aquele título, e o vendedor ficará feliz pois teve sua liquidez.
É importante notar que esse mercado secundário de CDBs ocorre às 10 horas da manhã. A XP é a maior em mercado secundário, entretanto, em torno de 10h30, as oportunidades já acabaram. Então, se quiser aproveitar, fique atento aos horários.
Rentabilidade
Outro ponto importante aparece na hora de comparar a melhor taxa de CDBs com as taxas oferecidas em LCIs e LCAs.
Uma regra de bolso, que não vai dar o valor exato, mas vai dar um bom valor estimado, é multiplicar a taxa do CDB por 1 menos a alíquota de IR.
Por exemplo:
Um CDB de 2 anos com uma taxa de 12% é igual a uma LCI de 10,20%.
12% * (1 – 15%) = 10,20%
Uma LCI com taxa de 9,5%, de 2 anos, é igual a um CDB a 11,17%.
9,5% / (1 – 15%) = 11,17%
Um CDB a 105% do CDI de 1 ano é igual a uma LCA de 86,62%.
105% * ( 1 – 17,5%) = 86,62%
Uma LCA a 94% do CDI de 6 meses é igual a um CDB de 117,5%
94% / (1 – 20%) = 117,5%
Para converter títulos IPCA+ em prefixados, você terá que estimar um valor para a inflação do período.
Por exemplo:
Um CDB IPCA + 6% para 2 anos, com uma inflação de 6%, daria um prefixado de 12,36%:
(1,06*1,06) -1 = 12,36%
Passando esses 12,36% para uma LCA, teríamos 10,50%
12,36% * ( 1 – 15%) = 10,50%
Depois, é só retirar novamente o IPCA estimado:
(1,105/1,06) -1 = 4,25%
Ou seja, um CDB IPCA + 6% para 2 anos é equivalente a aproximadamente uma LCA a IPCA + 4,25%.
Uma ótima quinta-feira e bons investimentos!