Investidores e autoridades públicas aguardam os números de inflação nos EUA nesta semana. Mas o centro das atenções está voltado ao petróleo, que testa as máximas dos últimos meses, devido a uma combinação de fatores, como a proibição europeia à oferta da Rússia, a retirada de restrições contra a Covid na China, o forte crescimento do mercado de trabalho nos EUA e a elevação dos preços de venda da Arábia Saudita.
Os dados do índice de preços ao consumidor (IPC) para maio, previstos para sexta-feira, devem fornecer sinais de consolidação, após seu crescimento de 8,3% nos últimos 12 meses até abril.
Essa foi a primeira vez em que o IPC registrou alívio desde agosto, quando teve um crescimento anual de 5,3%. Alguns analistas esperam que os dados de maio sejam um pouco mais brandos, com um avanço anual de 8,2%.
Mas, antes mesmo dos dados, as preocupações com a disparada da inflação ganharam vigor novamente, com o barril de petróleo cruzando a marca de US$ 120, nível alcançado pela última vez no início de março, após a invasão na Ucrânia desencadear uma série de sanções do Ocidente contra o petróleo russo e fazer com que o IPC atingisse as máximas de 40 anos.
Nas negociações desta segunda-feira, na Ásia, o barril de Brent, que serve de referência mundial para o petróleo, registrava alta de US$ 0,72, ou 0,6%, a US$ 120,44, no mercado futuro. Mais cedo, sua cotação já havia alcançado a máxima de US$ 121,85. No acumulado do ano, o Brent sobe 52%.
Já o barril de West Texas Intermediate (WTI), que serve de referência nos EUA, subia US$ 0,66, ou 0,6%, a US$ 119,53, após um pico intradiário de US$ 121. O WTI acumula alta de 57% até agora no ano.
A Arábia Saudita elevou o preço oficial de venda do seu petróleo Arab Light na Ásia, com um prêmio de US$ 6,50 sobre a média dos referenciais de Omã e Dubai, segundo a petroleira estatal Aramco (TADAWUL:2222), no domingo.
Esse valor é o mais alto desde maio, quando os preços atingiram as máximas históricas, devido a preocupações com os transtornos à oferta da Rússia decorrentes das sanções à sua invasão na Ucrânia.
A elevação de preço ocorreu apesar da decisão da Opep+ de elevar sua produção em julho e agosto em 648.000 barris por dia, ou 50% mais do que o plano anterior.
Na sexta-feira, o Iraque afirmou que pretende elevar sua produção para 4,58 milhões de barris por dia em julho.
Os produtores petrolíferos estão “se aproveitando da situação”, declarou Avtar Sandu, gerente de commodities da Phillip Futures, em Cingapura, em comentários feitos à Reuters.
Sandu acrescentou que a demanda gerada pelas viagens automotivas de verão e o resiliente mercado de trabalho nos Estados Unidos, juntamente com a flexibilização dos bloqueios sanitários na China, estão contribuindo para o movimento de alta do petróleo.
O único elemento baixista no petróleo, se é que pode ser considerado assim, foi a notícia de que a italiana Eni (BIT:ENI) e a espanhola Repsol (BME:REP) poderiam começar a vender o petróleo venezuelano na Europa já no próximo mês para compensar a saída do petróleo russo.
As remessas retomariam as trocas de petróleo por dívida, interrompidas há dois anos, quando Washington intensificou as sanções à Venezuela.
No entanto, tudo indica que o volume que as empresas receberão não será grande, segundo fontes ouvidas pela Reuters.
“O fato é que o Brent e o WTI estão se aproximando das máximas tocadas após a invasão na Ucrânia, desconsiderando os dias das hostilidades iniciais”, declarou Jeffrey Halley, diretor de pesquisa para Ásia-Pacífico da plataforma online negociações OANDA, em e-mail enviado ao Investing.com.
Halley disse ainda:
“O retorno da produção da Venezuela e da Líbia para a Europa e a América do Norte, se ocorrer, não será suficiente para forçar a queda dos preços no curto prazo. As margens de refino em todo o mundo sugerem que a demanda por gasolina e diesel continua alta, o que está respaldando os preços”.
O petróleo entrou em seu sétimo mês de valorização, ao registrar seis semanas de fechamentos positivos, buscando US$ 130 como alvo, disse o analista técnico Sunil Kumar Dixit.
“A ação altista dos preços na semana que se encerrou reforça ainda mais o movimento de ascensão, que deve retestar os níveis de US$ 123, US$ 124,50 e US$ 127 antes de US$ 130 se houver um suporte adequado do volume”.
Os dados dos indicadores Estocástico, Índice de Força Relativa e Médias Móveis também confirmavam a sustentação do movimento de alta, acrescentou.
“Nesta semana, o suporte está em US$ 115. Mas uma fraqueza abaixo de US$ 111 poderia frear o rali e abrir espaço para uma correção para US$ 100 ou até mais baixo".
Ouro atinge ponto de inflexão
O contrato futuro do ouro para junho continuava consolidado na segunda-feira, em torno da região de US$ 1850, com os analistas prevendo uma correção nos próximos dias, devido à expectativa de elevação de juros pelo Federal Reserve em 15 de junho.
O ouro para junho registrava alta de US$ 6,55, ou 0,4%, a US$ 1.856,75. Na sexta-feira, o metal se desvalorizou US$ 21,20, ou 1,1%, e, durante toda a semana, teve queda de 0,4%.
O analista técnico Dixit ressaltou que o ouro futuro estava em um ponto de inflexão e poderia atingir US$ 1800 ou até mesmo US$ 1900.
“Nossa expectativa é que os preços continuem voláteis. Uma consolidação acima de US$ 1850 pode ajudar o ouro a retestar US$ 1874, abrindo espaço para uma extensão do movimento até US$ 1893 e US$ 1903.”
Por outro lado, caso perca o nível de US$ 1,850, o ouro para junho pode corrigir para US$ 1835 e 1828, alertou. “Nesse ponto, atrairá vendedores em busca de US$ 1815 e 1800.”
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para dar diversidade às suas análises de mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.