O mercado de ações está cada vez mais acessível para o público de uma forma geral. Somos mais de 2,5 milhões de investidores (de acordo com dados recentes da B3) e como eu já falei aqui neste espaço anteriormente, vivemos uma transformação importante. Diversos produtos financeiros vêm batendo recordes de captação e nunca no Brasil se falou tanto em investir. Ou seja, a cultura do brasileiro com o dinheiro está mudando, mesmo que aos poucos.
A grande questão é que o mercado financeiro se trata de um universo a parte e entender os processos de investimentos é fundamental para o sucesso no longo prazo.
Neste sentido é comum ver pessoas que começaram a comprar ações recentemente terem dúvidas sobre como selecionar o melhor ativo para compor a carteira. É sobre isso que vamos falar hoje.
Em primeiro lugar vale destacar que a bolsa de valores deve ser vista como algo para o longo prazo. E para isso, é preciso olhar para empresas e não apenas para as ações, tomando como exemplo o conceito de Value Investing.
Ele consiste na ideia de comprar algo com um preço menor do que o valor real. Para identificar essas “pechinchas” é necessário analisar alguns números importantes que constam nos balanços e DRE’s de todas as companhias listadas.
Na semana passada falei sobre três indicadores importantes (DY, Endividamento e Payout) para quem quer receber dividendos. Eles também podem fazer parte da sua análise, mas é preciso ir além.
Olhar o ROE (return on equity) é fundamental para checar a lucratividade do negócio, ou seja, ele ajuda a medir a qualidade dos investimentos com foco na geração de lucro.
Outra informação importante diz respeito ao múltiplo Preço/Lucro, que é uma maneira de comparar ações e revelar preços relativos, ou seja, ele nos diz se o papel está caro ou barato. Existem outras formas de fazer esta análise, mas o P/L é o mais usual.
Estes são apenas alguns números utilizados pelos analistas para te guiar, porém é preciso esforço e dedicação. Isto porque é fundamental que o investidor comece a compreender a estrutura e qualidade de gestão de um negócio, algo que nem sempre é possível identificar somente por meio dos números.
Para ilustrar o que eu quero dizer, podemos tomar o exemplo do gestor americano Warren Buffet. Uma das premissas seguidas por ele é a escolha de empresas inseridas em setores de fácil compreensão. Tal posicionamento é bastante conhecido pelo mercado, pois à época do “boom” das “pontocom”, ele ficou de fora e não viu a sua carteira sofrer com a forte desvalorização ocorrida em meados dos anos 2000.
Além disso, alguns indicadores apontados por mim podem não servir para todos os tipos de negócios. Neste sentido é importante se aprofundar e até mesmo contar com a ajuda de um profissional para que o seu patrimônio seja preservado e possa crescer ao longo do tempo.