por Barani Krishnan
Operadores e investidores de energia estarão cautelosamente observando esta semana para ver quão abaixo de US$ 70 o barril o petróleo pode cair e se ele se recupera, um fenômeno provável depois da mais acentuada queda de preço em um dia durante um período de dois anos na semana passada, e as perdas continuam até agora em julho.
Na frente mais ampla das commodities, o agravamento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China irá potencialmente voltar ao centro das atenções, pressionando os preços da maioria dos recursos naturais. O Bloomberg Commodities Index, uma medida de 26 matérias-primas, perdeu 2,7 por cento durante a semana, a maior queda desde fevereiro. A soja foi a mais atingida, caindo 6,5% e chegando à mínima de quase uma década, já que os impostos da China sobre os suprimentos dos EUA entraram em vigor.
Mesmo assim, algumas commodities podem se recuperar com a melhoria dos fundamentos. O café arábica, por exemplo, pode em breve surpreender ursos de café que interpretam mal as colheitas do Brasil, dizem os veteranos que começaram a acumular futuros de datas mais longas para o grão.
WTI Vulnerável
O petróleo dos EUA, atrelado ao contrato West Texas Intermediate (WTI) na Bolsa Mercantil de Nova York, subiu 1% e fechou em US$ 71,01 por barril, na sexta-feira. O Brent, indicador de petróleo global do Mar do Norte e baseado no Reino Unido que é negociado na Intercontinental Exhcange, fechou em alta de 0,6%, cotado a US$ 74,92 por barril na sexta-feira.
Apesar do aumento no dia, ambas as referências de petróleo perderam quase 4% na semana. Eles também estiveram no negativo por uma segunda semana consecutiva, já que os sinais contraditórios de oferta reduziram as expectativas dos investidores em relação à escassez global de oferta de petróleo. Os dois também iniciaram esta semana de negociação movendo-se para baixo.
Dados que mostram os estoques de petróleo bruto dos EUA tiveram redução de 12,633 milhões de barris na semana encerrada em 6 de julho foram ofuscados pelo plano da Líbia de reabrir quatro terminais de exportação de petróleo, o que poderia trazer até 0,7 milhão de barris por dia o mercado. A consideração da Casa Branca sobre aliviar sanções para alguns compradores do petróleo iraniano - além do prazo previamente determinado em novembro - também levou à noção de que a falta de fornecimento de Teerã pode não ser tão severa, afinal de contas.
Isso, e a crescente produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o poderoso cartel de petróleo que elevou os preços no ano passado cortando a produção, criou uma tempestade perfeita para os preços do petróleo na semana passada. O Brent despencou quase 7 por cento só na quarta-feira, a maior queda de um dia em dois anos.
Esta semana, o WTI parece particularmente vulnerável, pois retornou, até o momento, ao nível de US$ 60. Um ano atrás, o WTI era negociado abaixo de US$ 50 nessa época, antes de ter aumento de 50% devido aos cortes de produção da OPEP.
"Os preços altos fixam preços altos", escreveu Scott Shelton, analista de energia para a ICAP em Durham, Carolina do Norte, em sua nota pré-fim de semana sobre o petróleo bruto norte-americano. “O WTI, por muito tempo, foi o barril mais barato e agora não é. Este mercado é impulsionado pelo fluxo, não por diferenciais, margens ou estoques”, acrescentou Shelton, referindo-se ao dinheiro especulativo.
Consciente de que mais ursos de petróleo podem aparecer depois disso, o presidente da Opep, Suhail al-Mazrouei, advertiu na semana passada que a volatilidade no mercado de petróleo bruto era indesejável e que o cartel preferia um ambiente de preços mais estável. Muitos lêem isso como um desejo de preços mais altos por mais tempo.
Alguns analistas com uma visão otimista em relação ao petróleo acreditam que o mercado estará em uma corrida louca, independentemente do que a Opep diga, embora os preços possam eventualmente resultar a favor do cartel. "Enquanto as próximas semanas serão loucas, nossa meta de início de ano acima de US$ 80 por barril permanece firme", disse Phil Flynn, do Price Futures Group, em sua análise na sexta-feira.
"O mercado global de petróleo pode mudar de um excedente de oferta global para um déficit de oferta global em um piscar de olhos", disse Flynn, que normalmente tem posições longas em relação ao petróleo. "O equilíbrio entre a produção diária e a demanda global é muito pequeno para ser ignorado e eventualmente exigirá preços mais altos do petróleo".
Aqueles que provaram o sangue vendendo WTI antes da queda de quarta-feira parecem determinados a cair matando abaixo de US$ 70. Isso pode acontecer nesta semana. "A demanda de verão pelo petróleo atingiu o pico e, sem problemas adicionais de fornecimento, não há razão para o WTI ser negociado acima de US$ 65", observou Phil Davis, fundador da PSW Investments, em Nova York.
Davis diz que "fez uma tonelada" vendendo petróleo dos Estados Unidos a US$ 70 o barril quando estava negociando acima de US$ 74 antes do feriado de 4 de julho. Sua aposta: o mercado havia superestimado o consumo de gasolina no pico do período de viagens de verão.
Anomalia do arábica
Da mesma forma, os preços do arábica, o grão de café preferido pelos principais varejistas, incluindo a Starbucks (NASDAQ:SBUX), caíram 12% no ano, por causa do “puro hype” de uma anomalia sazonal na produção brasileira que levou ao medo de um excesso, disse Davis. Para ressaltar sua afirmação, o grupo Cecafé, exportador de café do Brasil, disse na sexta-feira que as exportações de arábica da safra final de junho caíram 10%, para 26,16 milhões de sacas.
"Uma escassez de arábica logo está se aproximando e os preços do café subirão muito, muito mais", disse Davis, que começou a construir posições compradas nos futuros do comércio de grãos em julho de 2019, a US$ 1,2180 por libra, para explorar o diferencial preço de menos de US$ 1,10 por libra
Sofrimento máximo para metais
Quanto ao cobre, os gráficos indicam que o metal vermelho provavelmente cairá até chegar a US$ 5.800 por tonelada à medida que a guerra comercial EUA-China pese ainda mais em um mercado que já caiu para US$ 6.180 na semana passada em sua pior sequência semanal de perdas desde 2015. "Eu sei que parece um pouco draconiano, mas é aí que reside o sofrimento máximo", disse Andrew Cosgrove, da Bloomberg Intelligence.
Quanto ao ouro, o dólar parece continuar a ser um obstáculo significativo para o metal precioso nesta semana, continuando a tendência de baixa apesar da crescente aversão ao risco. Os contratos futuros de ouro com vencimento em agosto fecharam a semana em baixa de 0,39%, cotados a US$ 1.241,80 na divisão Comex da Bolsa Mercantil de Nova York. Durante a semana, os preços caíram 1%, a quarta perda semanal em cinco semanas.