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Commodities nesta Semana: Opep e Irã Agitam Petróleo; Ouro Refém de Yields

Publicado 05.04.2021, 09:01
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Publicado originalmente em inglês em 05/04/2021

O início das tratativas nucleares que podem remover as sanções americanas sobre o petróleo iraniano sem dúvida terá algum impacto negativo nos preços do petróleo nesta semana.

Mas essa não será a única razão para mais uma possível rodada de forte volatilidade nos mercados de energia.

Não, o petróleo nesta semana provavelmente apresentará o clássico reflexo das operações de “comprar no boato e vender no fato”.

Petróleo Semanal

Na quinta-feira, o barril de petróleo West Texas Intermediate saltou quase 4%, enquanto o britânico Brent subiu 2%, com os investidores comprando a narrativa da Opep+ de que haverá demanda suficiente no verão do Hemisfério Norte para a aliança elevar a produção.

Depois de um ano de cortes de produção, os 23 membros da Opep+ – formada por 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo liderados pela Arábia Saudita e 10 outros países produtores sob os auspícios da Rússia –, extrairão mais 350.000 barris por dia em maio e junho, além de 400.000 diários em julho.

Apesar do rali de preços na quinta, o otimismo do mercado com os números de produção divulgados pela Opep+ diminuiu com a retomada das negociações na segunda-feira, após o feriado de Sexta Feira Santa.

No pregão desta segunda, durante a madrugada, o petróleo americano registrava queda de 72 centavos, ou 1,2%, a US$ 60,72, em comparação com a máxima da semana passada de US$ 62,27. Seu rival britânico caía 80 centavos, ou 1,2%, a US$ 64,04 em relação ao pico da semana passada de US$ 65,46.

Disparada da Covid na Europa e Índia agita o petróleo

Os preços do petróleo recuaram devido à disseminação da cepa britânica da Covid-19 pela Europa. A Polônia registrou um aumento de 60% nos casos em relação ao mesmo período do ano passado, e a Índia também teve recorde de mais de 100.000 infecções diárias. A Europa é uma das regiões mais consumidoras de petróleo no mundo, enquanto a Índia é o terceiro país que mais compra o produto.

As preocupações com a nova onda de Covid-19 nesses centros podem forçar a cobertura de posições compradas, juntamente com o aumento do volume de vendas a descoberto. Isso pode gerar a “venda” dos “boatos de demanda” que fizeram o mercado subir na semana passada.

Enquanto a decisão da Opep+ de elevar a produção foi vista como prudente na quinta-feira, já na segunda era vista com lentes diferentes, devido ao agravamento da pandemia fora dos EUA, afirmou Jeffrey Halley, codiretor de análise de mercado para Ásia-Pacífico da corretora OANDA.

Enquanto isso, representantes da China, Rússia, França, Alemanha e Reino Unido devem se reunir nesta semana com o Irã em Viena. O mais estranho é que nenhum oficial dos EUA estará presente nas reuniões por insistência do Irã, embora as discussões sejam para restaurar o acordo nuclear de 2015 com as potências mundiais, inclusive os Estados Unidos, e remover as sanções ao seu petróleo, aplicadas pelo ex-presidente americano Donald Trump.

Os negociadores acreditam que podem fechar um acordo em dois meses para evitar que o país persa avance na construção de uma bomba nuclear. Mas as tratativas também podem atrasar.

A relação apartada entre Irã e EUA já era complicada antes de Teerã exigir que todas as sanções fossem retiradas para que interrompesse o avanço do seu programa nuclear. A Casa Branca, agora sob o presidente Joseph Biden, quer o exato oposto antes de selar qualquer acordo.

Henry Rome, analista da Eurasia, afirmou que, além de um acordo que pode levar três meses para ser firmado, “somente a aderência às cláusulas nucleares pode levar igual período” para ser verificada por todas as partes envolvidas, antes do levantamento das sanções.

Segundo Rome, a volta legítima do Irã ao mercado petrolífero e sua plena produção devem ocorrer no início de 2022.

Irã representa mais de um problema aos investidores do petróleo

O problema para os investidores, entretanto, é que esse não é o cenário completo referente ao Irã. As sanções são apenas um impedimento oficial de o país exportar seu petróleo.

Na realidade, Teerã vem violando as proibições desde o governo Trump, a vender petróleo para a China furtivamente. Desde que Biden assumiu a presidência em janeiro, parece não se preocupar muito em aplicar as políticas do seu antecessor.

A remoção das sanções permitirá que o Irã continue abastecendo o mercado com seu petróleo, além dos volumes da própria Opep+, que devem entrar no mercado a partir de maio. Isso tem gerado receio por parte dos investidores.

A empresa de pesquisa de energia Kpler estimou que, somente no mês passado, o Irã exportou 478.000 barris por dia (bpd) em média para a China, devendo crescer para 1 milhão em maio. Alguns analistas acreditam que, assim que as sanções forem levantadas, em poucos meses o Irã conseguirá atingir o pico de produção de quase 4 mbpd, em comparação com os atuais 2 mbpd, em uma estimativa mais conservadora.

Jeffrey Halley disse em conclusão:

“A decisão da Opep+, talvez estimulada pelo aumento da produção iraniana direcionada para a China, indica que já podemos ter visto o melhor momento do rali do petróleo pelos próximos meses”.

Mesmo assim, os preços do petróleo podem saltar se os operadores revisitarem temas fortes da semana passada, como o bom relatório de empregos nos EUA em março, quando houve a criação de 916.000 postos de trabalho ante a estimativa de 660.000. O plano de alívio de US$ 2 trilhões do presidente Biden, na esteira do seu programa de estímulo de US$ 1,9 trilhão contra a Covid-19, pode ser outro ponto positivo.

Isso pode trazer de volta a volatilidade para o mercado, após as oscilações das últimas duas semanas, em que o WTI e o Brent chegaram a cair 7% em um dia e recuperaram praticamente tudo no pregão seguinte.

Ouro pode tentar alcançar novamente US$ 1750

No lado do ouro, o metal amarelo deve continuar sofrendo pressão intermitente na tentativa de romper a faixa de preços de 1730 e superar 1750, abrindo caminho para um retorno a US$ 1800.

Ouro Semanal

O retorno do Índice Dólar ao nível altista de 93 e a alta do rendimento da nota de 10 anos do Tesouro americano até as máximas de 1,7% exercerão maior pressão sobre o ouro, principalmente após os excelentes números do mercado de trabalho nos EUA.

Também devem impactar o ouro as reuniões de primavera do FMI, a divulgação da ata da reunião de março do Federal Reserve, além da ata da última reunião do Banco Central Europeu.

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

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