O ser humano é um animal social.
O caminho que o homo sapiens teve que percorrer até se tornar a espécie dominante no planeta terra fez com que diversas características tivessem que se tornar inerentes aos seres humanos.
Fomos moldados ao longo dos milhares de anos que estamos na terra, onde aqueles que melhor se adaptavam ao meio eram selecionados e podiam propagar seus genes, enquanto os menos aptos não tinham o mesmo privilégio.
O mundo que vivemos hoje é completamente diferente daquele que o homo sapiens foi moldado. Características que antes ajudavam o ser humano a vencer na natureza, atualmente podem ser maléficas para o sucesso.
No mundo moderno estamos sujeitos a irracionalidades que são aceitas em larga escala pela pessoas. Por esse motivo, algumas atitudes acabam sendo vistas como positivas, ou até como a única abordagem possível para alguns problemas, quando na verdade não se justificam.
A propensão que possuímos de nos comparar a outros indivíduos, e julgar a qualidade de nossos próprios resultados em função dos outros, é algo que no final das contas pode prejudicar a evolução individual.
Nas redes sociais, por exemplo, vemos inúmeras pessoas divulgando imagens de “vidas perfeitas”, onde parecem felizes e esteticamente aprováveis o tempo todo.
Quando comparamos nós mesmos com essas “realidades”, podemos nos sentir menos felizes com nossas próprias vidas, não porque de fato são insatisfatórias, mas porque o patamar aceitável foi elevado. Vemos hoje em dia um aumento nos casos de depressão em virtude de redes sociais.
O fato é que as pessoas são diferentes, e alcançam seus objetivos em velocidades diferentes. A vida não é uma corrida para ser mais feliz que os outros, o objetivo é ser feliz consigo mesmo. Qualquer coisa que minimize o seu próprio progresso não merece a sua atenção.
Analisar nossas evoluções de maneira relativa é tenebroso para o mundo dos investimentos. Para explicar esse conceito, irei dividir os indivíduos que compõe o mercado acionário em dois grupos: os que analisam suas performances de maneira relativa e os que analisam de maneira absoluta.
A maior parte dos investidores institucionais e muitos investidores individuais adotam uma orientação de performance relativa.
Eles investem com o objetivo de superar outras pessoas, o mercado, ou ambos, e aparentemente são indiferentes se o resultado de forma absoluta for de ganho ou de perda.
Uma boa performance relativa, especialmente no curto prazo, normalmente é buscada copiando o que os outros estão fazendo ou tentando adivinhar o que os outros vão fazer.
Investidores de valor, em contraste, tem suas performances orientadas de maneira absoluta. Eles estão interessados apenas nos retornos relacionados à seus objetivos e premissas individuais, e não como eles são comparados ao mercado ou a outros investidores.
Boas performances absolutas são obtidas comprando ações subprecificadas com relação ao seu valor intrínseco, e vendendo ações quando seu valor for refletido no preço.
Investidores orientados pela performance absoluta normalmente tem uma abordagem de longo prazo, diferentemente daqueles orientados pela performance relativa.
Uma pessoa com orientação relativa geralmente não quer ou não consegue tolerar longos períodos de performance inferior a de outros, e portanto ela investe em qualquer coisa seja popular no momento.
Em contrapartida, um investidor com orientação absoluta busca ativos que se encontram desfavorecidos pela grande maioria das pessoas, pois são esses que tem maior chance de serem mal precificados com relação à sua capacidade de geração de dinheiro no longo prazo.
Esses ativos não tem previsão para refletir seu valor em seu preço, e podem passar por longos períodos de volatilidade.
A “montanha russa” no preço da ação não influencia a vida de um investidor consciente. Se ele comprou “1 real por 70 centavos”, pouco importa se as pessoas estarão dispostas a vender esse mesmo 1 real por 50 centavos. Ele continua sendo 1 real.
No curto prazo os preços são regidos pela oferta e procura dos indivíduos que compram e vendem ações por uma infinidade de motivos. No longo prazo, o preço reflete o valor intrínseco. Como disse Benjamin Graham:
“No curto prazo o mercado é uma máquina de votos, no longo prazo ele é uma balança.”
Moral da história: tenha pensamento independente.
Opinião pública não é sinônimo de verdade. No curto prazo, é a opinião imprevisível do público que dita o preço das ações.
A regra de um investidor de valor não é seguir o consenso. O que paga é exatamente o contrário, você só encontra ativos subvalorizados quando a maioria não enxerga o valor. A volatilidade é sua amiga, não inimiga.
Nas palavras do extremamente racional e lendário investidor Charlie Munger:
“Se as pessoas não estivessem erradas com tanta frequência, nós não seríamos tão ricos”.