O recuo do dólar e dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano fizeram os preços do petróleo registrar novas máximas na abertura desta semana, com o ouro seguindo o movimento, em meio às menores preocupações com a crise da dívida da gigante imobiliária chinesa Evergrande (HK:3333) (OTC:EGRNY).
A valorização geral das commodities ainda depende, entretanto, do que o Fed e o Tesouro americano dirão ou não sobre os planos de redução de estímulos, inflação e teto da dívida nos EUA nas próximas 24 horas.
Isso porque o presidente do banco central americano, Jerome Powell, e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, estarão presentes no Capitólio, na terça-feira, a fim de realizar seu depoimento periódico perante o Comitê Bancário do Senado.
Em sua coletiva de imprensa, na semana passada, após a reunião de política monetária do Fed, Powell sugeriu que um prazo apropriado para concluir o programa de compras de ativos do banco central americano seria em meados de 2022, o qual já dura 18 meses e já gastou US$2,2 trilhões.
O chamado “gráfico de pontos” do Fed também previa uma alta de juros a qualquer momento a partir do próximo ano, já que as taxas encontram-se suprimidas em quase zero desde o surgimento da Covid.
O depoimento de Powell no Senado, entretanto, forçará o reexame dessas metas, dependendo de como os especialistas, que tentam ler nas entrelinhas da política do banco central, irão interpretá-lo.
“Seria apropriado classificar o depoimento como ‘a terça do tapering’?”, afirmou o economista Eamonn Sheridan, ao se referir à retirada de estímulos em uma publicação no ForexLive.
Quanto a Yellen, sua dor de cabeça continua sendo o consentimento do congresso com um novo teto para a dívida dos EUA antes do prazo de 30 de setembro que pode fechar o governo do país e colocá-lo no caminho de uma devastadora moratória da dívida.
Os preços do petróleo subiram pelo quinto dia consecutivo na segunda-feira, em meio ao que se convencionou chamar de “restrição de oferta” ocasionada por um furacão que já dura um mês nos EUA, gerando uma excessiva compra de petróleo e gás natural no mercado futuro.
Na sessão asiática de negociações desta segunda-feira, o barril de West Texas Intermediate, negociado em Nova York e que serve de referência nos EUA, subia US$1,07, ou 1,5%, a US$75,05 em Cingapura. Essa valorização ocorre após o WTI subir 2,8% na semana passada.
Já o barril de Brent, negociado em Londres e que serve de referência mundial para o petróleo, ganhava US$1,02, ou 1,3%, a US$78,25. Na semana passada, o Brent se valorizou 3,7%.
Ambas as referências do petróleo subiram mais de 50% no ano, negociadas nas máximas de outubro de 2018.
O gás natural, enquanto isso, subia 3,6% a US$5,385 por mmBtu, valor mais alto desde fevereiro de 2014. O gás disparou mais de 100% até agora no ano.
O que ajudou no rali das commodities, inclusive do ouro, que se valorizou 0,4% para mais de US$1758 por onça, foi a queda de 0,8% no rendimento da nota de 10 anos dos Tesouro Americano e de 0,1% no Índice Dólar, a 93,23.
Jeffrey Halley, diretor de pesquisa sobre Ásia-Pacífico da plataforma de negociação online OANDA, disse que a redução das preocupações com o contágio da crise da Evergrande acabou atraindo mais compradores ao mercado.
Halley explicou:
“Os mercados estão nervosos com as restrições de oferta, principalmente na Ásia, que importa a maior parte das suas necessidades energéticas”.
“Só isso é capaz de atrair uma fila de novos compradores em caso de correções. Apesar de os índices de força relativa estarem perto dos níveis sobrecomprados em ambos os mercados, o índice do medo e a equação de demanda física indicavam que o nível de US$80,00 para o Brent ocorrerá cedo ou tarde”.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.