Publicado originalmente em inglês em 26/04/2021
Como se não bastassem as reuniões da Opep+ e do Federal Reserve (Fed) nesta semana, ainda teremos os planos do presidente Joseph Biden para taxar os super-ricos, dados do PIB trimestral dos EUA – com expectativa de crescimento de 6,9% no 1º tri –, além dos números de sentimento dos consumidores em abril.
Em outras palavras, é a semana do “ou vai, ou racha”. Em Wall Street, cinco nomes emblemáticos da tecnologia – Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34), Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34), Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), Microsoft (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34) e Google (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34) – devem divulgar excelentes resultados em mais um trimestre marcado por restrições da pandemia e impulso na navegação pela internet, compras online e entretenimento em casa.
Geralmente, quando uma reunião da Opep está para acontecer, os investidores de energia prestam pouca atenção a outros fatos. Da mesma forma, os investidores de metais ficarão com os olhos vidrados na decisão mensal de juros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) e, sobretudo, na coletiva de imprensa posterior do presidente do banco central americano, Jerome Powell.
Desta vez, no entanto, em razão de um dilúvio de distrações – com as rotineiras estatísticas semanais de seguro-desemprego na quinta-feira atuando como outro ponto de atenção antes do relatório de empregos de abril previsto para 7 de maio –, podemos esperar ao menos algumas idiossincrasias.
E nada poderia ser mais desestabilizador do que o discurso de Biden na sessão conjunta do Congresso na quarta-feira à noite, em que deve revelar os primeiros detalhes do seu plano de elevar a tributação sobre os americanos mais endinheirados.
De acordo com o New York Times e a Bloomberg, Biden pretende elevar o imposto de renda federal sobre ganhos de capital para 43,4% sobre os indivíduos mais ricos, fazendo com que as taxas estaduais e federais combinadas de locais como Nova York e Califórnia fiquem bem acima de 50%.
O presidente prevê atingir 0,3% da população americana com essa medida para financiar cerca de US$ 1 trilhão em assistência infantil, educação universal pré-jardim de infância e licença remunerada para trabalhadores. Mas precisará vencer um grande obstáculo político no Congresso para tanto.
“Superquarta” pela frente
Enquanto aguardamos as palavras de Biden nesta quarta-feira, teremos que lidar com o Fed e a Opep+ mais cedo no dia, razão pela qual tem sido chamado de “Superquarta”.
Quanto à Opep+, não se espera nada de material na reunião de 28 de abril, de acordo com vice-primeiro-ministro russo Alexander Novak.
A Opep+, grupo formado pelos 13 membros originais da Opep, liderados pela Arábia Saudita, e outros 10 aliados sob os auspícios da Rússia, decidiu, em 1 de abril, aumentar a produção em 350.000 barris por dia (bpd) em maio e junho e em mais de 400.000 bpd em julho.
Além disso, a Arábia Saudita flexibilizará seu corte unilateral de 1 milhão de bpd no mesmo período, começando com aumentos de 250.000 bpd em maio e junho.
Reunião da Opep “só deve analisar” a situação
Novak afirmou que a reunião de quarta-feira deve ser para “analisar a situação do mercado mais uma vez", antes do início das cotas de maio-julho.
A autoridade russa afirmou:
“Traçamos nossos planos há um mês e, se nada fora da normalidade acontecer, a reunião da próxima semana confirmará esses planos ou fará alguns ajustes.”
O problema é que muita coisa já aconteceu, principalmente na Índia e no Japão em termos de Covid.
As mortes na Índia estão sendo subestimadas em uma terrível crise de Covid que mostra ser muito maior do que a carnificina enfrentada pela Itália em 2020. O Japão está enfrentando um estado de emergência há apenas três meses das Olimpíadas de Tóquio.
“A valorização do petróleo deve continuar restrita até que a Índia e o Japão, na condição de terceiro e quarto maiores consumidores do produto, consigam vencer a batalha contra o vírus”, declarou Sophie Griffiths, diretora de pesquisa da corretora OANDA para Reino Unido e EMEA.
A única notícia positiva sobre a Covid foi uma matéria do New York Times, no domingo, de que turistas americanos totalmente vacinados poderiam visitar a União Europeia no verão.
Tanto o barril de West Texas Intermediate, negociado em Nova York, quanto o de Brent, negociado em Londres, abriram a sessão desta segunda-feira na Ásia em queda, após se desvalorizarem cerca de 1% na semana passada.
Novak, falando antes da reunião da Opep+ na quarta-feira, descreveu a oferta de petróleo como "equilibrada" e disse que, se ocorrer algum déficit, o cartel não veria problemas em produzir mais.
À guisa de contexto, os preços do petróleo atingiram a inédita cotação negativa de US$ -40 por barril em abril de 2020, no auge da destruição de demanda provocada pela Covid. Os cortes de produção da Opep+ desde então ajudaram o mercado a se recuperar forte, principalmente após o desenvolvimento das vacinas em novembro.
Investidores do petróleo precisam ficam de olho no Irã
Mas a Opep+ também tem problemas além da Covid-19.
Em Viena, o Irã está avançando com os Estados Unidos nas tratativas para um acordo nuclear que pode libertá-lo das sanções da era Trump e permitir que volte a exportar petróleo. Se for alcançado um acordo preliminar até maio, Teerã pode injetar novamente até 2 milhões de barris a mais no mercado nos próximos meses.
Se isso acontecer, é seguro presumir que a Opep+ extraia menos óleo.
No mercado de metais preciosos, o ouro encerrou a semana passada em queda após ter ficado bem perto do nível de US$ 1.800 por onça, essencial para que voltasse a testar as máximas do ano passado.
Foi uma decepção e tanto para os investidores do ouro que contavam com um avanço mais significativo após a máxima de nove semanas a 1.796,15 tocada na sexta-feira. A última vez em que o ouro negociado na Comex ficou acima de US$ 1.800 foi em 25 de abril.
Ouro pode fazer novo teste de US$ 1.800
No pregão desta segunda-feira na Ásia, o contrato futuro do ouro abriu em alta. Mas com a reunião do Fed pesando sobre os mercados, analistas disseram que os preços do metal amarelo provavelmente flutuariam até que o evento mensal do banco central dos EUA e a coletiva de imprensa de Powell saíssem do caminho.
“A baixa demanda por ativos de proteção está restringindo o rali no ouro”, afirmou Ed Moya, analista da OANDA em Nova York.
“Os preços do ouro provavelmente se consolidarão entre US$ 1760 e 1800 até a reunião do Fed.”
Powell, em uma entrevista à Reuters na terça-feira, declarou que o banco central americano limitará qualquer extrapolação da sua meta de inflação.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.