Nas últimas semanas, o tema “Inteligência Artificial” tomou conta do noticiário e, por que não, da vida das pessoas. Se você é um heavy user da internet, aposto que em algum momento abriu o ChatGPT e fez perguntas, das mais óbvias às mais inusitadas. Porém, o avanço desse tipo de tecnologia tem sido muito rápido e isso tem gerado dúvidas entre as pessoas. No mercado financeiro brasileiro, por exemplo, o que já se sabe e se utiliza dessa inovação?
Ainda que o tema seja relativamente novo, já existem assets que têm se destacado pelo uso deste tipo de solução por aqui. Em outras palavras, essas empresas têm usado a inteligência artificial para “peneirar os melhores ativos escondidos no mercado” para, desta forma, obterem melhores resultados. É a chamada estratégia quantitativa.
Neste ponto, é importante ressaltar que o uso da tecnologia é complementar ao processo de análise feito por seres humanos. Não seria temerário afirmar, por exemplo, que 99% do trabalho ainda é feito por pessoas.
Isto porque antes de uma estratégia se tornar pública para os investidores, são realizadas pesquisas e testes pela equipe de gestão a fim de comprovar aquela tese. Só depois de concluído este trabalho é que o robô entra em atividade para executar as operações.
Os benefícios, sem dúvidas, são uma assertividade maior nos investimentos e agilidade no processo.
Embora o uso da ferramenta traga uma discussão sobre a capacidade de destruir empregos, até o momento, o que temos visto é um bom e sempre disponível assistente. As gestoras brasileiras já enxergaram que esse uso pode ser benéfico e, mais recentemente, companhias de outros segmentos começaram a utilizar este tipo de ferramenta.
Uma pesquisa da IBM (NYSE:IBM) revelou que os seres humanos geraram mais informações nos últimos 18 meses do que em toda a história combinada, o que é algo inimaginável.
Obviamente, esta quantidade de dados é praticamente impossível de ser processada sem a ajuda das máquinas, o que reforça o seu papel complementar.
Imagine um gestor que ainda se baseia em métodos antigos de análise. Ao não contar com a ajuda tecnológica, ele estará tentando descobrir a cor da praia observando apenas um grão de areia.
Por outro lado, o processo de gestão ainda é e será bastante artesanal uma vez que não basta simplesmente uma plataforma cruzar os dados para dar direcionamentos. É preciso que os seres humanos tragam olhares diferentes a fim de tornar visível algo que ninguém está vendo.
Em outras palavras, a ferramenta ajuda, mas as pessoas ainda estão no centro.
Do lado do investidor, claro, abrem-se oportunidades. Seja por meio de ganhos de produtividade das companhias nas quais investe ou através dos fundos quantitativos descritos acima, é possível surfar nesta nova fase.
Além disso, empresas de assessorias de investimentos e mesmo bancos também têm utilizado a IA para ajudar no atendimento aos clientes e, claro, para a criação de estratégias e processos mais eficientes.
Historicamente, o surgimento de tecnologias sempre causou grandes movimentações nos mercados. Em minha opinião, desta vez não deve ser diferente, embora talvez ainda seja muito cedo para entender os seus efeitos na economia.
Trata-se de uma realidade relativamente nova e muita coisa ainda pode acontecer. Ainda que algumas gestoras brasileiras estejam de certa forma “testadas” no assunto, a cautela nunca é inimiga do bom senso.
Portanto, adotar a estratégia quantitativa deve sim estar no horizonte dos investidores, mas, com a devida diversificação, algo que eu sempre comento neste espaço.
Os robôs são capazes de analisar uma quantidade enorme de dados em um curto espaço de tempo e podem ser decisivos para a tomada de decisão em relação aos investimentos. Contudo, o elemento humano ainda é necessário por sua capacidade de compreender nuances e sentimentos que, em tese, passam despercebidos por uma tecnologia “fria”.
A vida ainda será transformada pelo uso da IA, porém, na hora de decidir onde alocar os seus recursos, pedir ajuda da tecnologia é bom, mas saber o que está fazendo é melhor ainda.
Bons negócios!