Talvez ainda seja cedo para fazer prognósticos sobre como a instabilidade política deve afetar a economia brasileira no futuro, mas o cenário é preocupante. O dólar chegou a bater a marca de R$5,96 recentemente e o Ibovespa teve uma recuperação de 10% em abril . Porém, a volatilidade deve permanecer ainda por muito tempo caso o governo federal não encontre um ponto de equilíbrio com os demais poderes para combater o coronavírus, algo que parece cada vez mais distante da nossa realidade neste momento.
De acordo com o estudo Mapa de Risco Político 2019, elaborado pela Fitch em parceria com a Marsh, o Brasil apresenta um nível de instabilidade política alto. A consultoria pesquisou cerca de 200 países e verificou questões relacionadas à estabilidade para governar e capacidade de implementação de políticas públicas. Todos aqueles com notas inferiores a 60 apresentavam algum problema relacionado à governabilidade. A pontuação do nosso país foi de 56.
Vale ressaltar que o estudo foi elaborado com base em indicadores do último ano, ou seja, não leva em consideração questões como o coronavírus, o pedido de demissão de Sérgio Moro (e as graves denúncias contra o Presidente da República) e a troca do Ministro da Saúde.
Quando o ambiente de incertezas impera, o investidor estrangeiro fica desconfiado. As decisões de alocação de recursos são complexas e os gestores levam o clima político em consideração em suas decisões. Se eles não estiverem seguros, buscam outros lugares e o efeito disso já é conhecido por boa parte do mercado financeiro.
Mas, como isso tudo pode afetar os seus investimentos e como você pode se proteger?
Na prática, a fuga de dólares do país deprecia o real (uma das divisas que mais sofreram nesta crise até agora) em relação ao restante do mundo. Além disso, este movimento também estressa a bolsa de valores, pois uma parte dos investidores opta por se proteger comprando este tipo de ativo em momentos de volatilidade.
Algo parecido acontece com os títulos públicos por conta da baixa taxa de juros. O Brasil é conhecido por retornos que historicamente giravam acima da casa de 10%. Quando isso começa a mudar, as rentabilidades desses papéis começam a não compensar o risco e mais capital estrangeiro sai do país.
Se você tem estômago ou já está acostumado com a dinâmica das ações, pensar em empresas com receita em moeda americana pode ser uma saída interessante. Elas têm apresentado excelentes resultados e algumas já recuperaram seus preços de mercado antes do pico da crise. Isso pode te ajudar a equilibrar a sua carteira diante das volatilidades.
Por outro lado, muitas pessoas falam em investir em dólar, seja através de contratos ou fundos cambiais, mas a questão é: a moeda americana no portfólio precisa ser entendida como um ativo de proteção ao patrimônio e não como uma estratégia de rentabilidade.
Além disso, com as incertezas geradas não apenas pela pandemia, mas pela esfera política também, vale olhar para ativos internacionais, como já citei aqui em outra coluna.
É importante ressaltar que a investidora e o investidor brasileiro precisará, cada vez mais, de um portfólio sofisticado. Este texto traz apenas algumas ideias para dar um norte para quem deseja conquistar a liberdade financeira. Pensar apenas na renda fixa para se proteger não é mais uma solução viável. É preciso estudar e avaliar todas as opções adequadas para o cenário e para o seu perfil.