O Ibovespa repercute o movimento forte em torno das “velhas personagens”, “blue chips” ligadas às commodities que tem preços aquecidos, instituições tradicionais do mercado financeiro e, agora, algumas ligadas à saúde e sem as mesmas emite sinais de relativo esgotamento quando observado contexto mais amplo, havendo muitos figurantes e poucos protagonistas, com perda de impulsão dos papéis de varejo que foram fortemente beneficiados pelos programas sociais do governo, agora finalizados, fato que recrudesce o consumo.
O fluxo de recursos externos sinaliza, em “grande parte”, direcionamento carimbado para este conjunto pouco mutante ao longo do tempo, já que as nossas “blue chips” que tem pouca dependência do “status quo” da economia local e repercutem mais a economia global e suas demandas, sistema financeiro é setor de lucro certo e a novidade são empresas do ramo de saúde, impulsionadas em grande parte pela pandemia do coronavírus.
É preciso observar, pois como não há elevada diversificação, a trajetória para valorização mais intensa poderá ficar vulnerável em algum momento, já que as perspectivas para a retomada da atividade econômica brasileira parecem ofuscadas pela já expressiva recidiva da pandemia do coronavírus no Brasil, que segundo sentimento dominante poderá se agravar mais na segunda quinzena deste mês, face aos abusos da população na virada do ano.
O país já está em estado de atenção com o retorno de dados de infecções e mortes desalentador, embora ainda haja um bom contingente da população que trata do assunto com menor importância, mas que já está perceptível na influência negativa que exerce nos esforços de retomada da atividade econômica.
Sabidamente, a resistência a uma queda maior do PIB no ano passado ocorreu face ao intenso fluxo de recursos, algo em torno de R$ 250,0 Bi, injetados às populações carentes pelos programas assistenciais do governo, que, contudo, por exaustão de recursos do governo foram encerrados no último mês de dezembro.
Inquestionavelmente, este fato terá impacto no consumo, com ênfase ao varejo e depois para a cadeia produtiva, mas ainda é prematuro se estabelecer o quanto, o que somente será possível nos próximos meses.
Os fluidos positivos que emanam do Ibovespa influenciam as percepções genéricas, naturalmente, sem a acuidade da avaliação mais detida do todo.
No horizonte há expectativa que o novo governo americano de Biden programe novo e grandioso plano de apoio financeiro para a retomada da atividade econômica, decepcionada com o último “payroll”, e suporte financeiro à população carente.
Este fato poderia intensificar a liquidez do mercado global.
O dólar está sob pressão no nosso mercado, em especial, por ser o “refugio” defensivo dos riscos fiscais que se acentuam continuamente, a partir do mercado futuro, diretamente com demanda da moeda ou com a utilização de derivativos, pois o mercado financeiro percebe que há maior probabilidade que se acentuem a tendência dos gastos com a criatividade para novos programas assistenciais incrementando o risco de rompimento do teto orçamentário, prevalecendo sobre o efetivo pouco empenho em torno do dinamismo absolutamente necessário para que ocorra avanços consistentes nas reformas estruturais fundamentais.
Contudo, há em concomitância também sinais, agora, de fortalecimento do dólar ante seus pares desenvolvidos e emergentes. Este é um ponto que precisa de melhores sinais sobre a tendência, visto que muitos acreditam que Biden adotará política expansionista e que isto requererá dólar mais forte, o que, numa primeira leitura, seria contraditório aos interesses americanos no comércio exterior.
É notória, também, a forte contribuição da manutenção do juro em patamar bem abaixo da inflação no Brasil, que com o dólar sob pressão deverá acentuar a sua propulsão ficando muito longe do conceito de temporária e impactando, forte e preferencialmente, nos preços dos alimentos, commodities, integrantes da cesta básica.
O juro futuro continua repercutindo as preocupações com o risco fiscal se tornar incontrolável, até pela eventual ação populista do governo gastar recursos que não dispõe efetivamente, já com foco nas eleições de 2022.
Enfim, o imbróglio Brasil que deve acentuar as perturbações em torno da pandemia do coronavírus, com iniciativas pouco assertivas na condução do alinhamento da vacinação, e que poderão provocar retrocesso na retomada da atividade econômica, afora um cenário político acirrado pela disputa das sucessões no Congresso, sugere que a predominância das incertezas e a insegurança continuem prevalecendo.
O BC precisa atuar no mercado de câmbio suprindo-o com oferta de swaps cambiais novos e ofertando dólares à vista, que não nos parece o caso, sempre que necessário, e, na próxima reunião do COPOM deveria elevar a taxa SELIC para evitar maior aviltamento da taxa cambial, com esta dicotomia.
Há absoluta necessidade de sensatez na observância dos fatos em torno do Brasil.