Recentemente, a notícia sobre a testagem positiva para Covid-19 de Donald Trump fez as bolsas globais caírem. A incerteza aumenta diante desse novo fato, e incerteza é sinônimo de risco para o mercado financeiro.
Porém, mesmo antes desse episódio, já vimos o mercado demonstrando certa preferência por Trump nessa corrida presidencial. Mas por quê?
Para responder essa pergunta, devemos compreender melhor as principais propostas de Biden que podem impactar a economia:
1) Ampliação do Obamacare;
2) Maior protecionismo para indústria americana;
3) Aumento do salário mínimo;
4) Elevação dos impostos para empresas.
Como podemos ver, essas propostas são fortemente impopulares para o mercado. A ampliação do Obamacare aumentaria os gastos governamentais.
Um aumento do protecionismo americano (já praticado por Trump) poderia acabar prejudicando o livre comércio entre países.
O aumento do salário mínimo acabaria impactando negativamente as empresas, que poderiam acabar dispensando mais funcionários que o normal, aumentando o desemprego nos EUA.
E por fim, a elevação dos impostos corporativos é uma medida extremamente contrária à de Trump, que com sua politica de redução de impostos, chegou a garantir pleno emprego nos EUA.
Por mais que o mercado adote uma postura keynesiana na maior parte do tempo, elevar salário mínimo sem devido crescimento econômico e aumentar a carga tributária desagradam até mesmo investidores mais progressistas. Mas por quê?
Conceitos da microeconomia chamados elasticidade e excedentes explicam isso de maneira simples: Quanto maior o preço de determinado bem ou serviço elástico, menor a sua demanda. Em outras palavras, quanto maior o imposto, maior o preço. Quanto maior o preço, menor o consumo.
Como sabemos, a economia funciona de forma totalmente interligada. Com a queda no consumo (ainda mais em um momento como esse), maior seria o nível de desemprego.
Caso a empresa não repassasse o aumento dos custos para o consumidor, quem iria pagar por isso seria a própria companhia. Dessa forma, com um lucro menor (ou possível prejuízo), as empresas acabariam reduzindo outros custos (pessoal). Com isso, o nível de desemprego aumentaria da mesma forma.
Portanto, talvez o mercado não prefira, necessariamente, Donald Trump. Porém, medidas e propostas contrárias ao que o mercado compreende como corretas ao longo da História sempre irão criar resistências.
Artigo escrito por Daniel Biot, Especialista em Investimentos (ANBIMA) e membro do Comitê de Investimentos da RioPretoPrev.