A tecnologia é o motor da transformação global, principalmente dentro do mercado financeiro. Inovações como blockchain, inteligência artificial (IA) e a digitalização dos serviços de forma geral se intensificaram nos últimos anos e estão revolucionando a maneira como o setor opera, inclusive no que diz respeito às transações internacionais. É por essa razão que precisamos recapitular as ideias e mudanças relacionadas ao roteiro do G20 sobre pagamentos transfronteiriços.
O documento foi apresentado em 2020, estabelecendo um conjunto de regras para serem implementadas neste âmbito ao redor do mundo até 2027. Basicamente, o seu objetivo central é otimizar as transações internacionais.
Isso significa permitir que as operações sejam mais eficientes e práticas, sem perder a segurança e a acessibilidade. Assim, seria possível criar um ecossistema financeiro mais inclusivo e propício ao avanço econômico.
Padronizando uma abordagem centrada no usuário
As metas do roteiro do G20 são altamente convergentes com algumas que temos visto nos planos de negócios de fintechs: a descomplexificação de operações por meio da padronização de processos.
Em um âmbito global, hoje, cada região adota suas próprias normas e sistemas sobre os pagamentos transfronteiriços, tornando as atividades menos eficientes e até mais arriscadas para empresas, indivíduos e nações. Desde brechas regulatórias até a falta de opções para determinadas demandas, essas transações sofrem devido à burocracia e pouca transparência, que não só impedem o crescimento do setor, como também aumentam a probabilidade de fraudes e lavagem de dinheiro.
Com as visões do roteiro do G20 e dos agentes que atuam em prol da inovação tecnológica no mercado financeiro, isso tende a mudar por conta do foco em oferecer melhores experiências aos usuários. Ou seja, há um movimento em comum de adotar soluções adaptadas a necessidades específicas, sem perder a conexão com padrões internacionais.
Um dos principais exemplos é a busca por uma comunicação que simplifique e proteja os dados em circulação. Atualmente, a falta de interoperabilidade entre sistemas financeiros dificulta as trocas e o processamento de informações, complicando, expondo e encarecendo as operações.
No entanto, com a tecnologia e os esforços da Cúpula do grupo seria possível implementar protocolos de mensagens unificados, integrados e automatizados, facilitando o entendimento e a compatibilidade entre instituições de diferentes países. Isso não apenas acelera as transações, mas também permite a redução de erros e fraudes por meio de processos mais transparentes e rastreáveis.
Outro exemplo que vale ser citado é a implementação de mecanismos de fiscalização e supervisão mais robustos. Uma padronização global exige que reguladores estejam equipados para monitorar e avaliar as atividades com eficiência, o que é totalmente facilitado por ferramentas de IA e análise de dados, que podem ser aplicadas para identificar comportamentos suspeitos e anomalias em tempo real, além de permitir o compartilhamento de boas práticas.
Próximos passos
Em meio a essa transformação digital e o deadline de 2027 do G20, não há dúvidas que as transformações buscadas para os pagamentos transfronteiriços pedirão por uma colaboração ainda maior entre governos, instituições financeiras, empresas de tecnologia e até usuários, que precisarão continuar se adaptando à nova realidade do segmento. O desafio agora é alinhar interesses e adaptar processos, convergindo as tendências digitais do mercado aos objetivos econômicos globais.
Dessa forma, o roteiro do G20 tem o potencial de servir quase como um guia para impulsionar a inovação tecnológica contínua na área financeira, vislumbrando um futuro mais conectado e menos fragmentado. Essa é uma perspectiva que beneficia não apenas os grandes players, mas toda a cadeia econômica que precisa realizar algum tipo de transação internacional.
Ao mesmo tempo, a adoção de políticas econômicas responsáveis, tanto no Brasil quanto em outros países, será decisiva para evitar crises cambiais e garantir a estabilidade dos mercados. Com medidas coordenadas e investimentos estratégicos, os pagamentos internacionais podem se tornar mais acessíveis, eficientes e alinhados às necessidades de uma economia global em constante evolução.
As ideias são sólidas. Se todos os responsáveis seguirem com esse foco e colocarem esses conceitos em prática, com certeza podemos projetar uma mudança significativa e bem-vinda sobre o tópico em questão.