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Commodities nesta Semana: Promessas para o Comércio e Petróleo são Realmente Boas?

Publicado 03.12.2018, 06:17
Atualizado 02.09.2020, 03:05
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Promessas e mais promessas: o G20 se reuniu no sábado com a presença do presidente dos EUA, Donald Trump, e do líder da China, Xi Jinping, que concordaram em firmar, em uma data posterior, um pacto comercial entre EUA e China que instantaneamente livraria Pequim de mais tarifas de Washington, enquanto a Arábia Saudita e a Rússia concordaram com a necessidade de cortes de produção de petróleo. Esses dois eventos, ao que tudo indica, parecem ser positivos para as commodities.

Mas, indo além das aparências, muitas questões podem surgir.

É seguro dizer que os EUA vão subir as tarifas sobre as importações chinesas daqui a três meses se Pequim não abrir seus mercados como prometido? Trump com certeza ameaça aumentar a atual taxa de 10% sobre as tarifas chinesas para 25% “se o esforço de negociação falhar nos próximos 90 dias”.

E será mesmo que a China vai comprar “uma quantidade bastante considerável de produtos agrícolas, energéticos, industriais, entre outros, dos Estados Unidos para reduzir o desequilíbrio comercial”, como anunciou a Casa Branca após a conversa ocorrida durante o jantar às margens do G20 pelos presidentes Trump e Xi? Essa é uma pergunta extremamente relevante, uma vez que a China, em seu próprio anúncio, não menciona quaisquer produtos específicos, agenda ou quantidades de dólares nos chamados compromissos citados pelos Estados Unidos (abaixo está a comparação entre as declarações dos EUA e da China).

Tabela 1. Declarações dos EUA e China após jantar no G20

China (link para informe à imprensa)

EUA (link para declaração oficial)

Tarifas

Ambos os lados concordam em interromper a imposição de novas tarifas, ou seja, as tarifas sobre USD 200 bilhões de mercadorias chinesas não serão elevadas de 10% para 25% no dia 1 de janeiro de 2019.

Trump concorda em deixar inalterada a tarifa de 10% sobre USD 200 bilhões de produtos chineses e não a elevará para 25% em 1 de janeiro de 2019. Mas se o esforço de negociação falhar nos próximos 90 dias, as tarifas de 10% serão elevadas para 25%.

Importações

A China está disposta a importar mais mercadorias dos EUA com base nas necessidades da sua população e a solucionar gradativamente o desequilíbrio comercial.

A China concorda em adquirir futuramente uma quantidade ainda não definida, mas bastante substancial, de produtos agrícolas, energéticos, industriais, entre outros, dos EUA, a fim de reduzir o desequilíbrio comercial.

Outros

Ambos os países concordam em abrir seus mercados domésticos. Eles vão acelerar as negociações para retirar todas as tarifas que foram impostas. Ambos os países podem realizar visitas mútuas oportunamente.

Os presidentes Xi e Trump concordaram em iniciar imediatamente negociações sobre mudanças estruturais relacionadas a transferência forçada de tecnologia, proteção de propriedade intelectual, barreiras não tarifárias, invasões e roubos cibernéticos, serviços e agricultura, cuja previsão de conclusão é nos próximos 90 dias.

Prazo

Não mencionado

Nos próximos 90 dias

Fonte: CNTV, Xinhua, Casa Branca, ANZ Reserach.

Xi fará o que Trump espera?

Em uma análise publicada no periódico Politico neste fim de semana, Scott Kennedy, especialista em China no Center for Strategic and International Studies, observa que o presidente chinês poderia contribuir muito menos para um acordo comercial do que Trump espera. Segundo Kennedy:

“A julgar pelo histórico de Xi, simplesmente vamos ver mais do mesmo e nenhuma mudança substancial."

Analistas dizem que a melhor troca de favores que poderia ser assumida pela China é o país se tornar novamente o principal destino internacional da soja norte-americana, posição que foi brevemente prejudicada pela imposição de tarifas regulatórias de Pequim sobre produtos agrícolas norte-americanos no início deste ano.

Mesmo assim pode haver alta na soja

Expectativas de maiores compras chinesas certamente podem ajudar os preços da soja a subir bastante. Os futuros de soja na Bolsa Mercantil de Chicago se recuperaram recentemente diante da especulação de que um resultado positivo para as conversas entre Trump e Xi abrirá os portões do país para importações da commodity dos EUA.

Soja gráfico de 300 minutos

A soja na CME registrou seu maior ganho em quatro meses em novembro – um pouco abaixo de 5% – apesar da queda de 7% no ano.

Analistas técnicos no Investing.com já classificaram o contrato de soja com vencimento em janeiro na CME, que fechou o pregão de sexta-feira a US$ 8,94 por bushel, como “Forte Compra”, sem incluir como fator a possibilidade de maior demanda chinesa. Com base no padrão técnico de Woodie, a possível resistência mais alta para o contrato está em US$ 9,06 por bushel, o que representa um ganho de 12 centavos por bushel ou 1,3% a partir dos níveis atuais.

Mohammed bin Salman e Putin fazem sua parte pelo petróleo

E o que dizer do petróleo? Também ocorreu no G20 uma reunião reservada entre o príncipe saudita Mohammed bin Salman e o presidente russo Vladimir Putin, considera tão importante para o petróleo quanto as discussões de Trump e Xi foram para o comércio.

De acordo com a agência de notícias oficial da Arábia Saudita, os dois líderes discutiram o rebalanceamento do mercado mundial de petróleo. Putin declarou mais tarde a repórteres que a Rússia chegou a “um acordo para prolongar nosso consenso” com a Arábia Saudita. Decodificando seus anúncios, o significado é o mesmo: Moscou apoiará Riad em sua tentativa de anunciar cortes de produção quando a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) se reunir nos dias 6 e 7 de dezembro.

Depois de atingirem suas máximas em quatro anos exatamente há um mês, tanto o petróleo West Texas Intermediate, dos EUA, quanto o Brent, do Reino Unido, perderam quase um terço do seu valor devido a temores de excesso de oferta. Dos dois, o WTI é o que está em situação mais delicada, ao atingir as mínimas de 13 meses abaixo de US$ 50 por barril na sexta-feira.

Embora a Rússia não seja membro da Opep, por ser a terceira maior produtora mundial de petróleo – em primeiro lugar estão os Estados Unidos e, em segundo, a Arábia Saudita –, Moscou se tornou um player disposto a contribuir com o chamado rebalanceamento de mercado desde 2016 pelo cartel de 15 membros. Foi graças à cooperação entre Rússia e Arábia Saudita que o WTI se recuperou das mínimas de quase US$ 25 por barril em 2016, durante mais um excesso de oferta gerado pelo petróleo de shale nos EUA. Os Estados Unidos não possuem uma empresa petrolífera nacional e não colaboram com a Opep.

Repique do petróleo não durará muito tempo sem cortes significativos

Neste ano, os russos se mostraram reticentes a dar seu apoio imediato a Riad para um corte, apesar de Putin ter demonstrado um comportamento amigável para com o príncipe MbS no G20. No entanto, líderes mundiais deixaram de lado o jovem líder árabe por sua alegada participação no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, que era um dos seus críticos mais vorazes. Mesmo assim, Putin disse a jornalistas que “não havia um acordo final sobre os volumes” a serem cortados.

Notícias na imprensa na última sexta-feira davam conta de que a Opep estava trabalhando em um corte de 1,3 milhão de barris por dia (bpd), a partir da produção de outubro de 32,9 milhões bpd.

Petróleo WTI gráfico semanal

O WTI fechou o pregão de sexta-feira cotado a US$ 50,93 por barril. A perspectiva técnica diária do Investing.com recomenda “Forte Venda”, com o nível 3 de suporte de Woodie em US$ 47,73 — voltando aos níveis de setembro de 2017. O Brent era negociado a US$ 58,25 antes do fim de semana e também recebia recomendação de “Forte Venda”. O nível 3 de suporte para o mercado de petróleo no Reino Unido está em US$ 55,20 — mínima que remonta a outubro de 2017.

Sem cortes substanciais, pode ser difícil sustentar um rali em qualquer um deles, declarou Dominick Chirichella, diretor de risco no Instituto de Gestão Energética de Nova York:

“A menos que a Opep e seus parceiros não membros reduzam a produção em pelo menos 1 milhão de barris por dia na reunião de 6 de dezembro, o mercado não dará muita importância à cúpula e poderá jogar os preços ainda mais para baixo.”

Enquanto isso, a província canadense de Alberta pode ter feito um favor aos sauditas antes da reunião da Opep ao anunciar, no domingo, que cortaria sua produção petrolífera em 325.000 bpd a partir de janeiro, a fim de tentar reverter a histórica queda de preços que fez com que o petróleo canadense fosse negociado a valores ainda menores do que os do WTI.

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