Definitivamente o ano de 2023 não tem sido dos mais fáceis. A crença de que o pós-pandemia seria cercado por boas notícias e avanços econômicos caiu por terra. Março está próximo do fim e o balanço atualmente é de crises envolvendo grandes bancos lá fora e de companhias privadas brasileiras, especialmente no varejo, com dificuldades para honrar suas dívidas.
Nos Estados Unidos, o colapso do Silicon Valley Bank, 16º maior credor do país, gerou uma intervenção no Signature Bank de Nova York. Porém, mais do que isso, a falência da instituição foi a segunda maior da história norte-americana, atrás apenas da quebra do Washington Mutual, em 2008.
A empresa reportou cerca de US$212 bilhões em ativos e US$175 bilhões em depósitos no quarto trimestre de 2022, sendo uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento do mercado de tecnologia desde os anos 1980, quando foi criada.
Na Europa, o Credit Suisse (SIX:CSGN), uma das maiores e mais prestigiadas instituições financeiras do mundo, também tem enfrentado problemas. Durante a semana, o Banco afirmou ter encontrado “fraquezas” em seus relatórios financeiros e terá que recorrer a empréstimos expressivos com a ajuda da autoridade monetária suíça a fim de sanar o problema.
A boa notícia é que as autoridades dos EUA e da Suíça agiram prontamente com o objetivo de não deixar a crise se alastrar pelo mundo e provocar uma corrida de retiradas bancárias.
Contudo, Larry Fink, fundador da maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock (NYSE:BLK), afirmou durante a semana que existe a possibilidade de vermos uma crise lenta que pode arrastar uma infinidade de pequenos bancos para a falência, algo que ocorreu em meados dos anos 1980 nos EUA.
Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa, mas esses fatos recentes, sem dúvidas, colocam uma boa dose de incerteza nos mercados pelo mundo. No acumulado de 30 dias, por exemplo, o índice Euro Stoxx 50, composto pelas 50 maiores empresas da zona do Euro, acumula queda de quase 4%.
Obviamente, a crise de crédito não é o único fator por trás desta performance, mas ajuda a explicar a volatilidade recente nas bolsas globais ao lado de políticas monetárias mais duras.
No Brasil, como eu já trouxe em outros artigos, o caso Americanas foi o mais expressivo e ainda tem gerado ruídos com um final de história ainda distante.
Depois da varejista, outras empresas também reportaram problemas, como é o caso da Marisa (BVMF:AMAR3), que tenta reorganizar suas dívidas, a Livraria Cultura, que, apesar da suspensão da falência pela Justiça, segue em situação extremamente delicada, e outras até mais expressivas.
Lá fora, alguns analistas do mercado acreditam que o ritmo de aceleração dos juros pelo Fed deve diminuir por conta, especialmente, da crise envolvendo o SVB.
Por aqui, alguns gestores enxergam um espaço para a redução da Selic até o final de 2023, mas, com os novos fatores postos sobre a mesa, somado à incerteza fiscal, o cenário se tornou ainda mais complexo.
Enquanto os ruídos permanecerem, tanto aqui quanto em outros países, é certo que teremos volatilidade no mercado e uma boa dose de cautela por parte dos investidores nunca é demais.
Já falamos anteriormente sobre a diversificação e até sobre pulverização de carteira como ferramenta de mitigação de riscos. É possível organizar um portfólio equilibrado com o uso de estratégias para o Brasil e fora dele. Existem vários caminhos e certamente um deles servirá para você, caro leitor ou leitora.
O que não podemos deixar de fazer é se proteger. Sabemos que os problemas vão acontecer. Só não sabemos de onde eles virão. Pense nisso!